Dois irmãos de fé, de apostolado e de martírio

A divina Providência conduziu até Roma – então considerada como “centro do mundo” – dois homens que, dotados de histórias e características diversas, tinham em comum o amor a Cristo e o desejo de torná-lo amado em toda a terra. E porque eles ali sofreram o martírio de sangue, Roma é ainda hoje a “Sede Apostólica”, cujo Bispo é o Papa, legítimo sucessor de São Pedro. Por suas ruas e templos, cristãos de todo o mundo se sentem em casa. Congregações e ordens religiosas têm lá suas sedes gerais. Católicos de todos os continentes ali se encontram para fazer a sua “romaria” e para “ver Pedro”.

São Pedro foi um dos primeiros a seguir Jesus. Recebeu o nome de “Pedra” (“Cefas”) pois, como uma rocha, deveria sustentar toda a Igreja, já que o Senhor lhe entregou “as chaves do reino dos Céus”. Na Última Ceia, Jesus lhe mandou “confirmar os irmãos” e, depois da Ressurreição, lhe ordenou: “Apascenta as minhas ovelhas”. Pedro andou sobre as águas, presenciou a reanimação da filha de Jairo, contemplou a Transfiguração e esteve com Cristo no Getsêmani. Quando muitos discípulos abandonavam o Senhor, escandalizados pelo anúncio de que deveriam comer a sua Carne na Eucaristia, foi Pedro quem disse: “A quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna”! Foi o primeiro a reconhecer, inspirado pelo próprio Deus, que Jesus é “o Messias, o Filho do Deus vivo”. A ele foi confiado o apostolado com os judeus.

São Paulo, ao contrário, fora um tenaz perseguidor da Igreja. Conheceu Jesus somente depois da Ressurreição, quando caiu por terra a caminho de Damasco. Considerava-se, por isso, como “um abortivo”. Os seus pecados do passado, todavia, moveram-no a trabalhar com um afinco ainda maior, a ponto de afirmar: “O amor de Cristo nos impele!” e “Eu trabalhei mais do que todos; mas não eu, a graça de Deus em mim”! Comprovou por meio de ações as suas próprias palavras segundo as quais “onde abundou o pecado, superabundou a graça”. Somente de um coração apaixonado como o seu poderiam brotar frases como “não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim”; “considero tudo como esterco, para ganhar Cristo”; “para mim, o viver é Cristo” ou “quem nos separará do amor de Cristo?!”. A ele incumbiu o apostolado com os pagãos.

Pedro morreu na cruz e Paulo pela espada, unidos na mesma caridade e no mesmo Senhor. São invocados juntos, pois seu sangue consagrou o solo de Roma e fez com que se tornasse, sob o ponto de vista espiritual, a “caput mundi” – “capital do mundo”. Segundo um antigo mito, Roma teria surgido a partir dos irmãos Remo e Rômulo. Segundo a verdade cristã, a Roma católica – universal – surgiu do sangue dos irmãos de fé São Pedro e São Paulo. Eles “refundaram” espiritualmente a Cidade Eterna, que passou a dar “cidadania” a todos os membros da família de Deus. Não chegaram a ver os frutos de seu suor e de seus sofrimentos, mas, naquele chão, a Igreja ainda hoje se apoia; de lá, o Evangelho se propaga até os confins da terra.

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