‘Que seja eleito o Papa que a Igreja e a humanidade precisam’

Rogou a Deus o Cardeal Giovanni Battista Re, Decano do Colégio Cardinalício, na Missa Pro Eligendo Romano Pontifice, a Santa Missa para a eleição do Romano Pontífice. Ele destacou que o novo Papa será o responsável em promover a comunhão de todos os cristãos com Cristo, dos bispos com o Papa, e entre os próprios prelados

Na manhã desta quarta-feira, 7, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, foi celebrada a Missa Pro Eligendo Romano Pontifice – Santa Missa para a eleição do Romano Pontífice – presidida pelo Cardeal Giovanni Battista Re, Decano do Colégio Cardinalício.

A celebração preparou espiritualmente os 133 cardeais eleitores para escolha do novo Sucessor de Pedro, com um apelo à orientação do Espírito Santo.

VEJA COMO FOI A CHEGADA DOS CARDEAIS À BASÍLICA DE SÃO PEDRO

O rito solene, concelebrado pelos cardeais, reuniu milhares de fiéis, que já vivem a expectativa pela escolha do Sucessor de Pedro. O Decano exortou os presentes à oração confiante, à escuta atenta do Espírito Santo e ao cultivo da comunhão fraterna.

“Nos Atos dos Apóstolos, lê-se que, após a ascensão de Cristo ao céu e enquanto aguardavam o dia de Pentecostes, todos perseveravam unidos em oração com Maria, a Mãe de Jesus (cf. At 1,14). É exatamente isso o que nós também estamos fazendo, a poucas horas do início do Conclave, sob o olhar da Virgem Maria, colocada ao lado do altar nesta Basílica que se ergue sobre o túmulo do Apóstolo Pedro.”, comentou o Decano.

INVOCAR O ESPÍRITO SANTO: ATITUDE JUSTA E NECESSÁRIA

O Cardeal Re expressou o sentimento comum da Igreja neste momento decisivo: “Sentimos unido a nós todo o povo de Deus, com seu sentido de fé, de amor ao Papa e de espera confiante.”

“Estamos aqui para invocar a ajuda do Espírito Santo, para implorar sua luz e sua força, a fim de que seja eleito o Papa de que a Igreja e a humanidade precisam neste momento tão difícil e complexo da história.”, prosseguiu.

O Decano destacou o peso espiritual do momento e a grande responsabilidade confiada aos cardeais eleitores: “Rezar, invocando o Espírito Santo, é a única atitude justa e necessária, enquanto os Cardeais eleitores se preparam para um ato de máxima responsabilidade humana e eclesial e para uma escolha de excepcional importância; um ato humano pelo qual se deve deixar de lado qualquer consideração pessoal, tendo na mente e no coração apenas o Deus de Jesus Cristo e o bem da Igreja e da humanidade.”

AMOR: DISTINTIVO DA FÉ CRISTÃ

Ao refletir sobre o Evangelho proclamado na liturgia, o Cardeal destacou a mensagem central da Última Ceia: “Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 15,13), um ensinamento de Jesus que é o verdadeiro distintivo da fé cristã.

“O amor que Jesus revela não conhece limites e deve caracterizar os pensamentos e ações de todos os seus discípulos, que devem sempre demonstrar amor autêntico em seu comportamento e empenhar-se na construção de uma nova civilização — aquela que Paulo VI chamou de ‘civilização do amor’. O amor é a única força capaz de mudar o mundo.”, disse.

COMUNHÃO E FIDELIDADE AO EVANGELHO

Referindo-se à qualidade fundamental dos pastores — o amor até a entrega total de si mesmos — o Decano afirmou que, nos textos litúrgicos da celebração eucarística, lê-se o convite ao amor fraterno, à ajuda recíproca e ao empenho em favor da comunhão eclesial e da fraternidade humana universal.

“Entre as tarefas de cada Sucessor de Pedro está a de promover a comunhão: comunhão de todos os cristãos com Cristo, dos bispos com o Papa, e entre os próprios bispos. Não uma comunhão autorreferencial, mas totalmente orientada para a união entre as pessoas, os povos e as culturas — sempre com o objetivo de que a Igreja seja ‘casa e escola de comunhão’. Além disso, há um forte apelo à manutenção da unidade da Igreja, conforme o caminho indicado por Cristo aos Apóstolos. A unidade da Igreja, desejada por Cristo, não significa uniformidade, mas uma comunhão sólida e profunda na diversidade, desde que se mantenha a plena fidelidade ao Evangelho.”

ATO DE FÉ E RESPONSABILIDADE

“A eleição do novo Papa não é uma simples sucessão de pessoas, mas é sempre o Apóstolo Pedro que retorna”, afirmou Re, reiterando que o Papa “é a rocha sobre a qual a Igreja é edificada” (cf. Mt 16,18).  Referindo-se ao local onde os cardeais expressarão seu voto, o Decano destacou que “os cardeais eleitores expressarão seu voto na Capela Sistina, onde, como diz a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, ‘tudo concorre para avivar a consciência da presença de Deus, diante do qual deverá cada um apresentar-se um dia para ser julgado’”.

O Cardeal Re evocou as palavras de São João Paulo II no Tríptico Romano: “Nas horas da grande decisão por meio do voto, a imagem imponente de Cristo Juiz, pintada por Michelangelo, lembrará a cada um a grande responsabilidade de colocar as ‘chaves supremas’ nas mãos certas.”

Ao concluir sua homilia, Dom Giovanni Battista Re fez um apelo confiante à oração de toda a Igreja: “Oremos para que Deus conceda à Igreja o Papa que melhor saiba despertar as consciências de todos e as energias morais e espirituais na sociedade atual, caracterizada por um grande progresso tecnológico, mas que tende a esquecer Deus. O mundo de hoje espera muito da Igreja para a salvaguarda daqueles valores fundamentais — humanos e espirituais — sem os quais a convivência humana nem será melhor nem beneficiará as gerações futuras. Que a Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, nos auxilie com sua materna intercessão, para que o Espírito Santo ilumine as mentes dos cardeais eleitores e os torne concordes na eleição do Papa de que o nosso tempo necessita.”

CONCLAVE COMEÇARÁ NESTA TARDE

Nesta quarta-feira, às 16h30 (11h30 no horário de Brasília), acontecerá a entrada dos cardeais na Capela Sistina e o juramento para a eleição do Romano Pontífice, conforme previsto pelo Ordo Rituum Conclavis. Antes, às 16h15 (11h15), os cardeais se reunirão na Capela Paulina, Primeira Loggia do Palácio Apostólico do Vaticano.

Os cardeais de rito latino usarão a túnica vermelha com a faixa, a roquete, a mozeta, a cruz peitoral com cordão vermelho e dourado, o anel, o zucchetto e a barrete. Os cardeais das Igrejas Orientais usarão seu próprio traje coral.

Da Capela Paulina, enquanto a Ladainha dos Santos é cantada, os cardeais eleitores seguirão em procissão até a Capela Sistina onde, após o canto do Veni Creator, farão o juramento prescrito, para que, finalmente, se inicie o processo de escolha do 267º Papa da história da Igreja.

(Com informações do Vatican News)