Neste mês e neste ano vocacional, é comum as pessoas perguntarem pelos sinais de um verdadeiro chamado a uma vida de entrega a Deus. Em geral, podemos identificar três sinais claros de vocação na vida de Nossa Mãe, Santa Maria. Primeiro sinal: ter condições e não ter impedimentos: o Arcanjo São Gabriel, ao anunciar a vocação de Maria, começa saudando-a dessa forma: ‘Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo’ (Lc 1,28). Depois, ter consciência da grandeza de um chamado divino e sentir medo. Maria perturbou-se com a saudação inicial e o Arcanjo a animou: ‘Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus’ (Lc 1,30). E, por fim, querer, decidir corresponder, dizer ‘sim’ a Deus e colocar toda a vida nas suas mãos: ‘Faça-se em mim segundo a tua palavra’ (Lc 1,38).
Uma coisa é certa: Deus não chama sem conceder as condições necessárias. Portanto, é preciso examinar-se na oração e com a ajuda do diretor espiritual para verificar se a falta de condições ou de aptidões mostra que não se tem essa vocação. Ao contrário, se se tem as condições e não há impedimentos, a probabilidade de haver uma clara vocação divina é maior. Por isso, o fato de uma pessoa considerar seriamente a possibilidade de ser chamada a um determinado caminho de entrega a Deus já indica que é bastante provável que esse seja o seu caminho. Um motivo que conforta e anima a corresponder à vocação é considerar que quando Deus dá a uma pessoa a luz da vocação, também lhe dá a graça necessária para corresponder e para decidir com generosidade. É por isso que se diz: ‘Deus não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos’. Deus não costuma atuar como os homens. Na vida humana, quando alguém pretende realizar uma missão, uma empresa, um empreendimento qualquer, procura convocar as pessoas mais preparadas, com o perfil mais adequado para aquela iniciativa. Já Deus primeiro escolhe e depois capacita.
Por ser Criador, quando Deus deseja realizar uma obra evangelizadora da Igreja em determinada época e lugar, pensa primeiro nas pessoas e as chama à existência, de tal maneira que a pessoa já possui a vocação até mesmo antes de existir. São Paulo se encanta em proclamá-lo no famoso prólogo da Carta aos Efésios: ‘Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, […] que nos escolheu Nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, diante de seus olhos’ (Ef 1,3). Jesus Cristo, quando pretendeu formar o grupo dos doze apóstolos, escolheu não os melhores, mas os que quis, para O seguirem e realizarem a vocação de estender a sua missão em toda a terra.
Deus primeiro escolhe e depois capacita os escolhidos para realizarem a missão e a vocação para a qual foram chamados. Assim, são seus seguidores: homens e mulheres limitados, cheios de defeitos, mas conscientes de haver recebido um chamado divino. Essa convicção do caráter sobrenatural da vocação dá a segurança de saber que, se Deus chama para uma vocação e uma missão, não deixará de dar as graças e ajudas necessárias para levá-la em frente. Vamos pedir luzes a Deus para que cada vez mais pessoas descubram o seu caminho vocacional na vida religiosa, no ministério sacerdotal ou na santidade laical no meio do mundo, mediante o sacramento do Matrimônio ou o celibato apostólico.
