Os jovens em Lisboa

Por alguns dias, Lisboa atrai as atenções do mundo porque, de todos os países, lá se reúnem-se os jovens convocados pelo Papa Francisco para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Geralmente, são jovens católicos ligados às paróquias, colégios, movimentos e todo tipo de associações e organizações de juventude da Igreja Católica.

Lisboa enche-se de bandeiras coloridas, de hinos, vida e alegria, espalhando emoção e interação espontânea na população local, como somente os jovens são capazes de fazer. É o rosto jovem da humanidade e da Igreja, rosto verdadeiro e bonito, que renova a esperança e a confiança no futuro. Esses jovens serão capazes de assumir em suas mãos a história e o destino de suas comunidades e também da Igreja.

Que há de tão atraente, capaz de motivar esses jovens de todas as categorias sociais, de todas as raças, etnias, povos, línguas e culturas a enfrentarem o desconforto de longas viagens, de caminhadas intermináveis, do calor e do cansaço para passar juntos alguns dias num país que não é o seu, para ouvir reflexões em língua que, muitas vezes, não é a sua, para encontrar pessoas com formação cultural tão diversa? Que força é essa que move esses jovens a participarem da JMJ?

Sem dúvida, uma forte motivação vem do próprio evento juvenil organizado pela Igreja, na pessoa do Papa, que tem algo a dizer aos jovens e a quem os jovens querem ouvir. Eles querem encontrar o Papa e sentir de perto sua paternidade e suas orientações, ainda que sejam desafiadoras para muitos, por serem um convite a remar contra a corrente da cultura dominante e a seguir o caminho de Jesus Cristo. Sem a presença do Papa, a JMJ não despertaria a mesma motivação nos jovens.

Importante é a motivação que vem da experiência realizada juntos, jovens com outros jovens, na sua diversidade étnica e cultural, mas todos unidos pela fé em Jesus Cristo e na pertença à Igreja. É impactante para os jovens oriundos de diferentes situações sociais, políticas, culturais e nacionais experimentar que compartilham a mesma fé, cantam e rezam juntos e, lado a lado, professam os mesmos ideais de vida. A JMJ não mostra apenas o rosto de toda a humanidade reunida em fraternidade e harmonia, mas também a Igreja reunida pelo essencial, pelo que realmente conta: a mesma fé, os mesmos sinais e expressões da fé, ainda que sejam traduzidas em roupagens culturais tão variadas.

Mas, além de tudo e acima de tudo, os jovens buscam o encontro com Jesus Cristo. Não se trata de um festival qualquer, que poderia acontecer com outras motivações. A JMJ é fortemente animada pela busca da experiência comunitária e juvenil do encontro com Deus, por Jesus Cristo e na Igreja. E isso é bem perceptível ao longo da Jornada, nos encontros catequéticos, nas celebrações em todas as línguas, nos encontros com o Papa, na grande vigília no final da Jornada. Também é fortemente sentida nos encontros espontâneos e fraternos dos jovens uns com os outros, como se sempre tivessem estado juntos, mesmo sem se conhecerem. É como Jesus prometeu: “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, aí estarei eu no meio deles” (Mt 18,20). Os jovens estão reunidos em nome de Cristo. O Batismo comum a todos os chama constantemente a estarem unidos em nome de Jesus Cristo e o Papa, em nome da Igreja, os convocou. A JMJ é um testemunho extraordinário dessa presença de Jesus no meio dos jovens.

Enfim, a JMJ é uma experiência extraordinária para os jovens e também para a Igreja. O tema que orientou a convocação e a realização da Jornada remete a Maria, Mãe de Jesus e Mãe da Igreja: “Maria levantou-se às pressas” (cf. Lc 1,39-46). Após receber o anúncio do Anjo Gabriel, que ela seria a Mãe do Salvador, Maria foi às pressas visitar e ajudar sua prima Isabel, que também esperava um filho. A “pressa” mostra a disposição de partilhar logo o maravilhoso segredo, da “boa nova”, que ela levava no coração. E queria ir ao encontro de quem precisava de sua ajuda. E sua visita encheu de vida e alegria a casa de Isabel e Zacarias. Foi uma visita missionária bonita e eficaz.

Os jovens têm alegrias e riquezas a compartilhar com outros jovens. E, após a JMJ, voltando para suas casas e comunidades, terão ainda mais para contar a quem ficou em casa. A Jornada é, no fundo, um evento missionário de grande efeito na Igreja jovem.

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