Papa Francisco: ‘Toda crise é aberta à presença de Deus’

No Dia Mundial dos Pobres, Pontífice faz o alerta para ‘não se deixar enganar’ por aqueles que apresentam respostas fáceis para problemas complexos

Papa Francisco no almoço ofertado a 1,3 mil pessoas no Vaticano por ocasião do Dia Mundial dos Pobres
Foto: Vatican News

Diante do sofrimento do mundo, da violência, da pobreza, da guerra, o Papa Francisco fez uma alerta no Dia Mundial dos Pobres, no domingo, 13: o de que Deus jamais abandona os que Nele creem e, portanto, os cristãos não devem se deixar enganar por “falsos messias”. Disse ele: “Toda crise é uma possibilidade e oferece ocasião de crescimento, porque toda crise é aberta à presença de Deus, à presença da humanidade”. 

Na visão do Papa Francisco, é preciso encarar os problemas do mundo “como pessoas humanas, como cristãos”, e, refletindo sobre a passagem do Evangelho segundo São Lucas (21,8-18), perguntar-se: “O que está dizendo o Senhor em meio a este momento de crise?”. 

No relato bíblico, Jesus afirma: “Quando vocês ouvirem sobre guerras e revoluções, não se aterrorizem”. O Papa Francisco explicou que se trata de não se deixar levar pelo medo e se apegar a superstições, “como se estivéssemos próximos do fim do mundo e não valesse a pena se empenhar por nada de bom”. É preciso fugir daqueles que prometem respostas mágicas ou milagrosas, “como se fossem a voz de Deus”. 

Muitas vezes, disse ele, “nós nos confiamos a teorias fantasiosas, teorias difundidas por algum ‘messias’ de última hora, em geral sempre derrotistas 

e conspiradores”. Entretanto, Francisco avalia que o “Espírito do Senhor” não fala por meio de “gurus”. Mesmo diante de situações dolorosas, dramáticas, calamitosas, o cristão procura onde estão as oportunidades para “fazer algo de bom, a partir das circunstâncias da vida, mesmo quando elas não são ideais”. 

Por isso, toda crise permite a Deus se fazer presente por meio do testemunho de cada cristão. “Hoje, cada um de nós deve se interrogar, diante de tantas calamidades, diante desta ‘terceira guerra mundial’ assim cruel, diante da fome de tantas crianças, de tanta gente: posso desperdiçar, desperdiçar dinheiro, a minha vida, o sentido da minha vida, sem tomar coragem para seguir em frente?” 

O Dia Mundial dos Pobres, celebração instituída por Francisco para que toda a Igreja reze e atue em defesa dos mais pobres, é para ele uma oportunidade de a Igreja se colocar em favor dos que mais precisam, pois “os pobres são as vítimas mais penalizadas em toda crise”. A indiferença é um dos maiores pecados, indicou. É preciso “acender luzes de esperança em meio à escuridão”, empenhando-se na promoção “da justiça, da legalidade e da paz, estando sempre ao lado dos mais fracos”. 

A confiança em Deus recorda que “nos pobres, está Cristo, que para nós se fez pobre”, afirmou o Pontífice, em referência à Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios (8,9). O Papa Francisco entende que Deus “se identifica com o pobre” e, por isso, temos que reconhecer em cada pessoa um verdadeiro “templo de Deus”. 

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