‘Dom Luciano realmente vivia as bem-aventuranças’

Afirmou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, ao recordar os 15 anos de falecimento de Dom Luciano Mendes

(Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

Uma missa na manhã da sexta-feira, 27, recordou os 15 anos do falecimento de Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, que atuou como Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo entre 1976 e 1988, quando foi nomeado por São João Paulo II como Arcebispo de Mariana (MG), onde permaneceu até a morte em 27 de agosto de 2006, aos 75 anos de idade.

A Eucaristia foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, na Paróquia São José do Belém, na Região Belém, onde Dom Luciano morou e iniciou seu ministério episcopal.

‘Para maior glória de Deus’

Na homilia, Dom Odilo ressaltou a alegria daqueles que tiveram a  oportunidade de conhecer e conviver com o Dom Luciano, morto em 2006. O Cardeal sublinhou o modo “admirável” como ele se dedicava aos mais pobres e necessitados e salientou que o que movia seu trabalho ela a profunda vida de oração e intimidade com Deus.

“Sabe-se que Dom Luciano dormia muito pouco e que, nas madrugadas, depois de servir os pobres e atender especialmente aqueles que ficavam na porta da sua casa, ele passava horas em oração”, lembrou o Arcebispo.

Dom Odilo afirmou, ainda, que Dom Luciano foi um homem de fé, do Evangelho, que “realmente vivia as bem-aventuranças” e, como jesuíta que era, concretizou com sua vida a máxima de seu fundador, Santo Inácio de Loyola, fazendo “tudo para a maior glória de Deus”.

O Cardeal Scherer recordou que, coincidentemente nessa mesma data, em anos diferentes, também faleceram outros dois bispos de projeção nacional: Dom Hélder Câmara (1909-1999), Arcebispo de Olinda e Recife (PE), e Dom José Maria Pires (1919-2017), Arcebispo da Paraíba. Segundo Dom Odilo, o que movia seus corações era o que deve mover todos os cristãos: a busca da santidade.

Por fim, do Cardeal salientou o legado espiritual deixado por Dom Luciano na Igreja em São Paulo, mencionando obras que o Servo de Deus ajudou a fundar, como a Pastoral do Menor e o Arsenal da Esperança.

Durante a celebração, crianças e adolescentes do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, entidade cuja missão Dom Luciano ajudou a expandir, depositaram flores diante do retrato do Arcebispo falecido, como sinal de gratidão por sua vida.     

“Que o exemplo e testemunho de Dom Luciano continue a inspirar a todos, como inspira muitas obras na Arquidiocese de São Paulo”, concluiu Dom Odilo.

Biografia

Dom Luciano nasceu em 5 de outubro de 1930 no Rio de Janeiro. O padre jesuíta foi nomeado Bispo Auxiliar de São Paulo por São Paulo VI em 1976, onde permaneceu até 1988, até ser transferido por São João Paulo II como Arcebispo de Mariana (MG).

(Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

Foi secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entre 1979-1986, e presidente da conferência entre 1987 e 1994, fazendo parte do Conselho Permanente desta entidade de 1987 até sua morte. Fez parte da Pontifícia Comissão Justiça e Paz, do Conselho Episcopal Latino-Americano, e da Comissão Episcopal para a Superação da Miséria e da Fome.

Durante quase duas décadas esteve à frente da Arquidiocese de Mariana (MG), o bispo deu forte impulso pastoral a esta Igreja particular, onde a organizou em cinco Regiões Pastorais. Deu atenção à formação permanente do clero, à realização de assembleias pastorais e à reestruturação de conselhos arquidiocesanos. Também organizou pastorais, religiosos, processos formativos do Seminário Arquidiocesano e obras sociais, além do investimento na capacitação e participação dos leigos e na preservação das Igrejas históricas.

Processo de beatificação

Em 27 de agosto de 2014, a Arquidiocese de Mariana deu início ao processo de beatificação de Dom Luciano, após autorização por parte da Congregação para a Causa dos Santos.

A fase diocesana do processo foi concluída em 21 de maior de 2018. Os trabalhos ultrapassam o número de seis mil páginas, incluídos os anexos. Os originais ficarão arquivados e lacrados na Arquidiocese de Mariana e duas cópias serão encaminhadas à Santa Sé.

A causa segue na fase romana, sendo de competência da Santa Sé o juízo sobre a santidade do Servo de Deus. O passo seguinte será o reconhecimento das virtudes heroicas, por meio do qual a Igreja o declara Venerável e, após o reconhecimento de um primeiro milagre atribuído à sua intercessão, Dom Luciano poderá ser beatificado e, após ser reconhecido um segundo milagre, poderá ser canonizado, isto é, reconhecido como santo da Igreja Católica.

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