Dom Odilo: ‘Frei Galvão tinha a sabedoria de Deus e da fé’

Arcebispo Metropolitano presidiu missa no encerramento da novena dedicada ao santo, realizada em Guaratinguetá (SP)

Fotos: Comunicação Franciscanos

O Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu na noite da segunda-feira, 24, a missa de encerramento da novena em preparação à Festa de Frei Galvão, no santuário dedicado ao Santo, em Guaratinguetá (SP). O Reitor do Santuário, Frei Diego Atalino de Melo, concelebrou e acolheu com carinho e gratidão o Arcebispo de São Paulo por ter aceito o convite à celebração, que teve a animação litúrgica do Coral Arquidiocesano de Aparecida.

O tema do último dia da novena foi “Frei Galvão, esperança dos enfermos”. O tema central, contudo, refere-se aos 200 anos da passagem de Frei Galvão para a eternidade: “É morrendo que se vive para a vida Eterna”, uma motivação proveniente da Oração da Paz atribuída a São Francisco de Assis. A memória litúrgica de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão é celebrada na terça-feira, 25.

“Alegro-me por celebrar com vocês hoje neste Santuário de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, em Guaratinguetá, a terra onde ele nasceu. Lá em São Paulo, sou vizinho de Frei Galvão. O túmulo dele está no Mosteiro da Luz, na Avenida Tiradentes. Vocês já foram lá?”, perguntou, pedindo que não deixem de visitar o Mosteiro da Luz, onde residem as Monjas Concepcionistas desde o tempo de Frei Galvão.

Dom Odilo recordou que também se celebra em 2022 os 15 anos da canonização de Frei Galvão,  o primeiro santo nascido no Brasil. “Antes dele já tinham outros santos, como Madre Paulina, que não nasceu no Brasil, mas cresceu e viveu no Brasil. Foi a primeira santa do Brasil canonizada pela Igreja”, explicou. 

Guaratinguetá, portanto, é “terra abençoada que viu nascer um santo e que, com toda razão, alegra-se, orgulha-se e, claro, tem o compromisso de honrar o nome de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão e dele aprender sempre de novo as lições, os ensinamentos, os exemplos que ele deixou”, frisou Dom Odilo. 

O TESTEMUNHO DOS SANTOS

“Os santos são a parte bonita da Igreja, são membros da Igreja, são os grandes católicos, os grandes cristãos, os grandes discípulos de Jesus, aqueles que fizeram coisas boas. Nós tentamos. Todos somos chamados a sermos santos, mas vamos tentando. Os santos fizeram grandes coisas. Não só Frei Galvão, mas tantos outros, os grandes santos da Igreja fizeram grandes coisas como discípulos de Jesus. Não são ideias, não são mitos, são gente de carne e osso”, ressaltou. 

O Arcebispo lembrou que Frei Galvão não caiu das nuvens, mas foi uma pessoa real. “Gente de carne e osso. Aqui ainda tem parentes de Frei Galvão. Ele pertenceu a uma família, foi à escola, cresceu aqui, depois entrou num convento para ser religioso, passou pelo Rio de Janeiro, depois pela Bahia e se tornou religioso. Viveu longamente no Convento São Francisco, em São Paulo, e deu exemplo de grande dedicação aos doentes, aos pobres. Era um homem sábio, não porque tinha diplomas, mas Frei Galvão tinha a sabedoria de Deus e da fé. Por isso, muitas pessoas iam pedir conselhos a ele. Coisa bonita. É um dom do Espírito Santo pessoas que têm sabedoria, a sabedoria de Deus, e são capazes de dar conselhos, de ajudar as pessoas a discernir sobre a vida. Essas pessoas acabam sendo procuradas porque têm um dom especial de Deus”, observou. 

Frei Galvão também se dedicou especialmente à população em geral mais carente. “E, neste sentido, também as senhoras que não tinham muitas vezes onde ficar. Foi por aí que nasceu o Recolhimento da Luz, que depois se transformou no Mosteiro da Luz. Primeiramente era um recolhimento para senhoras, viúvas que ali tinham seu espaço e eram cuidadas pelas Monjas Concepcionistas”, explicou.

