Pânico em Cabul enquanto o Talibã reassume o poder

Após uma semana de intensos conflitos, o Afeganistão foi tomado pelo Talibã, movimento nacionalista e organização militar islâmica que agora controla a nação.

Em maio deste ano, o governo dos Estados Unidos anunciou a retirada das tropas restantes no país asiático. Com a movimentação, o grupo extremista iniciou uma série de ataques a diversas províncias, capturando todo o território afegão, culminando no domingo, 15, com a tomada da capital, Cabul.

BCC

O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, fugiu do país algumas horas antes de as tropas insurgentes cercarem a principal cidade do país.

Histórico

 As forças governamentais entraram em colapso sem o apoio militar dos Estados Unidos, que invadiram o país em 2001 após os ataques de 11 de setembro e derrubaram o Talibã por seu apoio à Al-Qaeda.

Os norte-americanos, porém, acabaram falhando em construir um governo democrático capaz de resistir ao Talibã, apesar de gastarem bilhões de dólares e fornecerem duas décadas de apoio militar

Realidade

O Talibã procurou assegurar à comunidade internacional que os afegãos não deveriam temê-los e que não se vingariam daqueles que apoiaram a aliança liderada pelos Estados Unidos.

“Agora é hora de testar e provar, agora temos que mostrar que podemos servir a nossa nação e garantir segurança e conforto de vida”, disse o cofundador do Talibã, Abdul Ghani Baradar.

A captura da capital pelo Talibã ocorreu, como em muitas outras cidades, sem o derramamento de sangue que muitos temiam. No entanto, houve cenas desesperadoras no aeroporto de Cabul, enquanto as pessoas tentavam embarcar nos poucos voos disponíveis.

“Temos medo de viver nesta cidade”, disse um ex-soldado de 25 anos enquanto se aglomerava no meio da multidão na pista do aeroporto.

Evacuação

Os Estados Unidos já haviam divulgado um comunicado, juntamente com mais de 65 países, pedindo ao Talibã que permitisse que os afegãos deixassem o país, alertando sobre a responsabilização por quaisquer abusos.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, exortou o Talibã e todas as partes a “exercerem moderação” e disse que os direitos das mulheres e meninas, que sofreram sob o regime talibã anterior, deviam ser protegidos.

Lei Islâmica

O Talibã impôs uma interpretação ultraestrita da lei Sharia durante sua regra de 1996 a 2001. Isso incluiu proibir as meninas de frequentar as escolas e as mulheres de trabalhar, enquanto as pessoas eram publicamente apedrejadas até a morte por adultério. Filmes e livros produzidos no Ocidente também eram queimados em praça pública.

Muska Dastageer, professor da Universidade Americana do Afeganistão, que foi inaugurada cinco anos após a deposição do Talibã em 2001, disse que os residentes de Cabul se sentiam “amedrontados e desamparados”.

O governo dos Estados Unidos tem insistido nos últimos dias que suas duas décadas de guerra no Afeganistão foram um sucesso, definido pelo esmagamento da ameaça da Al-Qaeda.

Balanço

O presidente Joe Biden também disse que estava determinado e não tinha opção, a não ser retirar as tropas norte-americanas do país, pois não “passaria esta guerra” para outro presidente.

Os Estados Unidos, porém, ficaram chocados com o rápido colapso do governo afegão, e os críticos disseram que a reputação norte-americana como potência global foi gravemente manchada.

Fonte: UCA News

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