Papa convoca comunicadores a partilhar com mansidão e proximidade

Vatican Media

Com o tema “Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações” (cf. 1 Pd 3,15-16), a mensagem do Papa Francisco para o 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais reflete sobre o papel da comunicação em tempos marcados por divisões, preconceitos e desinformação. O texto, divulgado na sexta-feira, 24, convida os comunicadores e jornalistas a se tornarem instrumentos de esperança e paz, contribuindo para um mundo mais unido e solidário. 

O Pontífice começa destacando os desafios de uma comunicação que, muitas vezes, gera medo e rancor: “Hoje em dia, com demasiada frequência, a comunicação não gera esperança, mas sim medo e desespero, preconceitos e rancores, fanatismo e até ódio”. 

O Santo Padre critica o uso da palavra como “arma”, seja por meio de simplificações excessivas ou informações distorcidas, que buscam dividir ao invés de unir. Além disso, Francisco chama a atenção para o impacto negativo da “dispersão programada da atenção” promovida por sistemas digitais que manipulam percepções com base em interesses de mercado, fragmentando comunidades e enfraquecendo o bem comum. 

VIRTUDE QUE TRANSFORMA 

Francisco reflete sobre a virtude da esperança, inspirando-se na encíclica Spe Salvi, do Papa Bento XVI, na qual é dito que “quem tem esperança, vive diversamente; foi-lhe dada uma vida nova”. Ele também menciona o escritor Georges Bernanos: “A esperança é um risco que é preciso correr. É o risco dos riscos”. 

O Papa se aprofunda na mensagem da Primeira Carta de São Pedro, lembrando que a comunicação deve ser feita com mansidão e proximidade. “A comunicação dos cristãos – e eu diria até a comunicação em geral – deve ser feita com mansidão, com proximidade: eis o estilo dos companheiros de viagem”, escreve. 

O sucessor de São Pedro sonha com uma comunicação que não provoque fechamento, mas que inspire abertura e amizade, e enfatiza que é necessário “apostar na beleza e na esperança, mesmo nas situações aparentemente mais desesperadas”. 

PROMOTORES DE UMA COMUNICAÇÃO DO CUIDADO 

Concluindo, Francisco encoraja os comunicadores a contarem histórias de esperança, sendo “exploradores de ouro que, incansavelmente, peneiram a areia em busca de uma pequeníssima pepita’. Ele os exorta a “procurar praticar uma comunicação que saiba curar as feridas da nossa humanidade”, promovendo o diálogo e construindo pontes em um mundo fragmentado. 

O Papa finaliza com uma visão inspiradora: “Sede testemunhas e promotores de uma comunicação não hostil, que difunda uma cultura do cuidado, construa pontes e atravesse os muros visíveis e invisíveis do nosso tempo”. 

Mensagens de Francisco para o Dia Mundial das Comunicações 

A mensagem de 2025 é a 12ª de Francisco. Confira, a seguir, quais foram os outros temas abordados pelo Pontífice para a data: 

2014 - Comunicação ao serviço de uma autêntica cultura do encontro 

O Papa Francisco enfatiza a importância de uma comunicação que promova uma cultura do encontro, destacando que a comunicação deve estar a serviço da proximidade e do encontro entre as pessoas. 

2015 - Comunicar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor 

Francisco reflete sobre o papel da família como o primeiro lugar onde aprendemos a comunicar. Ele destaca que a família é o ambiente privilegiado para o encontro na gratuidade do amor, sendo fundamental na formação de uma comunicação baseada no respeito e na compreensão mútua. 

2016 - Comunicação e misericórdia: um encontro fecundo 

O Papa destaca a relação entre comunicação e misericórdia, afirmando que uma comunicação autêntica deve ser baseada na escuta, no diálogo e no respeito pelo outro. Ele enfatiza que a misericórdia pode criar um encontro fecundo, promovendo a compreensão e a reconciliação nas relações humanas. 

2017 - “Não tenhas medo, que Eu estou contigo” (Is 43, 5): Comunicar esperança e confiança, no nosso tempo 

Francisco encoraja uma comunicação que promova esperança e confiança, mesmo diante das dificuldades e desafios do mundo moderno. Ele enfatiza que os comunicadores têm o dever de inspirar coragem e otimismo, evitando narrativas que alimentem o medo e o desespero. 

2018 - “A verdade vos tornará livres” (Jo 8,32): Fake news e jornalismo de paz 

O Papa aborda o fenômeno das “fake news” e destaca a responsabilidade dos comunicadores em buscar e divulgar a verdade. Ele chama a atenção para a importância de um jornalismo que promova a paz, rejeitando a falsidade e a desinformação que podem causar danos à sociedade. 

2019 - “Somos membros uns dos outros” (Ef 4,25): das comunidades de redes sociais à comunidade humana 

Francisco reflete sobre o impacto das redes sociais na comunicação humana. Ele alerta para os riscos de isolamento e polarização nas plataformas digitais e enfatiza a necessidade de transformar as comunidades online em espaços que promovam a solidariedade e o respeito mútuo. 

2020 - “Para que possas contar e fixar na memória” (Ex 10,2): A vida faz-se história 

O Papa enfatiza o poder das histórias na formação de nossas vidas e culturas. Ele encoraja a partilha de narrativas construtivas que promovam a compreensão, a paz e a solidariedade, destacando que a comunicação deve ajudar a construir pontes e não muros. 

2021 - “Vem e verás” (Jo 1, 46): Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são 

Francisco incentiva os comunicadores a irem além das notícias de segunda mão e a se envolverem diretamente com as pessoas, encontrando-as onde estão e como são. Ele destaca a importância de uma comunicação que envolva encontro e experiência direta, promovendo autenticidade e compreensão mútua. 

2022 - Escutar com o ouvido do coração 

O Papa sublinha que a primeira escuta necessária para uma comunicação verdadeira é a de si mesmo, reconhecendo as necessidades mais autênticas inscritas no íntimo de cada pessoa. Ele enfatiza que a comunicação humana deve ser uma modalidade essencial para viver a comunhão, promovendo uma escuta aberta e honesta do outro. 

2023 - Falar com o coração 

“Testemunhando a verdade no amor” (Ef 4, 15). Após refletir sobre os verbos “ir e ver” e “escutar” em anos anteriores, o Papa Francisco enfatiza a importância de “falar com o coração”. Ele destaca que a comunicação deve ser aberta e acolhedora, testemunhando a verdade no amor e evitando a imposição de pontos de vista sem consideração pelo outro. 

2024 - Inteligência artificial e sabedoria do coração: para uma comunicação plenamente humana 

O Papa reflete sobre como a evolução da inteligência artificial está transformando a comunicação e a informação. Ele questiona o que significa ser humano na era das inteligências artificiais e enfatiza a importância de recuperar a sabedoria do coração para garantir uma comunicação verdadeiramente humana. 

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