Escola e família em tempos de pandemia

Esta quarentena, que a princípio seria reduzida, prolongou-se muito e estamos há aproximadamente 150 dias vivendo uma rotina completamente diferente da habitual.

De tudo o que vem causando estresse no convívio familiar, uma das coisas que parecem estar no topo da lista é o fato de os pais terem se transformado em professores dos filhos. Para além de todos os desafios que a pandemia introduziu no cenário familiar, há ainda a responsabilidade de acompanhar os filhos em suas atividades escolares, o que antes ficava a cargo do professor e de toda a estrutura escolar que o assessora.

Encontro muitos pais absolutamente perdidos, sentindo-se incapazes de realizar esse acompanhamento, pelos mais diversos motivos, entre os quais a falta de conhecimento sobre o processo de ensino- -aprendizagem; de domínio do conteúdo que está sendo trabalhado; de tempo para acompanhar os filhos (especialmente os pequenos), nas atividades on-line, uma vez que estão em horário de trabalho; de instrumentos para lidar com o desinteresse e com a frustração dos filhos com a nova dinâmica escolar.

Não se pode negar que são muitas as dificuldades que esse novo cenário apresenta. Apesar disso, é preciso olhar para a situação em busca de um modo de vivê-la da melhor maneira possível e crescer com ela; afinal, nas dificuldades, ganha-se um enorme impulso no processo de crescimento.

A seguir, algumas dicas e reflexões para ajudar nessa tarefa:

1. Lembrar constantemente: ninguém gostaria de estar nessa situação, todos estão aprendendo a lidar com ela e tanto a família quanto a escola buscam oferecer o seu melhor.

2. A maior aprendizagem dos filhos neste ano não será a de conteúdos conceituais (Português, Matemática, Física, Química etc.) e sim a de conteúdos atitudinais (virtudes, competências socioemocionais). Valorize essa aprendizagem! Ela possibilitará que eles se formem para enfrentar as demais dificuldades que encontrarem pela vida, além de torná-los pessoas melhores para o mundo.

3. Quando se sentir insatisfeito com alguma proposta ou atividade oferecida pela escola, procure conversar abertamente com o professor ou a coordenação. Lembre-se: ninguém tem “receita” para o que estamos vivendo, tudo o que vem sendo oferecido é fruto de muito trabalho e empenho em buscar o melhor.

4. Abra-se para ouvir o que a escola tem a dizer, pois ela conhece os objetivos que pretende alcançar com o que está propondo. Exponha com clareza as dificuldades reais que encontra para realizar a proposta. A realidade de cada família é única, e a escola não conseguirá atender às expectativas e imaginar as possibilidades de cada uma se isso não for compartilhado.

5. Manter a atenção e aproveitamento em aulas on-line para crianças e adolescentes é um grande desafio. Podemos ajudá-los, estabelecendo uma rotina de estudos e descanso/diversão, preparando-os para os horários combinados de atividades on-line ou videoaulas, enfim, mantendo uma ordem no dia.

6. Esforçar-se por romper com o modelo escolar que tínhamos anteriormente – com certeza, as escolas não conseguirão cumprir as expectativas se elas estiverem baseadas nas aulas presenciais. Nada e nenhuma possibilidade tecnológica substitui a troca de olhares, de sorrisos, o relacionamento pessoal que permeava o processo escolar. Muito menos para as crianças pequenas, é inútil dizer o contrário. Na primeira infância, a criança não está preparada para muitas horas de atividades on-line; aliás, em tempos comuns, diríamos que nem sequer deveriam estar diante de telas, não é mesmo?

Se queremos apoiar nossos filhos, precisamos rever nossas expectativas a respeito do processo de aprendizagem escolar e valorizar a gama de ensinamentos que este momento tão difícil oferece. Pense nisso!

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