Recorramos ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria

Reprodução

“Divino Coração de Jesus, eu Vos adoro e Vos amo do modo como viveis no Coração de Maria e Vos peço que vivais e reineis em todos os corações”, rezam os cristãos nesta jaculatória deixada por Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690), a quem, entre 1673 e 1675, Cristo revelou as 12 promessas do Sagrado Coração de Jesus.

A Solenidade do Sagrado Coração de Jesus é celebrada pela Igreja em todo o mundo, tradicionalmente na segunda sexta-feira após a festa de Corpus Christi. No dia seguinte, os fiéis fazem memória do Imaculado Coração da Bem-aventurada Virgem Maria.

EM HONRA AO CORAÇÃO DE JESUS

Desde o século XVII, o culto ao Sagrado Coração de Jesus se difundiu pelo mundo, sendo inicialmente impulsionado pelo francês São João Eudes (1601-1680), fundador da Congregação de Jesus e Maria. Entretanto, esta solenidade somente foi incluída no calendário litúrgico da Igreja pelo Papa Pio IX em 1856.

As bases da devoção ao Sagrado Coração de Jesus foram deixadas por Santa Margarida Maria Alacoque. Em 27 de dezembro de 1673, ela recebeu a primeira visita de Jesus, que lhe teria dito: “O meu coração divino está tão apaixonado pelo amor à humanidade que, como não pode mais conter dentro de si as chamas de sua ardente caridade, precisa espalhá-las. Eu a escolhi para este grande plano”.

No ano seguinte, a Santa teve duas visões: na primeira, o coração de Jesus apareceu em um trono em meio a chamas, brilhando mais que o sol, mais transparente do que o cristal, e cercado por uma coroa de espinhos; na segunda visão, Cristo estava resplandecente de glória e de seu peito saíam chamas por todos os lados. O Senhor orientou a Santa a que comungasse toda a primeira sexta-feira durante nove meses consecutivos e que se prostrasse no chão por uma hora na noite entre quinta e sexta-feira, prática que deu origem à tradição das nove sextas-feiras e da Hora Santa de Adoração. Cristo também pediu à religiosa que fosse instituída uma festa para honrar o seu Coração e reparar, por meio da oração, as ofensas que Ele recebeu.

DEVOÇÕES CONJUNTAS

Por ocasião do centenário desta solenidade no calendário litúrgico, o Papa Pio XII publicou, em maio de 1956, a encíclica Haurietis Aquas, sobre o culto ao Sagrado Coração de Jesus. “Vivamente, desejamos que todos os que se gloriam do nome de cristãos e lutam ativamente por estabelecer o Reino de Jesus Cristo no mundo considerem a devoção ao Coração de Jesus como bandeira e manancial de unidade, de salvação e de paz” (HA 71).

Na mesma encíclica, o Pontífice orientou que “a fim de que a devoção ao Coração augustíssimo de Jesus produza frutos mais copiosos na família cristã e mesmo em toda a humanidade, procurem os fiéis unir a ela estreitamente a devoção ao Coração Imaculado da Mãe de Deus. Foi vontade de Deus que, na obra da redenção humana, a Santíssima Virgem Maria estivesse inseparavelmente unida a Jesus Cristo (…) Por isso, convém que o povo cristão, que de Jesus Cristo, por intermédio de Maria, recebeu a vida divina, depois de prestar ao Sagrado Coração o devido culto, renda também ao amantíssimo Coração de sua Mãe celestial os correspondentes obséquios de piedade, de amor, de agradecimento e de reparação” (HA 74), escreveu o Papa, na ocasião em que também consagrou a Igreja e o mundo ao Coração Imaculado da Santíssima Virgem Maria.

O IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

A devoção ao Imaculado Coração de Maria parte de algumas passagens bíblicas. Uma delas é a de que a Virgem de Nazaré inicialmente tudo guardou e meditou em seu coração sobre a missão de Jesus (cf. Lc 2,19.51); outra se refere ao anúncio do velho Simeão a Nossa Senhora sobre a crucifixão de Cristo: “Quanto a você [Maria], uma espada trespassará a tua alma” (Lc 2,35).

Nos séculos XII e XIII, São Bernardo de Claraval, São Boaventura e outros que alcançaram a honra dos altares já falavam da devoção ao Imaculado Coração de Maria. Também o fez São João Eudes, no século XVII, com a obra “O Coração admirável da Mãe de Deus”.

Entretanto, esta devoção se tornaria mundialmente conhecida apenas no século XX, a partir das aparições de Nossa Senhora aos três pastorinhos – Francisco, Jacinta e Lúcia – em Fátima, Portugal, em 1917, quando apresentou-lhes o seu Coração circundado de espinhos. Em 10 de dezembro de 1925, em Pontevedra, na Espanha, a Virgem Maria indicou a Lúcia, à época postulante à vida religiosa consagrada, como deveriam ser reparadas as ofensas a seu Imaculado Coração: “Dize que todos aqueles que durante cin- co meses, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço, e me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 mistérios do Rosário, com o fim de me desagravar, eu prometo assistir-lhes na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas”.

Em outubro de 1942, o Papa Pio XII consagrou toda a Igreja e “o mundo dilacerado por funestas discórdias” ao Imaculado Coração de Maria; e em 4 de maio de 1944, determinou que essa festa fosse observada em toda a Igreja.

Também São João Paulo II, em 25 de março de 1984, consagrou o mundo ao Imaculado Coração de Maria, para que ajude a humanidade a “vencer a ameaça do mal, que se enraíza tão facilmente nos corações dos homens de hoje e que, nos seus efeitos incomensuráveis, pesa já sobre a vida presente e parece fechar os caminhos do futuro”. Ele também pediu que Maria livre o mundo da fome, das guerras, dos pecados contra a vida, de toda injustiça social, das tentativas de ofuscar nos corações humanos a própria verdade de Deus, da perda da consciência do bem e do mal, e dos pecados contra o Espírito Santo.

Em março de 2022, também o Papa Francisco consagrou a humanidade ao Imaculado Coração de Maria, pedindo pelo fim das guerras, em especial entre a Rússia e a Ucrânia: “O sim que brotou do vosso Coração abriu as portas da história ao Príncipe da Paz; confiamos que mais uma vez, por meio do vosso Coração, virá a paz”.

Recentemente, Francisco anunciou que publicará em setembro um documento sobre o culto ao Sagrado Coração de Jesus, a fim de “meditar sobre os vários aspectos do amor do Senhor que possam iluminar o caminho da renovação eclesial; mas também dizer algo significativo a um mundo que parece ter perdido o coração”.

AS 12 PROMESSAS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

  • “A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de Meu Sagrado Coração”;
  • “Eu darei aos devotos de Meu Coração todas as graças necessárias a seu estado”;
  • “Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias”;
  • “Eu os consolarei em todas as suas aflições”;
  • “Serei refúgio seguro na vida e principalmente na hora da morte”;
  • “Lançarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhos e empreendimentos”;
  • “Os pecadores encontrarão, em meu Coração, fonte inesgotável de misericórdias”;
  • “As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas pela prática dessa devoção”;
  • “As almas fervorosas subirão, em pouco tempo, a uma alta perfeição”;
  • 10ª “Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos”;
  • 11ª “As pessoas que propagarem esta devoção terão o seu nome inscrito para sempre no Meu Coração”;
  • 12ª “A todos os que comunguem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna”.

Deixe um comentário