Os dons do Espírito Santo levam à perfeição as virtudes daqueles que os recebem

Pomba Do Vitral Do Espírito Santo Construído Por Gian Lorenzo ...
Detalhe do vitral do Espírito Santo na Basílica de São Pedro (Reprodução da internet)

Na Solenidade de Pentecostes, a Igreja recorda a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos reunidos com Nossa Senhora no Cenáculo de Jerusalém.

Esta celebração encerra o tempo litúrgico da Páscoa, cinquenta dias após a solenidade da Ressurreição de Jesus.

Nessa celebração, também são invocados os dons do Espírito Santo. Na tradição católica, são destacados sete dons, número que simbolicamente significa plenitude, totalidade.

Esses dons são sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. “Em plenitude, pertencem a Cristo, Filho de Davi. Completam e levam à perfeição as virtudes daqueles que os recebem. Tornam os fiéis dóceis para obedecer prontamente às inspirações divinas”, explica o Catecismo da Igreja Católica (CIC 1831).

Em 2014, o Papa Francisco proferiu um ciclo de catequeses, nas audiências gerais das quartas-feiras, sobre os dons do Espírito Santo. Para introduzir o tema, o Pontífice recordou que o próprio Espírito é “o dom de Deus por excelência, um pressente de Deus e, por sua vez, transmite vários dons a quantos o acolhem”

O SÃO PAULO destaca, a seguir, os principais trechos dessas catequeses do Santo Padre sobre cada um dos dons do Espírito Santo.

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SABEDORIA

Não se trata simplesmente da sabedoria humana, que é fruto do conhecimento e da experiência… É a graça de poder ver tudo com os olhos de Deus… E obviamente ele deriva da intimidade com Deus, da relação íntima que temos com Deus, da nossa relação de filhos com o Pai. E quando mantemos esta relação, o Espírito Santo concede-nos o dom da sabedoria.

Assim, o Espírito Santo torna o cristão “sábio”. Mas isto não no sentido que ele tem uma resposta para cada coisa, que sabe tudo, mas no sentido que “sabe” de Deus, sabe como Deus age, distingue quando algo é de Deus e quando não o é; tem aquela sabedoria que Deus infunde nos nossos corações. O coração do homem sábio, neste sentido, tem o gosto e o sabor de Deus.

Leia a íntegra da catequese

ENTENDIMENTO

É uma graça que só o Espírito Santo pode infundir e que suscita no cristão a capacidade de ir além do aspecto externo da realidade e perscrutar as profundidades do pensamento de Deus e do seu desígnio de salvação.

Como sugere a própria palavra, a inteligência permite “intus legere”, ou seja, “ler dentro”: esta dádiva faz-nos compreender a realidade como o próprio Deus a entende, isto é, com a inteligência de Deus. Porque podemos compreender uma situação com a inteligência humana, com prudência, e isto é um bem.

Então, é claro que o dom do entendimento está intimamente ligado à fé. Quando o Espírito Santo habita o nosso coração e ilumina a nossa mente, faz-nos crescer dia após dia na compreensão daquilo que o Senhor disse e levou a cabo.

Leia a íntegra da catequese

CONSELHO

Por meio do Conselho é o próprio Deus, com o seu Espírito, que ilumina o nosso coração, fazendo com que compreendamos o modo justo de falar e de nos comportarmos, e o caminho que devemos seguir.

No momento em que o recebemos e o hospedamos no nosso coração, o Espírito Santo começa imediatamente a tornar-nos sensíveis à sua voz e a orientar os nossos pensamentos, sentimentos e intenções segundo o coração de Deus. Ao mesmo tempo, leva-nos cada vez mais a dirigir o olhar interior para Jesus, como modelo do nosso modo de agir e de nos relacionar com Deus Pai e com os irmãos. Portanto, o conselho é o dom com o qual o Espírito Santo torna a nossa consciência capaz de fazer uma escolha concreta em comunhão com Deus, segundo a lógica de Jesus e do seu Evangelho.

