Papa no fim de 2021: ‘A esperança que Deus nos dá nunca decepciona’

Papa Francisco faz homilia em celebração na Basílica de São Pedro (Foto: Vatican Media)

É possível ser grato ao final de um ano cansativo como 2021, uma “época de pandemia” que aumentou o “sentimento de perda” no mundo? O Papa Francisco convidou a essa reflexão os fiéis reunidos na Basílica de São Pedro e conectados pelas mídias digitais em todo o mundo, durante a homilia feita por ele na celebração das Primeiras Vésperas da Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus, na tarde da sexta-feira, 31.

A liturgia foi presidida pelo Cardeal Giovanni Battista Re, Decano do Colégio Cardinalício, conforme vontade do próprio Pontífice, segundo informou a Sala de Imprensa da Santa Sé.

O Santo Padre ressaltou que é, sim, possível a gradecer, assim como a Virgem, aquela que “ao contemplar o Filho sente a proximidade de Deus, sente que Deus não abandonou o seu povo, veio, está perto, é Deus conosco”.

“Os problemas não desapareceram, não faltaram as dificuldades e as preocupações, mas não estamos só: o Pai ‘enviou o seu Filho’ (Gl 4, 4) para nos resgatar da escravidão do pecado e restaurar a nossa dignidade de filhos. Ele, o Unigênito, tornou-se o primogênito entre muitos irmãos, para conduzir todos nós, perdidos e dispersos, de volta à casa do Pai”, afirmou o Papa.

Francisco sublinhou que significado do Natal é precisamente o de experimentar o espanto, mas não aquele limitado a uma emoção superficial ou ligada ao “frenesi consumista”. “Se o Natal se reduzir a isso, nada muda: amanhã será igual a ontem, o ano que vem será como o passado e assim por diante. Significaria aquecer por alguns instantes a um fogo de palha, e não nos expor com todo o nosso ser à força do acontecimento, não apreender o centro do mistério do nascimento de Cristo”, disse.

O exemplo de Maria

O que é preciso, porém, explicou Francisco, é ter um coração “cheio de admiração, mas sem sombra de romantismo, doçura, de espiritualismo”, para ser como Maria, “a primeira testemunha, a maior porque a mais humilde”.

“A Mãe nos traz de volta à realidade, à verdade do Natal, que está contida nessas três palavras de São Paulo: ‘nascido de mulher’ (Gl 4, 4). O espanto cristão não se origina de efeitos especiais, de mundos fantásticos, mas do mistério da realidade: não há nada mais maravilhoso e surpreendente do que a realidade! Uma flor, um torrão de terra, uma história de vida, um encontro … O rosto enrugado de um velho e o rosto recém-desabrochado de uma criança. Uma mãe segurando seu bebê nos braços e o amamentando. O mistério brilha por lá”, continuou o Santo Padre.

(Foto: Vatican Media)

Pandemia

O papa disse, ainda, que o espanto de Maria é cheio de gratidão e esta atitude pode guiar o mundo, mesmo no contexto difícil da pandemia, passando da “tentação de ‘salvar quem pode’ para um senso de responsabilidade”

“Verdadeiramente podemos e devemos dizer ‘graças a Deus’, porque a escolha da corresponsabilidade não vem do mundo: vem de Deus; com efeito, vem de Jesus Cristo, que imprimiu de uma vez por todas na nossa história o ‘caminho’ da sua vocação originária: ser todos irmãos e irmãs, filhos de um só Pai”, reforçou Francisco.

Ação de graças

Francisco concluiu a homilia com um convite à esperança, aquela que, como diz a Escritura, “não decepciona”, porque deriva do seguimento de Jesus e da confiança nele, aquele que “dá plenitude aos tempos, dá sentido às obras e aos dias”, aos momentos dolorosos e felizes.

A celebração foi marcada pela exposição do Santíssimo Sacramento, e do tradicional hino de ação de graças Te Deum, que, ao ser entoado no último dia do ano civil, garante possibilidade de os fiéis obterem indulgência plenária, após se confessarem, comungarem, rezarem na intenção do Papa e praticarem um ato de caridade.

(Com informações de Vatican News)

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