O joio e o trigo

16o. DOMINGO DO TEMPO COMUM

Embora não plenamente, o Reino dos Céus já está presente na terra. Isso se dá na Eucaristia, que é sua antecipação neste mundo; nas almas em estado de graça, nas quais habita a Santíssima Trindade; e na Igreja. Cristo vive na Igreja e, como a cabeça em relação ao corpo, guia-a de modo inseparável.

No presente estágio, porém, ainda não é possível saber exatamente quem são “os que pertencem ao Reino” e quem são “os que pertencem ao Maligno” (Mt 13,38). É verdade que as condições de pertença à Igreja são claras: crer em Jesus, ser batizado, viver conforme os seus ensinamentos e não incorrer em cisma ou heresia. Sendo impossível, porém, saber as disposições de cada homem e conhecer todas as suas obras e pensamentos, não podemos verificar quem realmente está na graça e no amor a Deus. Por enquanto, misturam-se santidade e pecado, o “trigo” e o “joio” (Mt 13,25).

As sociedades e as almas dos indivíduos vivem um constante conflito entre verdade e mentira, bem e mal, pecado e graça, salvação e condenação… O diabo – semeador da má semente (cf. Mt 13,39) – é criativo em suscitar o joio e confundir o mal com o bem: ideologias “salvadoras”; “humanismo” sem Deus; inversão de critérios morais; ideais de felicidade distorcidos; aborto e eutanásia propostos como “direito”; redução do “amor” às paixões desordenadas; dissimulação… É missão da Igreja ajudar os homens a identificar esses erros e arrancá-los de suas vidas.

O joio mais difícil de se detectar, no entanto, é a dissimulação daqueles membros da Igreja que – mais ou menos conscientemente – optam por uma vida dupla. A esses o Senhor chamou de “lobos em pele de cordeiro”. São os que, sem remorsos, vivem contrariamente aos mandamentos e às promessas de Batismo, Matrimônio, Ordenação ou Consagração. Os que aparentam “bondade”, mas levam os outros ao erro e ao pecado. Os que se sentem acima do bem e do mal, propagando suas ideias errôneas como se fossem Palavra de Deus. Aqueles que se servem da Igreja de Cristo para fins pessoais ou pecaminosos: riqueza, prazer, vaidade, calúnias, domínio sobre os demais, instrumentalização política, libertinagem…

Imiscuídos entre os membros santos do Corpo de Cristo, frequentemente é difícil identificá-los. Por essa razão, o Senhor reconhece que, em seu campo, há algumas plantas semeadas por Deus e outras pelo Maligno, e recomenda: “Deixai crescer um e outro até a colheita!” (Mt 13,30). O Juízo Final restabelecerá publicamente a justiça que não podemos realizar na terra. Nações, eventos, personalidades históricas e eclesiásticas serão julgados publicamente. Será conhecida a verdade sobre todas as obras e intenções dos indivíduos, nações e instituições.

Os maus serão desmascarados e os injustiçados receberão a justa reparação. Essa é nossa certeza! Então, os Anjos de Deus “retirarão do seu Reino todos os que fazem outros pecar e os que praticam o mal; e os lançarão na fornalha de fogo”; enquanto “os justos brilharão como sol no Reino do Pai” (Mt 13,41-43).

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