Arrepiar-se durante a oração tem algum significado especial?

A Édna Aparecida me enviou a seguinte dúvida: “Padre, sinto muito arrepio quando me concentro em oração. Por que isso acontece?”.

A primeira coisa a dizer é que é muito importante a oração em nossa vida. Na oração, nós entramos na intimidade com Deus, nosso Pai, por meio de Jesus e na unidade do Espírito Santo.

Outra coisa é que, embora as palavras “rezar” e “orar” signifiquem o mesmo diálogo com Deus, a palavra “rezar” é muito mais um recitar ou repetir palavras que outros escreveram para a gente, enquanto a palavra “orar” é a gente abrir o coração a Deus tirando lá do fundo da nossa alma as súplicas de graças e de perdão, as palavras de agradecimento e de louvor.

Quando a gente ora, coloca mais o coração naquilo que diz a Deus, nosso Pai. Mas isso não significa que devemos desprezar aquela riqueza imensa de preces que a Igreja e muitos homens de Deus colocam em nossa boca.

Jesus nos aconselha a orar e a orar sempre: a orar a sós, no silêncio de nosso quarto ou de uma Igreja e a orar em comunhão com outros.

Ele garante que o Pai escuta a oração pessoal com atenção. Na oração em comum, Jesus garante a sua presença no meio dos que oram. Muito importante também é a oração litúrgica. Nela, nós, os crentes, nos tornamos Igreja, Família de Deus em torno da mesa comum da Palavra e do Pão.

Agora, esse negócio de ficar arrepiado, de chorar, não é nada de extraordinário não, viu? Dependendo do estado de alma, quem ora pode emocionar-se ou não. A emoção, os arrepios, o choro não tornam a oração mais piedosa ou não. É bom que a gente entenda isso, porque se não, daqui a pouco, haverá muita gente confundido fé, piedade, amor a Deus com sentimentalismo. Ou pior ainda: a gente vai acabar por achar que se não se emocionou é porque a oração não valeu, não foi feita com amor. Deus conhece o nosso coração e não se deixa levar por emoções e lágrimas.

A grande Santa Tereza, reformadora do Carmelo, reclamava muito em suas orações quando sentia uma secura de alma. Parecia que estava num deserto. Nem por isso ela deixava de orar. É isso aí. Acontece muitas vezes que a gente não sente prazer em orar. Orar neste momento se torna um exercício, uma ginástica, que embora cansativa, vai nos trazer a saúde da alma.

Não ligue para os seus arrepios quando se concentra em oração, Édna? Em vez disso, pense no que está dizendo a Deus, não ore só por si mesma, seja uma intercessora junto ao Pai do céu pela Igreja, pela paz, pelos que sofrem sob o peso da exclusão social, pelos que não sabem orar, pelos que não querem orar.

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Nelson A de Araújo
Nelson A de Araújo
7 meses atrás

Achei excelente essa reflexão. Eu precisava disso.

Márcia
Márcia
5 meses atrás

Muito oportuna a explicação. Às vezes eu fico completamente arrepiada e com calafrios ao rezar. Confesso ficar com receio de almas vagantes.

Marcilene da Silva
Marcilene da Silva
5 meses atrás

Amém senhor Jesus abençoe sempre a minha vida e minha família toda e meus amigos amém senhor Jesus

Valdemiro Lima
Valdemiro Lima
1 mês atrás

Achei muito bom essa intervenção.