Ó, vem conosco caminhar, Santa Maria!

No último domingo, 5, milhares de fiéis de nossa Arquidiocese acompanharam seus padres e bispos em peregrinação na 123ª romaria anual a Aparecida. Crianças, idosos, pais e mães de família, gente de todas as regiões da Arquidiocese, de todas as classes sociais, de todas as etnias e opiniões encheram o Santuário Nacional, num clima familiar e alegre, de quem se sente seguro e protegido – de quem se sente em casa. Como bem recordou Dom Odilo na homilia, a “casa da mãe” é aquele lugar de aconchego e ternura, onde temos certeza de encontrar conforto e refúgio nos momentos de apuro.

Nós, brasileiros, temos um carinho todo especial pela figura materna. Quem não se emociona ao lembrar-se do dia em que saiu de casa, em que a mãe nos olhava nos olhos, afagando os cabelos e dizendo: “Por onde você for, eu sigo com meu pensamento, sempre onde estiver, e em minhas orações eu vou pedir a Deus que ilumine os passos seus”? Ou ainda, se por algum motivo nos afastamos do amor materno, e depois de vagar um pouco perdidos pela vida, nos reconduzimos ao lar, e “sem saber depois de tanto tempo, se havia alguém à espera, vemos dois braços abertos que abraçam como antigamente”?

Ora, se nossas mães da terra já nos enchem de tanto aconchego e doçura, como somos felizes de poder ter, junto do amor de nossa mãe biológica, também o carinho de nossa Mãezinha do Céu! Sim, porque o mesmo Jesus que escolheu nascer de Maria, e escolheu dar a ela todas as graças para ser uma Mãe digna de tão grande Filho, escolheu também compartilhá-la conosco. Quando expirava na Cruz, ele não disse “Maria, eis aí João!”, mas, sim, “Mulher, eis aí o teu filho!” – e essa linguagem mais geral indicava a universalidade da missão materna que Nossa Senhora recebia.

Ao salvar a humanidade, Deus usa da colaboração de instrumentos humanos para ajudar os outros a se aproximar de seu Filho (Lumen gentium – LG 9), e o mesmo aconteceu com Maria, de uma forma toda especial. Desde que recebeu do anjo o anúncio de que fora predestinada desde toda a eternidade para ser Mãe de Deus, ela imediatamente pôs-se em atitude de serviço, indo socorrer a anciã Isabel, já grávida de seis meses. E justamente nesse serviço, ela foi reconhecida como “Mãe do meu Senhor” (cf. Lc 1,43).

Nossa Senhora recebeu de Deus esta missão de velar por nós e interceder por nossas necessidades – assim como ela fez nas bodas de Caná. Um grande desastre estava para acontecer: acabar o vinho de uma festa de casamento! Porém, a sempre alerta Virgem, antes mesmo que os noivos suspeitassem de qualquer problema, adiantou-se e, com toda discrição, recorreu a seu Filho: o qual, instado por sua amável Mãe, não pôde recusar – estava feito o milagre e resolvida a crise. Também em nossas crises, quando o vinho ameaça faltar, Maria está sempre vigilante, alerta, e intercedendo junto a Jesus: “Meu Filho, este teu irmão precisa disso! Este outro corre perigo daquilo!” E logo vem a resposta.

Nosso amor a Maria não diminui em nada a adoração que rendemos a Deus. Pelo contrário: é o próprio Cristo quem a escolheu para receber esta grande veneração dos cristãos, e nenhum filho fica diminuído quando mostramos amor e carinho à sua mãe. Voltemos sempre, então, à Virgem Maria, pedindo que ela caminhe sempre conosco, e cantemos: “Dai-nos a bênção, ó Mãe querida, Nossa Senhora Aparecida!”

guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Veja todos os comentários