O AMOR AOS DOENTES

Dom Odilo também fez menção ao tema central da missa. “Hoje, nós lembramos um aspecto importante da vida de Frei Galvão. O cuidado, o amor aos doentes. E aí, recordamos uma coisa bonita a partir do Evangelho de hoje. Nós ouvimos como Jesus está na Sinagoga, que é a Igreja daquele tempo, e ali entra uma mulher toda encurvada e Jesus a cura: ‘Mulher, você está livre de seu mal, levante a cabeça’. E naquela hora ela se endireitou e ficou bem. O povo exultou de alegria. O chefe da Sinagoga não gostou porque era o dia de sábado e, sendo sábado, era o dia de Deus e na ideia do chefe da sinagoga, curar os doentes era um trabalho que não podia se fazer no sábado, no dia de Deus. Mas Jesus é o Filho de Deus e Ele diz: ‘Não é o homem que é feito para o sábado, mas o sábado que é feito para o homem’. Ou seja, o sábado é dia de descanso, dia que se consagra em honra de Deus, assim é o domingo para nós, o dia em honra de Deus, é o dia das maravilhas de Deus. Para nós, o sábado é o domingo. Porque sábado, em hebraico, significa descanso”, acrescentou. 

“Pois bem, no domingo nós recordamos as maravilhas das maravilhas de Deus, que é a Ressureição de Jesus, a vida nova, a esperança, a vida eterna que irrompe no mundo mediante a ressurreição de Deus. E Jesus, em dia de sábado, manifesta as maravilhas de Deus. Por isso que o domingo, para nós, é o dia do Senhor, onde vamos à igreja, honramos a Deus, professamos a nossa fé, ouvimos a Palavra de Deus, recebemos a Eucaristia e saímos em missão novamente a anunciar as maravilhas de Deus e a Boa Nova. E domingo é também o dia dos doentes. Domingo deveria ser o dia de nós visitarmos os doentes, sobretudo aqueles que estão nas casas, ainda mais se for da família”, exortou.

O Arcebispo lembrou que Jesus jamais passa perto de um doente sem dar-lhe a devida atenção. “Chegando em casa peguem o Evangelho e deem uma olhada lá. Quantas passagens onde Jesus está cercado de doentes e de gente sofredora. E o que Jesus faz? Jesus deu toda atenção aos doentes. Antes de Jesus subir aos céus, ele enviou os apóstolos em missão: ‘Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a toda criatura’ e ‘curai os doentes’. A preocupação de Jesus são os doentes, sinal que dá credibilidade ao anúncio do Evangelho. Se anunciamos o Evangelho, mas não temos a caridade com os doentes e os pobres, de nada adianta. Eles que são o sinal de nossa credibilidade e pregação de nossa vida cristã”, enfatizou. 

Igual preocupação com os enfermos tiveram todos os santos ao longo da história, com gestos de misericórdia. “Vocês sempre vão encontrar essa preocupação deles [santos] com os doentes e os pobres. Ah, mas hoje, o pessoal diz que quem cuida dos pobres é comunista. Vocês já ouviram falar isso? Não, não, isso não é ser comunista. Isto é cuidar dos pobres, dos doentes, como Jesus mandou, faz parte do Evangelho. Não nos deixemos enganar. Faz parte do Evangelho! Todos os santos fizeram isso, nos deram o exemplo. E Frei Galvão, que nós recordamos, deu o exemplo de grande de dedicação aos doentes. Dizem até que ele tinha aqueles momentos de ser chamado por um doente lá longe e teve o dom da bilocação”, enfatizou.

Dom Odilo ressaltou que Frei Galvão deu exemplo de atenção aos doentes e o mesmo devo ser feito hoje: “Cuidem dos doentes, dos pobres. Se praticarmos as obras de misericórdia, nossa ficha lá no céu estará boa. Então, Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, rogai por nós. Ajude-nos a cuidar dos doentes como você cuidou. Não deixem passar o tempo, o doente muitas vezes não espera, tem pressa. Visite os doentes, reze pelos doentes e organize o cuidado dos doentes para que nenhum doente fique desassistido”.

O DIA DE FREI GALVÃO

Na terça-feira, 25 de outubro, é feriado na cidade de Guaratinguetá. A primeira missa do dia foi realizada às 6h. Outra ocorre às 9h, transmitida pela TV Aparecida. Às 12h haverá a Missa da Família Missionária de Frei Galvão. Às 15h terá início Terço da Misericórdia e, às 15h30, a missa solene transmitida pela TV Canção Nova. 

Em seguida, às 17h, os fiéis percorrerão as ruas das imediações do Santuário, em procissão com a imagem de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, e depois haverá a missa de encerramento, às 19h, transmitida pela Rede Vida de Televisão e presidida pelo Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes.

A festa deste ano faz memória do bicentenário de morte de Frei Galvão (1822–2022), com dez dias de intensa programação litúrgica e celebrações, acompanhadas de festa externa com shows e comidas típicas. Neste último dia, o show é com o cantor sertanejo Fábio Satim e banda.

Desde que os frades franciscanos da Província da Imaculada Conceição assumiram o Santuário, em 11 de abril de 2021, esta é a primeira festa totalmente presencial.

A cada dia da Novena foram arrecadados alimentos e produtos de higiene pessoal para formarem cestas básicas.

Por Moacir Beggo
Comunicação dos Franciscanos

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