Bicentenário da Independência do Brasil é celebrado em sessão solene no Congresso Nacional

“Celebramos hoje o bicentenário de nossa Independência, um dos eventos cívicos de maior significado político da nossa ainda jovem e promissora nação. Sem dúvida, o enredo que culminou no grito do Ipiranga é digno de orgulho para todo o país. Sua simbologia desperta algo de muito valioso em nosso espírito coletivo”.

Fotos: Agência Senado

Assim se pronunciou o senador Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional, na sessão solene da quinta-feira, 8, na qual foi comemorado o bicentenário da Independência do Brasil, proclamada em 7 de setembro de 1822.

O presidente do Congresso salientou que o bicentenário da Independência comemora o evento da ruptura com a antiga metrópole. Ele afirmou que “de uma história de dominação e de uma condição de dependência, passamos ao patamar de igualdade e de respeito em relação às demais nações soberanas, e ganhamos identidade própria e relevante. Passamos a decidir, enquanto povo brasileiro, como governar nosso país de modo autônomo, sem interferência externa”.

“Sigamos as palavras de José Bonifácio, o Patriarca da Independência. Como escreveu o Andrada no seu livro ‘Projetos para o Brasil’, busquemos a ‘sã política, causa a mais nobre e santa, que pode animar corações generosos e humanos’. Honremos, enfim, a coragem, o patriotismo e o espírito cívico que moveram Dom Pedro I a proferir o célebre grito do Ipiranga!”, prosseguiu Pacheco.

AMPLA PARTICIPAÇÃO

Após de Pacheco no Plenário da Câmara dos Deputados, houve a execução do Hino Nacional Brasileiro, interpretado pela cantora Fafá de Belém que, quebrando a programação, também interpretou à capela parte do Hino de Portugal. Na sessão, foi apresentado vídeo institucional sobre a Exposição 200 anos de Cidadania — O Povo e o Parlamento.

Como convidados, estiveram presentes os presidentes de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza; de Cabo Verde, José Maria Neves; e de Guiné Bissau, Umaro El Mokhtar Sissoco; o representante da Comunidade de Países da Língua Portuguesa, secretário-executivo Zacarias da Costa; e o deputado Sérgio José Camunga Pantie, representante da Presidência de Moçambique. Marcelo Rebelo de Souza fez o último discurso da sessão solene.

Entre as muitas autoridades estrangeiras, a sessão solene foi prestigiada ainda por representantes de embaixadas e dos corpos diplomáticos da Alemanha, Argentina, Colômbia, Coreia, Equador, França, Gana, Índia, Irã, Indonésia, Marrocos, Noruega, Paraguai, Reino dos Países Baixos, Reino Unido, Sérvia, Timor Leste, Austrália, Canadá, Guatemala, El Salvador, Hungria, Japão, Jordânia, Tunísia, Trinidad e Tobago e Uruguai, Azerbaijão, Cuba, Espanha, Geórgia, Honduras, Mali, Nova Zelândia, Panamá, Quênia, Ucrânia e União Europeia, Bélgica, Singapura e Gana, Cazaquistão e Peru.

FALAS DAS AUTORIDADES

Ao discursar na solenidade, o  presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, relembrou a história e destacou a coincidência com o ano de eleições majoritárias.

“O bicentenário da Independência brasileira coincide com o ano de eleições presidenciais e de eleições legislativas federais, distrital e estaduais. Destaco, portanto, a chance de os cidadãos brasileiros, por meio do seu voto consciente, fortalecerem nossa democracia e este Parlamento, de modo que ele continue a exercer a importante tarefa de acolher diferentes aspirações e transformá-las em balizas coletivas”, disse Lira.

“As celebrações do bicentenário da Independência nos têm convidado a refletir sobre a Nação que construímos nos últimos 200 anos. Olhando para o futuro, que país construiremos nos próximos 100 anos? Que Brasil desejamos que seja celebrado no Tricentenário da Independência?”, indagou o presidente da Câmara.

Já o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, destacou a independência entre os Poderes da Republica e mencionou a união amistosa que permanece entre Brasil e Portugal.

