Para ser Mãe de Deus, Nossa Senhora recebeu graças singulares. Foi preservada da mancha do pecado original, permaneceu virgem antes, durante e depois de dar à luz seu divino Filho, e foi assunta ao Céu em corpo e alma. A Virgem Mãe é a criatura mais santa que já existiu neste mundo. Na sua vida, recebeu por antecipação tudo o que esperamos receber de Deus na ordem da graça.
O mundo ainda estava sem redenção, mas Ela foi salva antecipadamente em vista dos méritos Daquele a quem gestaria. Os homens ainda não tinham a graça santificante, mas Ela foi chamada pelo Arcanjo de ‘cheia de graça’. O Espírito Santo ainda não havia sido derramado em Pentecostes, mas pela ação do mesmo Espírito Ela concebeu o Senhor. Antes que o mundo conhecesse o Salvador, Ela já o havia concebido, gestado, amamentado, abraçado e amado mais do que todos os santos serão capazes de amá-Lo até o fim dos tempos.
Maria compreendeu precocemente os desígnios divinos e pediu que Jesus antecipasse a sua hora nas bodas de Caná (Jo 2,1-11). Os apóstolos eram ainda incapazes de perceber o sentido da Morte do Senhor, e Ela estava de pé, junto à Cruz, unida à oferta que Cristo fazia de si mesmo por nós. Séculos antes da nossa vinda a este mundo, Ela já nos havia aceitado como filhos ao ouvir as palavras do Senhor na Cruz: “Mulher, eis o teu filho” (Jo 19,26).
Ela é Mãe, modelo, intercessora, refúgio e indica a direção a seguir à multidão incontável de todos aqueles que, até o fim dos tempos, crerão em Jesus e serão salvos. Nos desígnios de Deus, a Virgem de Nazaré sempre esteve um passo à frente dos outros membros da Igreja. Este é um dos sentidos do mistério da sua Assunção. Antes dos demais membros do Corpo de Cristo, Ela já está no Céu não apenas espiritualmente, mas inclusive fisicamente: “A imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial’ (Papa Pio XII).
Imediatamente após a morte – separação entre a alma e o corpo –, compareceremos à presença de Deus para o Juízo Particular. A alma receberá imediatamente a recompensa ou castigo merecidos, enquanto o corpo perecerá neste mundo, aguardando a Ressurreição final. Até a segunda vinda de Cristo, quer estejamos no Céu, no Inferno, ou purificando-nos no Purgatório, estaremos somente em nossa alma. Esta separação dolorosa e contrária aos desígnios primitivos de Deus é fruto amargo do pecado. Aliás, não apenas a dor da morte, mas inclusive a corrupção corporal é consequência do pecado dos primeiros pais. No último dia, porém, nossos corpos serão ressuscitados para o Juízo Universal. De um modo apenas por Deus conhecido, as almas reunir-se-ão novamente aos corpos e “uns irão para a vida eterna, outros para a vergonha e a confusão eterna” (Jo 5,29).
Pois bem, Nossa Senhora já vive o que esperamos viver no futuro: está na glória em corpo e alma. Ela nos mostra e prepara o caminho; e enche-nos o coração de esperança em Cristo!