Enchentes e deslizamentos ameaçam o Haiti após terremoto

Após o abalo sísmico que atingiu o Haiti no sábado, 14, uma nova preocupação surge entre as equipes que atuam na ajuda humanitária local. A tempestade tropical Grace, que se aproxima da ilha caribenha, atravessará a área afetada, com a possibilidade de chuvas fortes e deslizamentos de terra.

ACN

No fim de semana passado, o epicentro do tremor de magnitude 7,2 na escala Richter foi na cidade de Les Cayes, no oeste do país, a 160 quilômetros da capital, Porto Príncipe, e deixou pelo menos 1,4 mil pessoas mortas e cerca de 6 mil feridos.

As equipes de resgate ainda buscavam na tarde de terça-feira, 17, desaparecidos, possivelmente presos nos escombros, porém, a cada hora que passa, a esperança de encontrar sobreviventes diminui.

Casas

Mais de 13,6 mil casas foram destruídas ou severamente danificadas. Com o terremoto, mais de 700 mil edifícios foram derrubados, incluindo escolas e hospitais.

Três dias após o terremoto, as equipes humanitárias ainda não tinham conseguido chegar a muitas áreas, principalmente no departamento de Nippes. Com a destruição de estradas e pontes, é impossível alcançar os que precisam de socorro.

“A situação está muito difícil. Muitas casas estão destruídas e tantas outras estão em risco”, disse o Padre Louis Merosné, em Anse-à-Veau, em entrevista por telefone à RFI. “Estamos à espera da tempestade que foi anunciada, mas ninguém quer entrar em casa por medo de tudo desabar.”

“As pessoas dormem a céu aberto e se perguntam como vão fazer com essa chuva. Não temos tendas para oferecer, nem abrigos provisórios. Essa é a nossa necessidade número um, junto com comida e água potável”, afirmou.

O Padre relatou ter “um pouco de estoque” de alimentos, que costuma doar aos pobres. Segundo ele, porém, a comida terá chegado ao fim em, no máximo, três dias.

Ajuda

Dr Ariel Henry

A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), organização vinculada à Igreja com diversos projetos humanitários em andamento no país, prometeu doar 500 mil euros em ajuda de emergência para reconstrução das áreas atingidas.

“Depois de todos os conflitos políticos que o país vem sofrendo desde 2019 e apenas um mês após o assassinato do presidente da República, Jovenel Moïse, no início de julho, em meio à onda de violência e sequestros que assola o país e, ainda por cima, das notícias que nos chegam de secas e falta de água que já colocaram a população rural em uma pobreza ainda mais profunda, o terremoto de sábado submeteu milhares de famílias a uma situação pior do que todas as outras. As pessoas estão em choque total”, comentou o presidente executivo da ACN, Thomas Heine-Geldern.

A Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do Fundo de Respostas de Emergência, desembolsou 8 milhões de dólares para socorrer os sobreviventes, e um helicóptero do Programa Mundial de Alimentos distribui auxílio aos haitianos.

“As necessidades humanitárias nas áreas afetadas são profundas, pois os serviços essenciais foram interrompidos. Muitas pessoas precisam urgentemente de cuidados de saúde e água potável. Os deslocados precisam de abrigo. Crianças que foram separadas de suas famílias em meio ao caos precisam de proteção”, disse Henrietta Fore, responsável pela equipe de trabalho do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no país.

Muitos países, como República Dominicana, México, Estados Unidos e Equador, já ofereceram ajuda com o envio de pessoal, alimentos e equipamentos médicos. O exército norte-americano anunciou a criação de uma missão militar conjunta, assim como o envio de uma equipe para avaliar a situação na área do desastre. Quatro helicópteros foram mobilizados para o transporte.

Fontes: A Referência, ONU News e G1

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