Foi apresentado na quinta-feira, 25 de junho, no Vaticano, o novo Diretório para a Catequese. O documento, elaborado pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, com a aprovação do Papa Francisco, é fruto de um trabalho de especialistas de diferentes países, inclusive o Brasil, inicia- do em 2016.
“O Diretório para a Catequese é um documento da Santa Sé oferecido a toda a Igreja”, afirmou Dom Rino Fisichella, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, durante coletiva realizada nesta data, na Sala de Imprensa da Santa Sé.
ATUALIZAÇÃO
Desde o Concílio Vaticano II, este é o terceiro Diretório Geral de Catequese. O primeiro é de 1971, e, o segundo, de 1997. Publicado 23 anos depois do último Diretório, o novo texto con- templa os documentos recentes do Magistério da Igreja que trataram do tema da ação evangelizadora.
Na última década, dois acontecimentos incidiram diretamente na Catequese: o Sínodo sobre a Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã, em 2012, com a consequente Exortação Apostólica do Papa Francisco, Evangelii gaudium, e o 25º aniversário da publicação do Catecismo da Igreja Católica.
EVANGELIZAÇÃO
O longo documento é composto de três partes, que se dividem em 12 capítulos, e destaca a centralidade da Catequese e da educação da fé para a vida e a missão da Igreja.
O texto trata da missão evangelizadora da Igreja e o importante pa- pel da Catequese nesse aspecto para a transmissão da fé cristã. Aborda, ainda, a identidade catequética, insistindo na formação dos catequistas
e detalhando o processo da Catequese e suas metodologias. O texto também dedica uma parte para abordar a animação catequética nas dioceses e o papel da comunidade cristã como sujeito da Catequese e, diante dos cenários contemporâneos, como a Catequese está a serviço da inculturação da fé.
“A evangelização é a tarefa que o Senhor Ressuscitado confiou à sua Igreja para ser, no mundo de cada tempo, o anúncio fiel do seu Evangelho. Prescindir deste pressuposto equivaleria a transfor- mar a comunidade cristã em uma das muitas associações beneméritas, orgulhosa dos seus 2 mil anos de história, mas não a Igreja de Cristo”, enfatizou Dom Rino Fisichella.
O documento reforça que a Catequese deve estar intimamente unida à obra de evangelização, e não pode prescindir dela. “Precisa assumir em si as características próprias da evangelização, sem cair na tentação de se substituir a ela ou de querer impor à evangelização os seus pressupostos pedagógicos”, ressaltou o Arcebispo.
QUERIGMA
Assim como os diretórios anteriores, o recém-lançado também salienta a importância do querigma, expressão de origem grega que se refere ao “primeiro anúncio” de Jesus Cristo, que deve ser a essência da Catequese.
O novo Diretório, contudo, dá uma ênfase maior ao aspecto querigmático e reforça que esse anúncio deve estar presente em todas as fases e modalidades da Catequese.
“O Diretório apresenta a Catequese querigmática não como uma teoria abstrata, mas como um instrumento com forte valor existencial. Esta Catequese tem o seu ponto de força no encontro que permite que se experimente a presença de Deus na vida de cada um”, reforçou o Arcebispo.
MISTAGÓGICA E CATECUMENAL
Outro aspecto destacado pelo documento é a dimensão mistagógica, isto é, a Catequese realizada a partir da vivência do mistério da fé. Para isso, o texto convida a uma renovada valorização dos sinais litúrgicos da iniciação cristã, assim como o amadurecimento progressivo do processo formativo que envolve toda a comunidade eclesial.
A Catequese de inspiração catecumenal também ganhou maior destaque no novo Diretório, que, em várias sessões, reforça a relação do catecumenato, modelo de Catequese de adultos predominante na Igreja primitiva, com a própria evangelização.
CUIDADOS
Na apresentação do documento, o Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização mencionou algumas “armadilhas” que podem comprometer a eficácia da Catequese.
A primeira delas é o esquema escolar, no qual “a catequista substitui a professora, a sala da escola dá lugar à sala de Catequese, o calendário escolar é idêntico ao da Catequese”. A segunda é a mentalidade de que a Catequese é feita apenas em vista da recepção de um sacramento, o que pode provocar um “vazio” depois que tais sacramentos são celebrados.
O documento alerta, ainda, para um terceiro perigo, que é a instrumentalização do sacramento por parte da pastoral, quando, por exemplo, o tempo de preparação para um sacramento é estabelecido para não “perder o rebanho” e não “pelo significado que o sacramento possui em si mesmo na economia da vida cristã”.
CULTURA DIGITAL
O novo Diretório para a Catequese não podia deixar de tratar da cultura digital, que desafia a Igreja na sua ação evangelizadora. Dom Rino reconheceu que a presença das várias expressões eclesiais no vasto mundo da internet constitui um fator positivo, mas a cultura digital vai muito além disso. “Ela toca a raiz da questão antropológica, decisiva em qualquer contexto formativo, como o da verdade e da liberdade”, completou.
“Na era digital, 20 anos são comparáveis, sem exagero, a pelo menos meio século”, afirmou Dom Rino, explicando que o Diretório apresenta não apenas as problemáticas inerentes à cultura digital, mas também sugere os percursos a realizar para que a Catequese se torne “uma proposta que encontra o interlocutor que seja capaz de compreendê-la e de ver como se adapta ao seu mundo”.
NO BRASIL
Também na quinta-feira, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizou uma videoconferência para apresentar o novo Diretório. O Arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, sublinhou que a iniciação cristã é “um ouro no caminho evangelizador e missionário da Igreja, que tem a centralidade na Palavra de Deus e na doutrina da fé”. Ele reforçou que as indicações do documento são valiosas para formar crianças, adoles- centes, jovens e adultos, tornando-os evangelizadores.
O Arcebispo de Curitiba (PR) e Presidente da Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética, Dom José Antônio Peruzzo, destacou que, logo no início, o documento afirma que “a Catequese pertence, a pleno título, ao mais amplo processo de renova- ção que a Igreja é chamada para ser fiel ao mandamento de Jesus de anunciar o Evangelho”.
Ele incentivou que toda a Igreja no Brasil conheça e aprofunde a leitura do Diretório. “Vamos estudar, lidar nova- mente com questões tão nobres para a identidade da Igreja, como é o anúncio e a educação da fé”, afirmou.
COMO ADQUIRIR?
A versão brasileira do Diretório para a Catequese poderá ser adquirida, em breve, pelas Edições CNBB, por meio do site: www.edicoescnbb.com.br.
bom dia. favor revisar o texto aqui no site pois há vários parágrafos duplicados (Atualização e Evangelização) pode dispersar o leitor e alguns não continuarem leitura a partir de Querigma