Papa Francisco: ‘Jesus entra no rio para se imergir em nossa mesma condição’

(Foto: Vatican Media)

O Papa Francisco rezou, da Biblioteca do Palácio Apostólico, no Vaticano, a oração mariana do Angelus deste domingo, 10, dia em que a Igreja celebra a Festa Batismo do Senhor.

“Poucos dias atrás, na Solenidade da Epifania, Jesus foi visitado pelos Reis Magos. Hoje, o encontramos como adulto nas margens do Jordão. A Liturgia nos faz dar um salto de cerca de trinta anos, trinta anos dos quais sabemos uma coisa: foram anos de vida escondida, que Jesus transcorreu em família, alguns anos no Egito, como migrante para fugir da perseguição de Herodes, outros em Nazaré, aprendendo a profissão de José, obedecendo aos pais, estudando e trabalhando”, destacou o Pontífice, em sua meditação.

O Santo Padre recordou que, segundo os evangelhos, foram três anos de pregação, de milagres e muitas coisas. Os outros anos foram de vida escondida na família. “É uma bela mensagem para nós: nos revela a grandeza do cotidiano, a importância aos olhos de Deus de cada gesto e momento da vida, mesmo o mais simples e escondido”, disse.

Estar com os pecadores

“Depois desses 30 anos de vida oculta, começa a vida pública de Jesus. E começa com o seu batismo no Rio Jordão. Jesus é Deus. Por que Jesus vai se batizar?”, perguntou o Papa. “O batismo de João consistia num rito penitencial, era um sinal da vontade de se converter, de ser melhor, pedindo o perdão dos pecados. Jesus certamente não precisava disso. De fato, João Batista tenta se opor, mas Jesus insiste. Por quê? Porque ele quer estar com os pecadores. Por isso, entra na fila com eles e realiza o mesmo gesto deles”, destacou Francisco

O Papa acrescentou que, ao entrar nas águas do Jordão, Jesus emerge na mesma condição humana. Segundo o Pontífice, Jesus “nos diz que não nos salva do alto, com uma decisão soberana ou um ato de força, um decreto, não: Ele nos salva vindo ao nosso encontro e tomando sobre si os nossos pecados. É assim que Deus vence o mal do mundo: abaixando-se e assumindo”.

A Trindade se revela

Francisco sublinhou que depois deste gesto de compaixão de Jesus, acontece uma coisa extraordinária: os céus se abrem e a Trindade finalmente se revela. “O Espírito Santo desce em forma de pomba e o Pai diz a Jesus: ‘Tu és o meu Filho amado’”.

O Pontífice enfatizou que Deus se manifesta quando a misericórdia aparece porque esse é o seu rosto. “Jesus se torna o servo dos pecadores e é proclamado Filho; Ele se abaixa sobre nós e o Espírito desce sobre Ele. O amor chama o amor. É válido também para nós: em cada gesto de serviço, em cada obra de misericórdia que fazemos, Deus se manifesta, Deus pousa o seu olhar sobre o mundo. Isso vale para nós”, observou.

Salvos gratuitamente

Segundo o Papa, “mesmo antes que façamos qualquer coisa, a nossa vida é marcada pela misericórdia que se pousou sobre nós” e completou: “Fomos salvos gratuitamente”.

“Sacramentalmente, isto se realiza no dia do nosso Batismo, mas também os que não são batizados recebem a misericórdia de Deus sempre, porque Deus está ali, espera. Espera que as portas de seus corações se abram. Se aproxima, permito-me dizer, nos acaricia com a sua misericórdia”, ressaltou o Papa.

Francisco concluiu, pedindo a Nossa Senhora para que “nos ajude a salvaguardar a nossa identidade, ou seja, a identidade de ser ‘misericordiados’ que está na base da fé e da vida”.

(Fonte: Vatican News)

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