Papa: Chega de derramar sangue inocente!

São palavras do Papa Francisco sobre a escalada do conflito entre Israel e o Hamas

‘As guerras são sempre uma derrota, sempre!’, enfatiza Francisco; atual conflito entre Israel e Hamas já deixou mais de 4 mil mortos
ONU News/Ziad Taleb

Manifestando dor e pesar pelo agravamento do conflito entre israelenses e palestinos na Faixa de Gaza, o Papa Francisco pediu urgência na criação de corredores humanitários para socorrer a população civil. Após a oração do Angelus, no domingo, 15, ele disse: “Irmãos e irmãs, já morreram muitíssimos. Por favor, não se derrame mais sangue inocente, nem na Terra Santa nem na Ucrânia ou qualquer outro lugar! Chega! As guerras são sempre uma derrota, sempre!”

Francisco afirmou que pensa, em especial, nas crianças e nos idosos. Pediu a libertação de reféns. “Peço com força que as crianças, os doentes, os idosos, as mulheres e todos os civis não sejam vítimas do conflito. Respeite-se o direito humanitário, sobretudo em Gaza”, completou. “A oração é a força suave e santa para se opor à força diabólica do ódio, do terrorismo e da guerra.”

CRISE HUMANITÁRIA

No dia 7 de outubro, o Hamas, grupo armado islâmico e radical que controla o território palestino da Faixa de Gaza, invadiu o território israelense de surpresa. Foram lançados mísseis e, por terra, milicianos do Hamas mataram e sequestraram civis em Israel. O Hamas tem como objetivo principal a completa eliminação do Estado de Israel, governando a Faixa de Gaza com métodos violentos e autoritários.

Estima-se que 1,4 mil israelenses tenham sido mortos no atentado terrorista que vem sendo descrito como o pior da história de Israel. Em resposta, Israel fechou as fronteiras da Faixa de Gaza e cortou o acesso a água, alimentos e energia elétrica. Na contra-ofensiva, pelo menos 3 mil palestinos já foram mortos na Faixa de Gaza.

A resposta de Israel vem sendo discutida entre autoridades da comunidade internacional, pois, embora tenha o direito de se defender das ameaças do Hamas, o uso da força e os métodos para assumir o controle de Gaza podem ter sido desproporcionais do ponto de vista humanitário.

Nesse contexto, o Papa convocou toda a Igreja e todas as pessoas de fé, a rezar e jejuar na terça-feira, 17. Ele também recordou outros conflitos armados em curso, como, por exemplo, na região no Sul do Cáucaso, disputada por Armênia e Azerbaijão.

VATICANO DISPOSTO A MEDIAR

No momento atual, é quase impossível falar em diálogo e mediação entre Israel e o Hamas, mas a Santa Sé está disposta a assumir o papel de pacificador, se lhe for dada essa chance. Assim afirmou o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado, em entrevista às mídias oficiais do Vaticano. Ele definiu o atentado do Hamas contra Israel como “desumano”, mas pediu “proporcionalidade” na prática do direito de legítima defesa por parte de Israel.

“A Santa Sé exprime total e firme condenação”, disse. “É necessário recuperar o sentido da razão, abandonar a lógica cega do ódio e rejeitar a violência como solução”, declarou.

Como a maior parte da comunidade internacional, a Santa Sé defende que a resolução última do conflito entre Israel e Palestina – o que inclui outro território palestino, a Cisjordânia, controlada pela Autoridade Palestina, rival política do Hamas – é a criação de dois Estados, um isralense e um palestino. Essa solução “lhes permitiria viver lado a lado, em paz e segurança, indo ao encontro das aspirações de grande parte” dos povos da região.

O Cardeal Parolin insistiu que o Hamas deve libertar os reféns e que Israel não deve colocar em maior risco a vida dos civis palestinos que vivem na Faixa de Gaza. A Santa Sé também está disposta a manifestar “proximidade espiritual e material”, comentou. Entre os habitantes de Gaza, há 150 famílias católicas, recordou. “E quando um membro sofre, toda a Igreja sofre.”

Outro cardeal, o Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Pierbattista Pizzaballa, disse, em encontro on-line com jornalistas, que a barbárie promovida pelo Hamas é “injustificável e inaceitável”. Também se mostrou preocupado com o peso da resposta de Israel e o risco de que o confronto se espalhe além de Gaza. Para resgatar os reféns sequestrados pelo Hamas, ele se diz disposto a entrar na negociação para salvá-los, e até mesmo a se oferecer para trocar de lugar com eles. “Mas é muito difícil dialogar com o Hamas”, lamentou.

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