Papa aos indígenas do Canadá: ‘eu me sinto parte da vossa família e honrado por isso’

Francisco falou a uma delegação dos povos originários na manhã da sexta-feira, 29

Foto: Vatican Media

Em seu último dia em terras canadenses, na sexta-feira, 29, o Papa Francisco reuniu-se, de forma reservada, no Arcebispado de Quebec, com os membros da Companhia de Jesus presente no Canadá.

Na sequência, o Pontífice participou de um encontro com uma delegação de indígenas de Quebec, durante o qual foi presenteado e recordou-lhes dos propósitos de sua viagem apostólica ao país, iniciada no domingo, 24.

COMO AMIGO, IRMÃO E EM ESPÍRITO PENITENCIAL

“Vim ao Canadá como amigo para vos encontrar, para ver, ouvir, aprender e calcular como vivem as populações indígenas deste país”, ressaltou o Papa.

“Vim como irmão, para descobrir pessoalmente os frutos bons e maus produzidos pelos membros da família católica local, no decurso dos anos. Vim com espírito penitencial, para vos manifestar o pesar que sinto no coração pelo mal que não poucos católicos vos causaram apoiando políticas opressivas e injustas aplicadas a vós. Vim como peregrino, com as minhas limitadas possibilidades físicas, para propiciar mais passos em frente convosco e a vosso favor: para que se prossiga na busca da verdade, progrida na promoção de percursos de cura e reconciliação, para que se continue para diante semeando esperança para as futuras gerações de indígenas e não indígenas que desejam viver juntos, fraternalmente, em harmonia”, elencou.

UM TESOURO IMCOMPARÁVEL

Já próximo da conclusão dessa viagem penitencial, o Santo Padre afirmou que retornará ao Vaticano mais enriquecido, “porque levo no coração o tesouro incomparável feito de pessoas e populações que me marcaram; tesouro de rostos, sorrisos e palavras que permanecem no meu íntimo; de histórias e lugares que não poderei esquecer; de sons, cores e emoções que vibram intensamente dentro de mim”, comentou. “Ouso dizer –se me permitis – que de certo modo, agora, também eu me sinto parte da vossa família e honrado por isso”, complementou.

Entre os muitos momentos vividos no Canadá, o Papa recordou de modo especial a celebração da festa de Santa Ana, no dia 26, em que percebeu o sentido de família e de comunidade dos indígenas. “Como é importante cultivar bem o vínculo entre os jovens e os idosos, e manter uma relação sadia e harmoniosa com toda a criação!”.

O EXEMPLO DE 3 MULHERES

Em seu discurso, o Santo Padre fez menção a três mulheres que “podem ajudar a compor, voltar a tecer uma reconciliação que garanta os direitos dos mais vulneráveis e saiba olhar a história sem rancores nem cancelamentos”.

A primeira é Santa Ana, “cuja ternura e proteção pude sentir ao venerá-la juntamente com um povo de Deus que reconhece e honra as avós”.

Também a Virgem Maria, pois “nenhuma criatura merece mais do que Ela ser definida peregrina, porque sempre –também hoje, mesmo agora – está a caminho: a caminho entre Céu e terra, para cuidar de nós por conta de Deus e para nos conduzir pela mão ao seu Filho”.

E, por fim, fez memória de Santa Catarina Tekakwitha (1656-1680), a primeira indígena norte-americana a ser canonizada pela Igreja, em outubro de 2012: “Veneramo-la pela sua vida santa, mas não poderemos pensar que a sua santidade de vida, caraterizada por uma dedicação exemplar à oração e ao trabalho, bem como pela capacidade de suportar com paciência e mansidão tantas provações, tenha sido possível também por certos traços nobres e virtuosos herdados da sua comunidade e do ambiente indígena onde cresceu?”, indagou.

O Pontífice recordou que essas mulheres lutaram pelos sonhos que o próprio Deus imprimiu em suas almas, abrindo caminhos “com mansidão e firmeza, com palavras proféticas e gestos decisivos, e cumpriram aquilo para que foram chamadas. Que Elas abençoem o nosso caminho comum, intercedam por nós e por esta grande obra de cura e reconciliação tão agradável a Deus”, concluiu.

Reprodução de Vatican Media

OUTRAS ATIVIDADES DO DIA

No começo da tarde da sexta-feira, o Pontífice embarcará para Iqaluit, para um encontro privado com alunos das ex-escolas residenciais (onde ocorreram registro de abusos até a década de 1970) e também se encontrará com jovens e idosos na praça de uma escola de ensino fundamental.

A cerimônia de despedida no País está marcada para as 19h15 (horário de Brasília). A chegada do Pontífice no Aeroporto de Roma será na manhã do sábado, 30.

(Com informações de Vatican Media)

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