‘Seguem-no, porque conhecem a sua voz’ 

Jesus diz “Eu sou o bom Pastor” (Jo 10,14) porque continuamente nos apascenta. Nos Evangelhos, mostra-nos a direção a seguir; na Eucaristia, alimenta-nos; na Confissão, cura-nos; e dá-nos habitação em sua Igreja. Ele nos liberou da condenação eterna por meio da morte de Cruz; por isso, afirma também que “o bom Pastor dá a vida pelas ovelhas” (Jo 10,11).

A característica das ovelhas é a seguinte: “conhecem a sua voz” (Jo 10,4-5). Escutá-lo é condição para não nos perdermos. A voz do bom Pastor não é meramente subjetiva; pode ser identificada e obedecida mesmo em um mundo ruidoso e confuso. Para isso, precisamos de instrução – conhecer bem os seus ensinamentos – e de atenção.

“Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão, pois eram como ovelhas sem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6,34). A doutrina revelada por Cristo impede-nos de criar um “Jesus” falso e subjetivo. Por isso, o Mestre ordenou: “Ide, fazei todas as nações discípulos meus, batizando e ensinando a observar tudo quanto vos ordenei” (Mt 27,19). Os seus ensinamentos se encontram no Novo Testamento; nas vidas e escritos dos santos; no Catecismo; e no Magistério de sempre dos papas.

Além da instrução, é preciso que haja união com o Senhor. Isso acontece principalmente na Eucaristia. A missa e a Comunhão devem ser continuamente preparadas por duas práticas que nos levam a escutá-lo melhor: a adoração e a oração mental. Adorando a Eucaristia, cremos no mistério da Presença real de Cristo, afastando o risco de recebê-Lo de modo superficial ou sacrílego. Damo-nos cada vez mais conta do valor infinito da Hóstia consagrada e de que ali está o Senhor. Por isso, diz Santo Agostinho: “Ninguém come esta Carne sem antes a adorar; pecaríamos se não a adorássemos”. Celebração eucarística e adoração são inseparáveis.

Na oração mental, aprendemos a deixar que Deus nos fale no silêncio. Conversamos com Ele de coração a Coração. Com os olhos fixos no Sacrário, encontramos forças, conselho, alegria e paz. No princípio, oramos por pouco tempo, cerca de dez minutos. Falamos apenas daquilo que Ele já sabe: sobre a vida, sentimentos, acontecimentos, alegrias, medos, vitórias, pecados… Com um pouco mais de prática, recorremos à ajuda de alguma leitura: os Evangelhos ou algum bom livro como “Imitação de Cristo”, “A Prática do Amor a Jesus Cristo”, “Caminho”, “Filoteia” etc.

Então, aprendemos a meditar em silêncio sobre alguma passagem ou tema. Lemos e silenciamos; lemos mais e falamos um pouco ao Senhor; lemos novamente e O adoramos, pedimos, agradecemos, exercitamos o desejo de Deus… Silenciamos mais um pouco e, quase imperceptivelmente, o Senhor nos confirma, adverte e conforta o coração. Podemos, então, aumentar o tempo de oração para 15, 20, 30 minutos, fazendo-a diariamente. A adoração e a oração mental permitem reconhecer, cada dia mais nítida, a voz do bom Pastor, e segui-Lo. Afinal, “as ovelhas o seguem porque conhecem a Sua voz”.

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