Na Terra Santa, cristãos ortodoxos saúdam católicos pelo Natal

Foto: Custódia da Terra Santa

Já virou tradição da Custódia da Terra Santa dedicar o dia 27 de dezembro para receber as saudações dos cristãos ortodoxos pelo Natal do Senhor, celebrado pelos católicos latinos no sábado, 25. Como nos anos anteriores, as boas-vindas e as saudações ocorreram no Convento de São Salvador, na Cidade Velha de Jerusalém, na segunda-feira.

Enquanto a Igreja Católica de rito latino segue o calendário gregoriano, instituído no século XVI, a maior parte das Igrejas Ortodoxas de rito oriental no mundo segue o calendário juliano, criado em 45 a.C., cuja data do Natal corresponde ao dia 7 de janeiro do calendário gregoriano.

Por isso, a vigília de Natal para as Igrejas ortodoxas, em 6 de janeiro, é celebrada quando os católicos comemoram a Epifania do Senhor, que, por sua vez, é celebrada em 19 de janeiro pelos ortodoxos.

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Colaboração

Os primeiros foram os greco-ortodoxos, liderado pelo Patriarca Teófilo III, que foi o primeiro a falar. “Os melhores votos para a celebração da festa da Natividade, este ano temos muito a agradecer, inclusive à sua comunidade”, disse o líder oriental.

“Recentemente, vimos o fruto da nossa colaboração na proteção das comunidades cristãs nestes lugares, por isso, quero expressar o meu entusiasmo e o meu apreço em aumentar a consciência contra o desrespeito por nós. A nossa missão é difícil, mas é uma missão de paz”, acrescentou Teófilo III.

O Custódio da Terra Santa, Frei Francesco Patton, também agradeceu à comunidade greco-ortodoxa pela colaboração na restauração dos lugares santos, mas também na defesa das “pedras vivas”: os cristãos que vivem na Terra Santa. “Não é fácil, mas se formos um só corpo, a nossa força virá do Espírito Santo”, afirmou o franciscano.

Esperança

Também foram acolhidos os representantes do Patriarcado Armênio Ortodoxo, liderados pelo o Patriarca da Armênia, Nourhan Manougian. “É uma grande alegria para nós estarmos aqui mais uma vez. A bênção do nascimento de Jesus nos dá esperança”, comentou chefe dos cristãos armênios, acrescentando que a Igreja continua e deve ser um porto seguro para inspirar os fiéis. “Temos que estar juntos, de mãos dadas, transmitindo os ensinamentos de Nosso Senhor e ajudando uns aos outros”, sublinhou.

“Agradecemos a relação fraterna que existe entre as nossas comunidades. No passado recente, esta comunhão também nos permitiu continuar o trabalho de restauração dos Lugares Santos e estamos muito gratos a vocês por isso”, completou Manougian.

As delegações copta e siríaca também saudaram o custódio da Terra Santa pelo Natal. Os primeiros expressaram seus sentimentos de alegria por estas festividades, lembrando que quando Deus criou o homem o colocou no paraíso, para que ele pudesse ter uma vida de alegria, mas por causa do pecado, o homem introduziu a morte e a alegria do paraíso se perdeu para ele. “No Natal, lembramos que Deus entra no tempo por meio de uma mulher, encarnando-se”, disse o patriarca copta, Anba Antonius. O representante do patriarca siríaco, sublinhou a urgência de rezar por todos os enfermos e pelos afetados pela pandemia, por um ano de paz e um Santo Natal.

Celebração do Natal no local do nascimento de Jesus, em Belém (foto: Custódia da Terra Santa)

Proximidade

“Hoje, desejamos a todos vocês alegria e paz. Asseguramos nossa solidariedade e proximidade com a Igreja Copta e com a Igreja Siríaca”, respondeu o Custódio em seu discurso. “Como disse recentemente o Papa Francisco, “existem muitas dificuldades no nosso tempo, mas a esperança é mais forte, ‘porque um menino nos nasceu’ (Isaías 9,5) … Cristo nasceu para nós, ensina-nos a caminhar nos caminhos da paz. A todos vocês, oferecemos nossas sinceras saudações de alegria e paz, dons de Deus que podem permanecer para sempre”, afirmou Frei Patton.

Também os ortodoxos etíopes expressaram seus votos natalino à Igreja Católica latina, recordando a natureza profunda deste mistério, centrando-se na paz restaurada por Deus quando Jesus nasceu. “Nosso encontro como este não é uma formalidade, ao lado do protocolo há muito mais”, respondeu o Custódio, acrescentando que “a verdadeira razão é a vontade de partilhar o mistério em que acreditamos e que celebramos e de nos sentirmos irmãos amados e salvos pelo mesmo Pai”.

O custódio também se encontro com o Patriarca católico greco-melquita, Yosef Absi, que destacou que, nessas celebrações, o Menino Jesus é o essencial: “onde está a sua grandeza, é precisamente onde encontramos a sua pequenez, e é precisamente aí que encontramos a nossa humanidade, a nossa salvação e a nossa esperança”.

Por fim, o Custódio se encontrou com o Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Pierbattista Pizzaballa. “Quero estender os meus votos a toda a Custódia, aqui na Terra Santa e também no resto do mundo. Em particular, lembro-me de nossos irmãos que estão sofrendo na Síria e no Líbano”, disse o Patriarca Latino. “Agradeço o serviço à Igreja universal nos Lugares Santos, mas também localmente, nas paróquias. Este ano, nosso povo precisava de expressões de alegria e comunidade. Precisávamos sentir carinho e a proximidade das pessoas, por isso agradecemos tudo isso”, concluiu Pizzaballa.

Custódia da Terra Santa

Criada há mais de 800 anos, a Custódia da Terra Santa é a instituição da Igreja Católica mantida pelos franciscanos, responsável pelo cuidado da maioria dos lugares santos na Palestina, em Israel, na Jordânia, na Síria, no Chipre, em Rhodes e no Egito.

Entre as missões da Custódia estão a de promover a liturgia na Terra Santa, acolher os peregrinos que chegam de todas as partes do mundo para rezar, manter as estruturas dos lugares santos e o seu correto funcionamento. Ali trabalham cerca de 300 religiosos em 58 santuários que sustentam iniciativas culturais, como a Escola Bíblica e de Arqueologia do Studium Biblicum Franciscanum de Jerusalém.

(Com informações de Custódia da Terra Santa)

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