‘Santo, Santo, Santo’!

SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE – 7 DE JUNHO DE 2020

Se Cristo não no-lo houvesse revelado, seria impossível conhecer o maior mistério da fé: Deus é Trindade. O Antigo Testamento já o havia de algum modo prenunciado. Os três Visitantes misteriosos de Abraão (cf. Gn 18); a Sabedoria divina personificada (cf. Pr 8); as menções ao “Espírito do Senhor” (cf. Gn 1,2) e a invocação a Deus como “Santo, Santo, Santo” (cf. Is 6,3) são exemplos disso.

A plena revelação da Trindade, porém, foi feita por Cristo. Ele se apresentou como o “Filho” unigênito e igual ao “Pai” e prometeu enviar o “Espírito Santo”. Além disso, ordenou aos apóstolos que batizassem “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). Por Cristo, a Trindade se manifestou, inclusive visivelmente, em seu Batismo (cf. Mt 3,16s) e na Transfiguração (cf. Mt 17,5).

A celebração do mistério da Santíssima Trindade leva-nos a recordar esta verdade elementar: cremos em um só Deus em três Pessoas realmente iguais e distintas, Pai e Filho e Espírito Santo. A essência divina é uma só: o Pai é igual ao Filho e ao Espírito Santo. As três Pessoas, contudo, têm relações distintas entre si. O Pai – Fonte e Origem – gera o Filho. O Filho – Sabedoria de Deus – é gerado pelo Pai. O Espírito Santo – Amor divino – procede do Pai e do Filho.

Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus; o Pai é imenso, o Filho é imenso e o Espírito Santo é imenso; o Pai é Senhor, o Filho é Senhor e o Espírito Santo é Senhor; o Pai é onipotente, o Filho é onipotente e o Espírito Santo é onipotente; o Pai é eterno, o Filho é eterno e o Espírito Santo é eterno. No entanto, não são três “deuses”, nem três imensos, nem três senhores, nem três onipotentes, nem três eternos; mas um único Deus imenso, Senhor de todas as coisas, todo-poderoso e eterno. Como dissemos, cremos em um só Deus em três Pessoas e o adoramos, sem confusão de Pessoas e sem separação da única substância divina.

Do ponto de vista espiritual, esta solenidade nos convida a aprender a nos relacionar pessoalmente e sem anonimato com cada uma das Pessoas divinas. Tanto as preces vocais quanto a oração mental podem se dirigir individualmente a cada uma delas. Assim, ao rezar o Pai-Nosso, por exemplo, pensamos na Pessoa do Pai. Com o “Vinde, Espírito Santo”, abrimo-nos ao Paráclito. E, antes da Comunhão, com o “Cordeiro de Deus”, falamos ao Filho. Podemos crescer na intimidade com cada uma das Pessoas, orando a elas individualmente e percebendo a sua particular presença! O Pai nos sustenta com a Providência; o Filho se entrega na Santa Missa; o Espírito Santo fala e nos santifica desde o centro da alma, onde Ele habita. Podemos também dialogar com cada uma das Pessoas na Santa Missa.

O Pai é a quem se dirige toda a Oração Eucarística. O Filho, como verdadeiro sacerdote e vítima, renova a oferta que fez de si mesmo no Calvário. O Espírito Santo atualiza os mistérios celebrados e, juntamente com a Palavra de Cristo, realiza o milagre da transubstanciação. E, com profunda reverência, confessamos: “Santo, Santo, Santo”!

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