O escapulário de Nossa Senhora do Carmo

A festa de Nossa Senhora do Carmo nos lembra a devoção do escapulário. Penso em Maria Santíssima, em sua solicitude, recomendando-nos que carreguemos uma prova física do seu carinho maternal. É verdade! Nossas mães estão sempre atentas às nossas necessidades: se não almoçamos direito, elas nos preparam um lanche reforçado; se vamos viajar, recomendam levar uma blusa ou um casaco para o caso de fazer frio… Assim também acontece com o escapulário: trata-se de um sinal de que pertencemos à Nossa Mãe celestial, que está empenhada em que percorramos com segurança a nossa peregrinação nesta terra até sermos recebidos por seu Filho Jesus no Reino do Céu. “Devo dizer-vos – comentava São João Paulo II – que na minha juventude, quando era como vós, Ela me ajudou. Não poderia vos dizer em que medida, mas penso que foi numa medida imensa. Ajudou-me a encontrar a graça própria da minha idade, da minha vocação.” E acrescentava: “A missão da Virgem, essa que se encontra prefigurada e começa no Monte Carmelo, na Terra Santa, está ligada a uma veste. Esta veste se chama santo escapulário. Eu devo muito, nos anos da minha juventude, a este escapulário carmelitano. Que a mãe se mostre sempre solícita e se preocupe com a roupa dos seus filhos, de que se apresentem bem vestidos, é algo encantador”. (São João Paulo II, Alocução, 15/01/1989).

No dia 16 de julho de 1251, a Santíssima Virgem apareceu a São Simão Stock, Superior da Ordem dos Carmelitas, e prometeu graças e bênçãos especiais a todos os que usassem o escapulário. Durante séculos, os cristãos se refugiam nessa proteção de Nossa Senhora.

A palavra escapulário provém do termo latino scapula, que significa “ombros”, e indica propriamente uma veste que certas ordens religiosas, como os Beneditinos, Carmelitas, Cistercienses e Dominicanos, usam desde os tempos mais remotos, colocado por cima do hábito normal, cobrindo os ombros até a altura do peito, com o motivo de manifestar, por meio de mais esse sinal, a consagração que fazem a Deus. O povo cristão, imitando este costume, começou a usá-lo, em menores proporções.

O escapulário que se tornou mais popular e conhecido é o da Ordem do Carmo, que parece ter servido de modelo para todos os outros. É formado por dois pedaços de pano de lã, retangulares, de cor marrom escuro, unidos por dois cordões. Num pedaço de pano há a figura de Nossa Senhora do Carmo e, no outro, a do Sagrado Coração de Jesus. Quem recebe o escapulário mediante a cerimônia aprovada pela Igreja, realizada pelo sacerdote, poderá usufruir de alguns privilégios concedidos em primeiro lugar aos Carmelitas e, mais tarde, a todo o povo cristão. Sabemos que o escapulário pode ser substituído por uma medalha de metal, com as duas imagens nas suas faces: Nossa Senhora do Carmo e o Sagrado Coração de Jesus.

Dentre as prerrogativas espirituais que Nossa Senhora revelou a São Simão Stock, no século XIII, está a promessa da perseverança final (a salvação) a quem morrer usando este escapulário. É preciso entender corretamente essa promessa. Sabemos que nenhum de nós tem a sua perseverança garantida. Por isso, temos que pedir constantemente a Deus a nossa perseverança na fé e no estado de graça, e lutarmos continuamente contra os nossos defeitos e pecados, recorrendo à oração, à Confissão frequente e à Comunhão eucarística. A graça que Nossa Senhora concede aos que usam o escapulário e morrem com ele é a de se arrependerem de todos os pecados que cometeram, pois, como Jesus nos adverte, “aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt 24,13).

À primeira promessa da perseverança final se acrescenta outra prerrogativa do uso do escapulário: o chamado privilégio sabatino. Por esse privilégio, Nossa Senhora tirará do Purgatório (se lá estiver) e levará para o Céu, no sábado seguinte após a morte, a alma da pessoa que usar piedosamente o escapulário durante a sua vida.

Evidentemente, não se pode pensar no escapulário como uma espécie de amuleto da sorte, com a mentalidade supersticiosa. É um sinal de pertença à Nossa Senhora e ao Sagrado Coração de Jesus. É também uma lembrança daquilo que mais interessa: a perseverança na fé e na vida cristã e a salvação da nossa alma. Trata-se de uma devoção filial a Nossa Senhora, da qual diariamente nos lembramos ao vestir o escapulário. Todas as aprovações do escapulário feitas pelos papas nos últimos séculos dão a esta devoção um valor inestimável. “Traz sobre o teu peito o santo escapulário do Carmo – diz São Josemaría –, poucas devoções (há muitas e muito boas devoções marianas) estão tão arraigadas entre os fiéis e têm tantas bênçãos dos pontífices. Além disso, é tão maternal este privilégio sabatino” (“Caminho”, nº 500).

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