O Evangelho do último domingo apresenta-nos Jesus sentado diante do cofre das oferendas no Templo. Observava como as pessoas depositavam ali as suas esmolas e “muitos ricos lançavam dinheiro em abundância”. Então, aproximou-se uma pobre viúva e “lançou duas pequenas moedas, que valem um quadrante”. Eram moedas de pouco valor. E ele chamou os seus discípulos e disse-lhes: “Em verdade vos digo: esta pobre viúva deu mais do que todos os que lançaram no cofre, porque todos deram do que tinham em abundância; esta, porém, ofereceu tudo o que restava para o seu sustento”. Um valor insignificante: o que se faria no templo com estas duas moedas? Mas o que é desprezível aos olhos humanos, diante de Deus, tem um valor elevado. Porque Deus vê a situação concreta, a generosidade e a dedicação manifestada em um gesto pequeno. A lição é clara: o valor não está na quantidade, mas no amor que se coloca. Quantas pequenas moedas como essas há na nossa vida diária? Com isso, estamos construindo nossa santificação pessoal: a maior qualificação que se pode atingir. Não se trata de fazer coisas estranhas e extraordinárias, mas de fazer o dever de cada instante com desejo de crescer, de amadurecer, ganhar as virtudes humanas e cristãs. E, ao mesmo tempo, servir a Deus e ajudar os outros.
Deus vê as coisas de uma forma diferente da visão dos homens. A importância da vida e dos fatos não depende das câmeras fotográficas, ou dos microfones, mas do “olhar de Deus”. Deus vê ao mesmo tempo o que nós chamamos “coisa grande”, “importante”, e as coisas que chamamos “pequenas” e “sem importância”. Deus vê os movimentos de tropa para uma guerra e uma criança que brinca com a sua boneca. Deus vê os homens que estão decidindo os destinos da Terra e a pessoa que cultiva a sua horta em uma cidadezinha perdida do interior.
A importância que nós, os homens, costumamos dar às coisas é enganosa. A manchete do jornal. A notícia na televisão. A real importância dos fatos é aquela que tem “aos olhos de Deus”. O “jornal” de Deus é bem diferente do nosso! É o jornal verdadeiro, porque o que dá a real importância às obras dos homens é o olhar de Deus. Este ensinamento está muito claro nesta cena do Evangelho. Assim também são as pessoas: aparentemente iguais. A gente vê os colegas de sala: assistem às mesmas aulas, aprendem as mesmas coisas. Estudam as mesmas matérias, frequentam os mesmos colégios, entram nas mesmas faculdades. Uns crescem, progridem, destacam-se. Realizam uma carreira brilhante, triunfam na vida profissional. Mas outros ficam pelo caminho, acomodam-se. Dispersam-se em outras direções e se perdem. Muitas vezes não é questão de inteligência ou de capacidade, mas é por falta de esforço, de empenho, de atenção, de dedicação. Triunfa a pessoa que vence muitas vezes a sua preguiça. Amadurece a pessoa que dá valor a seu trabalho e estudo de cada dia. Quem se dedica, no final, acaba triunfando. O que nós não podemos fazer é desprezar o que é pequeno. Essa é a diferença entre o santo e o medíocre, entre o bom e o mau profissional, entre o simples esportista e o campeão: a fidelidade a uma série quase infinita de ações muito pequenas, realizadas por amor a Deus.