Secretário de Estado no pontificado de Francisco, Purpurado presidiu a missa no 2º Domingo da Páscoa, também em sufrágio do falecido Pontífice, recordando que o magistério do Papa foi marcado pela misericórdia do Pai

Com uma Praça São Pedro lotada, o Cardeal Pietro Parolin presidiu a missa do 2º Domingo de Páscoa, o Domingo da Misericórdia, 27, também em sufrágio do Papa Francisco, morto na segunda-feira, 21, e sepultado no sábado, 26. Esta é a segunda missa dos “novendiali”, nove missas celebradas após a morte do Pontífice.
Neste Domingo da Misericórdia se realizaria no Vaticano a canonização do Beato Carlo Acutis – o jovem quem evangelizou pela internet -, mas a celebração foi cancelada e será realizada em ocasião a ser definida pelo futuro Papa. Por isso, grande quantidade de jovens estava na Praça São Pedro para a missa na qual o Cardeal de 70 anos, e que foi Secretário de Estado no Pontificado de Francisco, convidou os cristãos a buscarem a infinita misericórdia de Cristo pela paz no mundo e em seus corações.
A LUZ DA RESSURREIÇÃO PERANTE A DOR DA PARTIDA
Na homilia, o Cardeal Parolin recordou o Evangelho proclamado neste dia, no qual Jesus Ressuscitado aparece aos seus discípulos, enquanto estavam no cenáculo onde se encerraram com medo, de portas fechadas (Jo 20,19), estando perturbados e de coração triste, “porque o Mestre e Pastor, que tinham seguido deixando tudo, foi pregado na cruz. Viveram coisas terríveis e sentem-se órfãos, sozinhos, perdidos, ameaçados e indefesos”.
“A imagem inicial que o Evangelho nos oferece neste domingo pode representar bem o estado de espírito de todos nós, da Igreja e do mundo inteiro. O Pastor que o Senhor deu ao seu povo, o Papa Francisco, terminou a sua vida terrena e deixou-nos. A dor pela sua partida, a tristeza que nos assalta, a perturbação que sentimos no coração, a sensação de desorientação: estamos a viver tudo isto, como os apóstolos entristecidos pela morte de Jesus”, comentou o Cardeal.
“No entanto, o Evangelho diz-nos que é precisamente nestes momentos de escuridão que o Senhor vem até nós com a luz da ressurreição, para iluminar os nossos corações. O Papa Francisco lembrou-no-lo desde a sua eleição e repetiu-no-lo muitas vezes, colocando no centro do seu pontificado a alegria do Evangelho que – como escreveu na Evangelii gaudium – ‘enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria’ (n. 1)”, comentou, destacando que a alegria pascal sustenta os cristãos na hora da provação e da tristeza.
AOS JOVENS: COM CRISTO, NUNCA ESTARÃO SOZINHOS

Diante das perceptíveis expressões de tristezas dos jovens reunidos na Praça, o Cardeal Parolin dirigiu-lhes uma saudação especial, “com o desejo de vos fazer sentir o abraço da Igreja e o carinho do Papa Francisco, que teria desejado encontrar-vos, olhar-vos nos olhos e passar no meio de vós para vos saudar”.
O Cardeal italiano ressaltou que atualmente estão postos aos jovens desafios no campo da tecnologia e da inteligência artificial, diante dos quais jamais devem se esquecer que a verdadeira esperança é Jesus Cristo: “Com Ele, nunca estareis sozinhos nem abandonados a vós mesmos, nem sequer nos momentos mais sombrios! Ele vem ao vosso encontro ali onde vos encontrais, para vos dar coragem para viver, para partilhar as vossas experiências, as vossas preocupações, os vossos dons, os vossos sonhos, para ver no rosto de quem está próximo ou distante um irmão e uma irmã a amar, a quem tendes tanto para dar e de quem tendes tanto para receber, para vos ajudar a ser generosos, fiéis e responsáveis na vida que vos espera, para vos fazer compreender o que mais importa na vida: o amor que tudo compreende e tudo espera (cf. 1 Cor 13, 7)”.
O CRISTÃO E A MISERICÓRDIA

Ainda na homilia, o Cardeal Parolin fez menção à celebração da Festa da Divina Misericórdia, instituída há 25 anos por São João Paulo II e sempre celebrada no 2º Domingo da Páscoa.
“É precisamente a misericórdia do Pai, maior do que os nossos limites e os nossos cálculos, que caracterizou o Magistério do Papa Francisco e a sua intensa atividade apostólica, juntamente com o desejo de a anunciar e partilhar com todos – o anúncio da boa nova, a evangelização –, que foi o programa do seu pontificado. Ele lembrou-nos que ‘misericórdia’ é nome próprio de Deus e, portanto, ninguém pode colocar limites ao seu amor misericordioso, com o qual Ele quer levantar-nos e tornar-nos pessoas novas”.
“A misericórdia leva-nos de novo ao coração da fé. Lembra-nos que não devemos interpretar a nossa relação com Deus e o nosso ser Igreja segundo categorias humanas ou mundanas, porque a boa notícia do Evangelho é, antes de mais nada, a descoberta de sermos amados por um Deus que tem entranhas de compaixão e ternura por cada um de nós, independentemente dos nossos méritos; lembra-nos, além disso, que a nossa vida é tecida de misericórdia: só podemos levantar-nos após as nossas quedas e olhar para o futuro se temos alguém que nos ama sem limites e nos perdoa”, destacou o Cardeal, exortando os fiéis a viver abertos ao diálogo e acolhendo a todos que encontrarem em seus caminho.
“O Senhor Ressuscitado determina que os seus discípulos, a sua Igreja, sejam instrumentos de misericórdia para a humanidade, para aqueles que desejam acolher o amor e o perdão de Deus. O Papa Francisco foi testemunha luminosa de uma Igreja que se inclina com ternura perante os feridos e cura com o bálsamo da misericórdia; e recordou-nos que não pode haver paz sem o reconhecimento do outro, sem a atenção aos mais fracos e, sobretudo, nunca pode haver paz se não aprendermos a perdoar-nos reciprocamente, usando entre nós a mesma misericórdia que Deus tem para com a nossa vida”, prosseguiu.
“Irmãos e irmãs, precisamente neste domingo da misericórdia, recordamos com carinho o nosso amado Papa Francisco. Esta memória está particularmente viva entre os funcionários e fiéis da Cidade do Vaticano, muitos dos quais estão aqui presentes, e a quem gostaria de agradecer pelo serviço que prestam diariamente. A vós, a todos nós, ao mundo inteiro, o Papa Francisco envia do Céu o seu abraço”, disse o Cardeal ao final da homilia, pedindo a intercessão da Virgem Maria sobre todos.
(Com informações de Vatican News)