Bento XVI aos jovens em SP: ‘Não desperdiceis a vossa juventude’

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Cerca de 40 mil jovens preencheram as arquibancadas e quase a metade do gramado do Estádio do Pacaembu para o encontro com o Papa Bento XVI em 10 de maio de 2007, durante a viagem apostólica do Pontífice ao Brasil. 

Era o início da noite quando o papamóvel contornou o estádio pelo lado direito e entrou pelos fundos, no setor do Tobogã. Ao fazer meia-volta em corredor, ele foi acolhido com entusiasmo pelos jovens, que no gramado corriam para se aproximar do veículo. Ele deixou o estádio para dar um giro na Praça Charles Müller, onde outros cerca de 17 mil jovens que não tinham ingresso para o evento aguardavam para ver o Pontífice. O Papa retornou e entrou pelo portão principal e foi novamente recebido com euforia pela juventude.

No palco – em forma de pomba e cruz –, Bento XVI ouviu testemunhos de cinco jovens sobre a realidade social, política, eclesial e juvenil do Brasil. O Pontífice também assistiu a uma apresentação de danças típicas brasileiras encenada por cerca de 150 jovens, com alusão a elementos indígenas, capoeira e ao som de “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso.

O jovem Rodrigo Rosa acolheu o Papa em nome de toda a juventude do Brasil e da América Latina. “Queremos depositar em seu coração de pastor as nossas alegrias e tristezas. Queremos ser discípulos e missionários de Jesus Cristo. Para nós, Ele é o caminho, a verdade e a vida”, disse.

‘Vós sois o futuro da Igreja e da humanidade’

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Bento XVI falou carinhosamente aos 40 mil jovens no Pacaembu, partindo do diálogo relatado no Evangelho entre Jesus e um jovem rico. Na pergunta do jovem – “O que fazer para alcançar a vida eterna?” –, e na resposta de Jesus – “Vai, vende os teus bens, dá o dinheiro aos pobres […] depois, vem e segue-me” –, está a questão básica para a qual todo jovem hoje quer respostas e, ao mesmo tempo, a resposta que Jesus dá propondo o seu seguimento”, ressaltou o Papa. 

A pergunta, prosseguiu Bento XVI, contém um compromisso, aqui e agora, que deve “garantir autenticidade e consequentemente o futuro” e pode ser formulada assim: “Como devo viver para colher plenamente os frutos da vida? O que devo fazer para que minha vida não transcorra inutilmente?” A resposta é o seguimento de Jesus.

Bento XVI chamou os jovens cristãos a serem “apóstolos dos jovens”, passando à frente sua experiência de fé; cultivando os valores morais universais; buscando sólida formação humana e espiritual; sendo “protagonistas de uma sociedade nova, mais justa e mais fraterna”; defendendo a vida “do início ao seu declínio”, amparando os idosos, santificando o trabalho, sendo bons cidadãos, respeitando o sacramento do Matrimônio, preparando-se bem para ele no namoro e no noivado, a resistir às tentações de banalização do sexo. 

Luciney Martins/O SÃO PAULO

“O amor verdadeiro procurará sempre mais a felicidade do outro, preocupar-se-á cada vez mais dele, doar-se e desejará existir no outro… e por isso, será sempre mais fiel, indissolúvel e fecundo”. Para colocar em prática esse programa de vida, os instrumentos são a fé e oração.

“Não desperdiceis a vossa juventude” foi o grande apelo do Papa aos jovens, que interrompiam suas palavras com aplausos e aclamações. “Não tenteis fugir dela. Vivei-a intensamente. Consagrai-a aos elevados ideais da fé e da solidariedade humana”, apontou. “Vós sois o futuro da Igreja e da humanidade”, enfatizou. “A Igreja precisa de vós, como jovens para manifestar ao mundo o rosto de Jesus Cristo, que se desenha na comunidade cristã. Sem o rosto jovem, a Igreja se apresentaria desfigurada”, concluiu.

(Texto a partir de reportagens publicadas na edição do O SÃO PAULO de 14 de maio de 2007)

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