Leia a íntegra da catequese

FORTALEZA

Este dom da fortaleza é uma verdadeira ajuda, dá-nos força, liberta-nos também de tantos impedimentos. Há alguns momentos difíceis e situações extremas em que o dom da fortaleza se manifesta de forma extraordinária, exemplar. É o caso daqueles que devem enfrentar experiências particularmente difíceis e dolorosas, que transtornam a sua vida e a dos seus entes queridos.

A Igreja resplandece com o testemunho de muitos irmãos e irmãs que não hesitaram em oferecer a própria vida, para permanecer fiéis ao Senhor e ao Evangelho. Também hoje não faltam cristãos que em várias partes do mundo continuam a celebrar e a testemunhar a sua fé, com profunda convicção e serenidade, e resistem mesmo quando sabem que isso pode implicar um preço mais alto.

Leia a íntegra da catequese

Ícone bizantino de Pentecostes (Reprodução da internet)

CIÊNCIA

Não se limita ao conhecimento humano: trata-se de um dom especial, que nos leva a entender, através da criação, a grandeza e o amor de Deus e a sua profunda relação com cada criatura.

Quando são iluminados pelo Espírito, os nossos olhos abrem-se à contemplação de Deus, na beleza da natureza e na grandiosidade do cosmos, levando-nos a descobrir como tudo nos fala d’Ele e do seu amor. Tudo isto suscita em nós um grandioso enlevo e um profundo sentido de gratidão: tudo aquilo que temos e somos é um dom inestimável de Deus e um sinal do seu amor infinito por nós.

Leia a íntegra da catequese

PIEDADE

É necessário esclarecer imediatamente que este dom não se identifica com a compaixão por alguém, a piedade pelo próximo, mas indica a nossa pertença a Deus e o nosso vínculo profundo com Ele, um elo que dá sentido a toda a nossa vida e que nos mantém firmes, em comunhão com Ele, até nos momentos mais difíceis e atormentados.

Trata-se de uma relação vivida com o coração: é a nossa amizade com Deus que nos foi concedida por Jesus, uma amizade que transforma a nossa vida e nos enche de entusiasmo e alegria…. Suscita em nós, antes de tudo, a gratidão e o louvor… Portanto, piedade é sinônimo de espírito religioso genuíno, de confiança filial em Deus e da capacidade de lhe rezar com amor e simplicidade, que é própria das pessoas humildades de coração.

Leia a íntegra da catequese

TEMOR DE DEUS

Não significa ter medo de Deus: sabemos que Deus é Pai e nos ama, quer a nossa salvação e nos perdoa sempre; por isso, não há motivo para ter medo dele! Ao contrário, o temor de Deus é o dom do Espírito que nos recorda como somos pequenos diante de Deus e do seu amor, e que o nosso bem está no nosso abandono com humildade, respeito e confiança nas suas mãos. Este é o temor de Deus: o abandono à bondade do nosso Pai, que nos ama imensamente.

É isto que faz o Espírito Santo nos nossos corações: leva-nos a sentir-nos como crianças no colo do nosso pai. Então, neste sentido compreendemos bem que o temor de Deus assume em nós a forma da docilidade, do reconhecimento e do louvor, enchendo de esperança o nosso coração.

Leia a íntegra da catequese

*Conteúdo originalmente publicado na edição do O SÃO PAULO de 21 de maio de 2021

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3 Comentários
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Hermes Dagoberto
Hermes Dagoberto
3 anos atrás

Gostei do assunto de sua divulgação, gostaria de ver se é pertinente para meu site.

Francisco de Assis
Francisco de Assis
1 ano atrás

De Deus, provém toda misericórdia. Através do seu amor e bondade, ele nos faz compreender seus ensinamentos.
Devemos nos deixar conduzir pelo Espírito Santo para andar- mos no caminho do Senhor.

Francisco A Pitaci
Francisco A Pitaci
10 meses atrás

Maravilhoso !
Bençãos sobre Bençãos.