“Ao contrário do que se poderia imaginar, a Independência marcou o início de uma história de proximidade e afinidade entre Brasil e Portugal. As duas nações compartilham valores culturais e morais no plano internacional. (…) Comemorar é relembrar juntos. Desse modo, as comemorações do bicentenário da Independência reafirmam o compromisso das duas nações e os elevados valores da democracia e da liberdade”.

Ainda de acordo com Fux, “a Independência forjou um Brasil multicultural, socialmente assimétrico e de dimensões impressionantes”,  e que “nessa aventura histórica, a Nação enfrentou adversidades, mas se consolidou como um País democrático, com instituições sólidas e harmoniosas”, completou.

Na visão dele, a celebração do bicentenário serve para uma avaliação do País construído ao longo do período. “Se não avaliarmos o passado, não teremos a consciência crítica do que somos”, concluiu.

Também estiveram na cerimônia o ministro do STF Dias Toffoli; o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moares; o procurador-geral da República, Augusto Aras; ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e os ex-presidentes da República José Sarney e Michel Temer. Compareceu ainda Gabriel José de Orléans e Bragança, representante do chefe da Casa Imperial do Brasil, Dom Bertrand de Orléans e Bragança

O presidente da Comissão Especial Curadora do Senado para o Bicentenário da Independência, senador Randolfe Rodrigues recordou que o processo de independência não se limitou ao 7 de setembro, nem à figura de Dom Pedro I.

“A nossa independência, é verdade, teve a figura única de Pedro de Alcântara, que, com menos de 35 anos, conseguiu se tornar Imperador e Rei de dois impérios dos dois lados do Atlântico, e teve José Bonifácio, que arquitetou o projeto de nação. Mas há significado de diagnóstico com a atualidade também constatar que foi um processo liderado sobretudo por mulheres, mulheres que não se resignaram aos papéis de princesas bem comportadas do lar”, lembrou Randolfe.

Coordenador da Comissão Especial Curadora, o deputado federal Enrico Misasi destacou os trabalhos promovidos na Câmara para o evento do bicentenário e salientou a “vocação da unidade” herdada de Portugal.

PRESIDENTE DE PORTUGAL

Presente à sessão, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo, falou sobre os laços que unem os dois países, e destacou a luta de mais de 300 aos pela independência do Brasil.

Rebelo agradeceu aos brasileiros por sua extensa produção literária, poética e musical. Ele fez menção aos mais de 200 milhões de falantes da língua portuguesa e as importantes obras que percorreram o mundo, de nomes como Mário de Andrade, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Jorge Amado, Mario Quintana, Lygia Fagundes Telles, Vinícius de Moraes, Cartola, Luiz Gonzaga, Dorival Caymmi, Tom Jobim, Cazuza, entre muitos outros.

“Agradeço a pujança do vosso povo irmão, espalhados por todos os continentes e agora invadindo Portugal com seu abraço. Para esses irmãos brasileiros lá chegados, vai o carinho do povo português”

Há 200 anos, referiu-se Rebelo, “Dom Pedro de Alcântara deu corpo ao arranque da vossa caminhada do futuro”.

“Hoje, um humilde português dá testemunho de renovada gratidão, de renovada homenagem, de orgulho pelo segundo século de uma caminhada ainda tão longe de seu termo”,  disse o presidente de Portugal ao solicitar que o Brasil continue a ser a pátria da liberdade, da democracia e da justiça.

AUSÊNCIAS

Convidados, os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff não participaram da cerimônia, mas encaminharam mensagens justificando a ausência e reverenciando a data cívica, de caráter nacional.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, cancelou sua participação na sessão solene. Na quarta-feira, 7, o chefe do Executivo prestigiou o desfile militar na esplanada do ministério e depois discursou em um carro do som, também na esplanada, onde rememorou feitos de seus quatro anos de governo.

200 ANOS DE CIDADANIA – O POVO E O PARLAMENTO

As autoridades foram convidadas à inauguração oficial, no Salão Negro, da Exposição “200 anos de Cidadania – O Povo e o Parlamento”, em homenagem ao Bicentenário da Independência do Brasil.

A mostra ficará aberta ao público de 10 de setembro a 1º de dezembro.

Fontes: Agência Senado, Agência Câmara e Agência Brasil

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