Subindo aos Céus, Nosso Senhor não nos deixou órfãos e não se distanciou da Igreja. Dez dias após a Ascensão, enviou o Espírito Santo, conforme havia prometido. Assegurou, assim, a sua presença perene “conosco” e “dentro” de nós. O divino Paráclito foi comunicado aos Apóstolos no dia de Pentecostes e será, até o fim dos tempos, infundido em cada cristão por meio dos sacramentos da Igreja. A sua presença, porém, será mais fecunda e perceptível na medida em que formos mais assíduos na oração, na penitência e nas boas obras.
Ele é o Doce Hóspede, que, no Batismo, vem habitar a alma: “Deus enviou o Espírito de seu Filho em nossos corações, o qual clama Abbá, ó Pai” (Gl 4,6). É Ele a Luz dos Corações, que afugenta a escuridão do pecado, tornando-nos filhos de Deus e semelhantes a Jesus Cristo. Sem a sua divina Presença, é impossível agradar ao Senhor, pois nada resta de inocente em nós. Sem Ele, não há fé, uma vez que “ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, a não ser no Espírito Santo” (1Cor 12,3). Sem Ele, não há esperança, nem amor, nem verdadeira paz!
Sendo o grande Santificador, atua silenciosamente por meio dos sacramentos. Com a palavra poderosa de Cristo, absolve os pecados, realiza o milagre da Transubstanciação, atualiza o Sacrifício do Senhor e eleva as almas. Assim como realizou de uma vez por todas a Encarnação do Filho de Deus no ventre de Maria, é o Espírito Santo quem nos traz Jesus diariamente. Ele lava nossa sordidez; irriga a aridez das almas fechadas para Deus e prisioneiras de raciocínios meramente humanos; cura a fraqueza da vontade; esclarece as inteligências; e purifica as memórias mais sujas.
Como Consolador Ótimo, Ele é o doce alívio nos sofrimentos; o refrigério no calor das tribulações; e o bálsamo em meio às lágrimas. Por isso, é chamado também de Pai dos Pobres. O seu divino esplendor não sente nojo ou indiferença ao ver nossa miséria. Se nos voltarmos para Ele com fé e confiança, se lhe implorarmos caridade, não se recusará a nos revestir de sua beleza incomparável e a nos enriquecer com o seu setenário de sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus.
Como os apóstolos em Pentecostes, unimo-nos hoje à Virgem Santíssima, criatura absolutamente repleta do Espírito Santo. Imploramos a Deus Pai, em Nome de Jesus, pela Igreja inteira: “Derramai por toda a extensão do mundo os dons do Espírito Santo, e realizai agora no coração dos fiéis as maravilhas que operastes no início da pregação do Evangelho” (Coleta). Que haja um “novo Pentecostes” de fé, de coragem, de generosidade, de pureza e de amor a Deus!
Pedimos ao divino Paráclito que, ao descer como um Raio de Luz dos Céus, para realizar a renovação grandiosa da terra, não deixe de se lembrar de nosso pobre coração: “Lava o que está sujo, rega o que está árido, cura o que está ferido, dobra o que está rígido, aquece o que está frio, endireita o que está desviado” (Sequência de Pentecostes). Amém.