Cardeal Scherer abençoa novo museu dedicado a fundadores das obras scalabrinianas

Bênção ocorreu após missa presidida na Paróquia São João Batista, na Região Ipiranga. Visitação pública terá início em 2022

Fotos: Luciney Martins /O SÃO PAULO

No domingo, 12, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu missa na Paróquia São João Batista, no Ipiranga, por ocasião do encerramento do jubileu de 125 anos do falecimento do Padre José Marchetti (1869-1896), missionário scalabriniano, cofundador das Irmãs Scalabrinianas e fundador do Instituto Cristóvão Colombo (ICC).

Concelebraram os Padres Antônio César Seganfredo, Pároco; José Edvaldo Pereira da Silva, Diretor do ICC, Rafael Adriano da Silva, Agenor Sbaraini, Alceu Bernardi, Evandro Cavali, Nivaldo Feliciano da Silva, Avelino Bertuzzi, Danilo Ravanello, Claudino Balen, Emídio Girotto, missionários scalabrinianos; e Padre José Oscar Beozzo. Participaram as religiosas scalabrinianas, funcionários e crianças atendidas pelo instituto.

Na ocasião, o Cardeal Scherer abençoou o Museu Instituto Cristóvão Colombo, em anexo ao ICC, criado para manter viva a história dos fundadores das obras scalabrinianas.

O novo espaço será aberto à visitação a partir de 2022, seguindo os protocolos dos demais museus, com agendamento prévio.

A SERVIÇO DOS MIGRANTES

Padre José Marchetti nasceu em 1869, em Lombrici, na província de Lucca, na Itália. Foi ordenado sacerdote em 1892. Chegou ao Brasil, com 25 anos, em 1894, com a missão de acompanhar e assistir os migrantes desamparados e sofridos que chegavam ao Brasil.

Marchetti, a exemplo de Jesus, percorria as aldeias e povoados para anunciar o Evangelho e assumiu a missão de proclamar a Boa-Nova aos migrantes, com espírito de generosidade, serviço e caridade.

Ele morreu em 1896, aos 27 anos de idade, após contrair febre amarela e tifo. Em 2016, o Papa Francisco o declarou Venerável. A causa de beatificação e canonização continua em curso.


MISSIONÁRIO DA CARIDADE

Luciney Martins /O SÃO PAULO

Na homilia, Dom Odilo manifestou sua alegria em celebrar com os missionários e missionárias scalabrinianos o encerramento do jubileu  de 125 anos do Venerável Padre José Marchetti.

“No 3º Domingo do Advento, a tônica da liturgia é a alegria. Padre Marchetti viveu sua vida permeado pela alegria do Evangelho e atento aos apelos de Deus e das pessoas necessitadas à sua volta.”

O Arcebispo enfatizou o trabalho idealizado pelo sacerdote junto aos migrantes e às crianças órfãs. “Um missionário que se colocou a serviço do próximo animado pela profunda caridade, sensível às necessidades dos irmãos. Arregaçou as mangas, acolheu migrantes, crianças órfãs e doou sua vida sem medir esforços.”

Dom Odilo refletiu ainda sobre a atuação do Padre Marchetti nos dias atuais. “Ele realizou sua missão frente às situações da sua época. E, se fosse hoje, onde Marchetti atuaria? Com certeza, junto às periferias, junto às misérias visíveis nos centros das cidades, com as pessoas em situação de rua, junto aos migrantes e tantas outras situações”, disse.

O Cardeal estimulou que se valorizem os museus e se incentivem que sejam visitados, pois os mesmos são locais de História e Cultura. “Os museus e, também, as igrejas mais antigas recordam o testemunho, o trabalho, a luta, o legado de muitos”, disse, reforçando que “somos herdeiros e, ao adentrar um museu, tomamos consciência daquilo que somos, o que recebemos e o questionamento sobre o legado que deixaremos para as futuras gerações”, afirmou.

MUSEU INSTITUTO CRISTÓVÃO COLOMBO

Luciney Martins /O SÃO PAULO

O museu tem como missão coletar, preservar, interpretar, divulgar e expor testemunhos da história do projeto social dedicado à assistência de crianças e adolescentes migrantes na cidade de São Paulo.

A exposição apresenta a trajetória do Orfanato Cristóvão Colombo, ação pioneira dos missionários no Brasil. Atualmente, o orfanato corresponde ao ICC.

O espaço está dividido em quatro ambientes: o primeiro relembra a grande imigração italiana, êxodo intensivo que deixou muitas crianças desamparadas e que justificou a criação do orfanato por Marchetti.

O segundo apresenta a história dos fundadores scalabrinianos: Padre José Marchetti, Beata Assunta Marchetti, Dom João Batista Scalabrini, Padre Faustino Consoi, com testemunhos e objetos de suas ações missionárias.

O terceiro mostra os trabalhos realizados na instituição e quem foram os assistidos. E o quarto espaço possibilita aos visitantes conhecerem um pouco das atividades e os frutos da ação dos religiosos na atualidade.

ESPAÇO DE CULTURA

Ana Silvia Bloise, 67, museóloga, é a curadora do museu. Ela explicou ao O SÃO PAULO   que o trabalho de pesquisa e resgate da história scalabriniana “envolve um itinerário de 125 anos. E o nosso objetivo é manter viva a essência e originalidade do pensamento e obra do fundador do instituto”.

A museóloga enfatizou que espaços de cultura são imprescindíveis para o resgate histórico e para a preservação da memória aos cidadãos do hoje e do futuro. “São os fatos históricos que dinamizam e consolidam muitos projetos e ações concretas existentes e que precisam ser apresentados ao público. Por exemplo: neste espaço, demonstramos uma parcela da riqueza cultural, espiritual e material dos religiosos, que tem muito ainda a ser desbravado”, afirmou.

PRESERVAR A MEMÓRIA

Padre José Edvaldo Pereira da Silva destacou que a ideia de criar o Museu do Instituto Cristóvão Colombo nasceu a partir do desejo da congregação em preservar a memória dos fundadores, da atuação dos missionários junto aos migrantes no estado de São Paulo e do Instituto Cristóvão Colombo. 

“O museu vem para unir e organizar o acervo com objetos importantes da nossa história e, também, para manter vivo um legado tão forte e marcado por histórias que precisam ser conhecidas e lembradas”, enfatizou, lembrando, ainda, que o espaço ajudará a “dinamizar e registrar para nós e para as gerações futuras um legado que não pode ser esquecido”.

Luciney Martins /O SÃO PAULO

AÇÕES CONCRETAS NO JUBILEU

Para celebrar o jubileu, os religiosos promoveram três lives sobre a vida e obras do Padre Marchetti; o lançamento do livro “Padre José Marchetti: o contexto de sua vida, trabalhos e sonhos no Brasil”, de José Oscar Beozzo, que conta sobre a vida e atuação do fundador no Brasil; a elaboração de uma nova Oração pedindo a intercessão do Venerável José Marchetti, com aprovação eclesiástica e a criação do museu.

O Pároco, Padre Antônio, destacou que na Paróquia se encontram os restos mortais do Padre José Marchetti; uma imagem de Nossa Senhora trazida pelo fundador da congregação, em 1904, e uma imagem do Sagrado Coração de Jesus, que pertenceu a Madre Assunta Marchetti.

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Edilson Xavier de paiva
Edilson Xavier de paiva
1 ano atrás

Meu nome e Edilson Xavier de Paiva.Sou um ex aluno desse explendoroso Instituto
Permaneci entre 1960 a 1962 e gostaria muito de fazer uma visita e como poderia fazer isso.