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A importância do vínculo mãe-bebê no período da gestação e pós-parto

Diversas pesquisas qualitativas realizadas com o objetivo de analisar como o vínculo com o bebê é construído no período da gestação e no puerpério (pós-parto) constatam que existe uma troca mútua em que ambos, mãe e bebê, interagem ativamente, desde a gestação. Esse movimento, ora partindo da mãe, ora do bebê, parece expressar tanto uma atitude estimuladora quanto uma resposta aos estímulos recíprocos. Portanto, o vínculo é o componente básico do processo interativo e, também, a mola propulsora de todo o afeto.

Esta ligação é expressa por intermédio de práticas que visam a promover bem-estar ao bebê, pois tem sido observado que o estado psicológico da mãe afeta o filho nos aspectos neurocomportamentais, além de influenciar o aparecimento de distúrbios do desenvolvimento, manifestos também no período pós-natal. Pesquisadores destacam que apenas quando for reconhecido que os benefícios do vínculo mãe-bebê facilitam o desenvolvimento do bebê, é que se poderá compreender de que forma um vínculo insuficiente (ou deficiente) prejudica e gera prejuízos no desenvolvimento psicológico e a saúde do bebê. Daí a necessidade de se dar atenção aos aspectos do vínculo mãe-bebê. Fato é: o vínculo mãe-bebê inicia-se desde a gestação do bebê e se estende por toda a vida. É um vínculo no qual o par mãe-filho se comunicará pela relação recíproca que foi desenvolvida desde a concepção, passando pelo seu desenvolvimento no útero, após o nascimento e na vida adulta. 

No pós-parto, a mulher passa por intensas modificações de adaptação psicológicas, orgânicas e ocorrência de alterações emocionais, com sentimentos ambivalentes tais como euforia e alívio, desconforto físico inerente ao tipo de parto, medo de não conseguir amamentar, ansiedade quando o leite demora a aparecer e ingurgitamento das mamas, sentimentos de decepção com o filho pelo sexo ou aparência física e o medo de não ser capaz de cuidar e responder às necessidades do bebê e não ser uma boa mãe/mulher. Ademais, se em uma gravidez esperada observam-se sentimentos ambivalentes, supõe-se, então, que em uma gravidez não planejada, sentimentos de amor e raiva, aceitação, rejeição e de culpa podem tomar uma proporção ainda maior na vida da mãe. 

A presença da mãe, inclusive sua própria existência, suscita reações no bebê, e, igualmente, a presença e existência do bebê evocam reações na mãe. Ao compreender que um bebê não pode existir sozinho – pois é essencialmente parte de uma relação em que se constitui a partir do outro, biologicamente e psiquicamente – a mãe deve buscar oferecer um ambiente saudável e sem conflitos e violência. 

Assim, é essencial que a mãe realize funções maternas fundamentais: a sustentação física e emocional, o manejo físico como trocar as fraldas, dar banho, proporcionando ao bebê o bem-estar físico e psíquico. O fato de os bebês se converterem em adultos saudáveis, em indivíduos independentes, depende de que lhes seja dado um bom princípio, o qual está assegurado pelo vínculo do afeto e cuidados. É por meio dessa relação afetiva que a mulher conseguirá vivenciar a gravidez de maneira saudável e ter uma maior integração com o seu bebê, favorecendo a formação de vínculos afetivos futuros, e a maturação da identidade da criança.

A doutrina social da Igreja indica constantemente a exigência de respeitar o direito à vida, do qual é parte integrante o direito a crescer à sombra do coração da mãe depois de ser gerado; o direito a viver em uma família unida e em um ambiente moral favorável ao desenvolvimento da própria personalidade. O desejo de maternidade ou paternidade não funda algum ‘direito ao filho’ – pelo contrário, ao nascituro devem ser garantidas as condições ótimas de existência, por meio da estabilidade da família fundada no Matrimônio.

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