Amai-vos como eu vos amei

No 5o Domingo da Páscoa, dia 15, o Papa Francisco declarará santos o Padre Cesar de Bus, fundador dos Padres Doutrinários, e o Padre Carlos de Foucauld, também conhecido como Irmão Carlos de Jesus. Ambos nasceram na França. Cesar de Bus em 3 de fevereiro de 1544, vindo a falecer aos 15 de abril de 1607, com 63 anos de idade. Carlos de Foucauld nasceu em 1858, no dia 15 de setembro e morreu no dia 1º de dezembro de 1916, com 58 anos.

Os santos nos mostram como viver na prática os ensinamentos de Jesus. Cada um a sua maneira faz sua a causa de Cristo e de seu Evangelho. Cesar de Bus preocupou-se, como o evangelista São Lucas, em mostrar ao povo do seu tempo a solidez da fé que lhe fora transmitida. E isso ele o fez com grande caridade. Carlos de Foucauld pensou que antes de qualquer esforço de conversão de não cristãos é preciso demonstrar às pessoas que elas são amadas por Deus e por nós. Carlos de Foucauld é o apóstolo da bondade.

Centrando-nos nesta reflexão na figura do Irmão Carlos de Jesus, vemos em sua vida três etapas que podem ser as nossas também. Os estudiosos do Irmão Carlos ressaltam em sua vida um lugar de purificação, outro de preparação e, por fim, um lugar de transfiguração.

O deserto é o lugar da purificação. Sobre ele escreve o fundador dos Irmãozinhos de Jesus, o Padre Voillaume: “O deserto é mais do que o lugar do retiro, já que dada a sua extensão e pelo seu aspecto inóspito, possui valores próprios. Ele traz em si o sinal da pobreza, da austeridade, da simplicidade mais extrema; o sinal da total impotência humana, que descobre a sua fraqueza porque não pode subsistir no deserto, pois ele é lugar onde habita o nada. O nada que afinal é tudo.

O lugar central da espiritualidade do Irmão Carlos é a vida oculta de Jesus em Nazaré. Trinta anos aparentemente inúteis nos quais Jesus nos mostra a intensidade de sua encarnação. Como nós, ele é um de nós na simplicidade da vida diária sem nada de extraordinário. Ele é verdadeiramente salvador numa vida aparentemente inútil. Aparentemente, porque na realidade ela acontece numa presença transformadora inserida no coração do mundo. Presença silenciosa que transforma o meio onde se encontra. Nazaré passa a ser um lugar teológico, aquele onde estamos agora, onde nos mantemos em equilíbrio com as ações controladas no exercício da obediência, onde o desejo de aparecer se confronta com o exercício da invisibilidade, onde a busca do melhor lugar acaba por encontrar o último lugar, onde Jesus está.

Olhando para o Irmão Carlos, olhamos para Jesus, que é para quem ele olha, e percebemos que não podemos viver a não ser para Ele. O amor que temos por Ele se mostra na imitação. Temos que ser como Ele e estar onde Ele está. A imitação de Jesus Cristo é o lugar da configuração. As figuras se identificam. Não posso ser diferente de Jesus que vou descobrindo sempre mais na meditação do Evangelho. “É preciso voltar ao Evangelho, se não Cristo não vive em nós”.

Imitando a vida de Nazaré do Único Modelo, o Irmão Carlos grita o Evangelho no silêncio da sua vida. No dia 1º de dezembro ele cai morto por um tiro acidental como o último dos últimos no extremo deserto do Saara. A semente cai na terra e começa a produzir frutos.

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