Natal 2020: lições para aprendermos e ensinarmos

Quem diria, há um ano, que estaríamos nos preparando para o Natal desta maneira tão diferente de tudo o que cada um de nós já experimentou na vida? Quem imaginaria o ano de 2020 como este que estamos tendo? Tenho certeza de que ninguém. 

Estamos terminando um ano que parece não ter começado: uma sensação de vazio – de pouca realização, apesar de muitíssimo trabalho, de tempo perdido apesar de tantas tarefas executadas –, fomos pais, profissionais, professores, inovadores, aprendemos muito sobre comunicação on-line. No entanto, que sensação de falta. Perdemos pessoas, empregos, empresas, perdemos a recuperação econômica que começava a acontecer, perdemos a liberdade de ir e vir, a oportunidade de convívio com familiares e amigos, comemorações que sonhávamos, viagens programadas… Sim, perdemos muito, não podemos negar.

Sem entrarmos no mérito do quanto isso tudo deveria ou não ter sido conduzido do modo que foi, quero convidá-los agora, porém, a pensar no que ganhamos. 

Lição 1 – Ganhamos a oportunidade de entrar em contato com nossa vulnerabilidade, condição que negamos insistentemente. Procuramos viver como se nunca fôssemos morrer, e a pandemia nos colocou de cara com essa possibilidade, sendo que muitos estremeceram. Apesar disso, nada como estar diante da iminência da morte para valorizar a vida e seu sentido mais profundo, para focar o que de fato vale a pena, sem complicações. Nós, que nunca fomos imortais, somente vivíamos iludidos por essa sensação imaginária, experimentamos o que Jesus fez por nós – Ele sim, sendo Deus imortal, pleno, atemporal, se reduziu à natureza humana, se fez completamente vulnerável por amor a nós e pela nossa salvação. 

Trazendo essa realidade para a nossa vida, o que podemos aprender com os nossos filhos e o que podemos ensinar-lhes diante da vulnerabilidade? Vamos lá:

  1. Identificar com clareza o essencial e o supérfluo. Definir os valores que de fato valem a pena e estruturarmos neles nossa vida e nossos anseios. Quando identificamos o essencial, percebemos que se trata de valores pelos quais vale viver e vale morrer, dá sentido à vida. Que tal fazermos esse exercício com os nossos filhos? Ajudarmos a que identifiquem no seu cotidiano o essencial, que abram mão do supérfluo: um brinquedo, uma roupa, uma vontade. Os limites que essa pandemia nos impôs favoreceram muito o contato deles com a frustração, foram muitos os quereres que não puderam ser atendidos, e isso é um grande tesouro. Vamos aproveitar essa oportunidade para que se tornem pessoas mais fortes, capazes de se privar do que não é essencial e lutar pelo que vale a pena. 
  2. Aproveitar o tempo. Dedicar tempo e atenção ao que realmente é importante. Quando não temos sentido de urgência, de que a vida está passando e que o tempo dela é limitado, acabamos nos perdendo no tempo e, na maioria das vezes, não identificamos no que vale a pena investirmos esse grande tesouro. Vamos aproveitar para vivermos como se fosse o último dia – o que podemos fazer de bom no tempo que temos hoje? Podemos ajudar nossos filhos, de acordo com a idade, a aproveitar melhor o tempo, a identificar modos de ocupá-lo com atividades construtivas, que servem aos demais e ao crescimento deles. 
  3. Viver a dimensão da fé. Temos um Deus que cuida de nós, que aceitou se tornar absolutamente vulnerável por amor a cada um. Nada nem ninguém pode cuidar de nós melhor do que Ele. Enfrentamos a vida e a morte com mais audácia e segurança sabendo-nos amparados por um Pai Amoroso, poderoso, onipotente e onisciente. Vamos nos abrir à fé, vamos ensinar a fé aos nossos filhos, ajudando-os a se relacionar de modo pessoal com Jesus. 

Olhando para o presépio, temos uma lição de extrema vulnerabilidade e imensa confiança. Faltou tudo o que poderia faltar de material para o nascimento do Menino Deus, mas não faltaram a graça e o amor que iluminaram o mundo naquela noite maravilhosa. 
Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Mantém o blog educandonacao.com.br

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