Nascido no dia 8 de julho de 1839, em Fino Mornasco, na Itália, João Batista Scalabrini, canonizado pelo Papa Francisco, no domingo, 9, era o terceiro dos oito filhos do casal Luigi e Colomba Scalabrini.
Em 1857, ingressou no seminário Santo Abôndio, em Como, e seis anos depois, no dia 30 de maio de 1863, foi ordenado sacerdote. Sua primeira missão é como Vice-reitor e, logo a seguir, Reitor do seminário, encargo que ocupou até 1870.
Foi durante esses primeiros anos de sacerdócio que Scalabrini teve contato com figuras importantes que marcaram sua vida, como São Luís Guanella, o cientista Serafino Balestra, considerado o “apóstolo dos surdos-mudos” e o cientista-escritor Antonio Stoppani.
Em 1870, Scalabrini foi nomeado Prior da Paróquia São Bartolomeu, onde trabalhou até se tornar Bispo de Piacenza, em 1876. Entre os pontos centrais de seu ministério, destaca-se a Eucaristia, considerada por ele o instrumento insubstituível de uma renovação iminente e radical da Igreja e da sociedade.
A cruz tornou-se o centro de sua mística. Muitas vezes, segurando a cruz peitoral, dizia: “Fac me cruce inebriari” (Fazei-me enamorar da cruz). Também a devoção a Nossa Senhora e aos santos alimentavam sua vida espiritual.
Como Bispo, deu atenção especial ao clero, à formação de seminaristas e à inserção dos leigos na vida da Igreja local.
Dom João Batista Scalabrini era conhecido como o “Príncipe da Caridade”, por sua atenção generosa para com os mais pobres e sofredores, especialmente os migrantes.
APÓSTOLO DO CATECISMO
O primeiro ato oficial de Scalabrini como Bispo foi a publicação de uma carta pastoral por meio da qual reorganizou uma escola de catecismo na diocese. Preocupado com a crescente laicização da sociedade italiana, investiu na educação cristã dos fiéis.
Nasceu, assim, uma estrutura escolar baseada em vicariatos, que tinham como objetivo formar grupos de catequistas acompanhados de um “padre espiritual”, realizando retiros mensais e valorizando a comunhão semanal. Ao todo, foram cerca de 6 mil catequistas aos quais ele considerava como missionários. Por essa razão, foi definido pelo Papa Pio IX como “apóstolo do catecismo”.
MIGRANTES
Durante suas numerosas visitas pastorais às paróquias da diocese, Scalabrini constatou a quantidade de fiéis que haviam emigrado para outros países, especialmente para as Américas. Famílias que deixaram sua terra natal em busca de uma vida nova, diante da pobreza extrema.
Essa dura realidade preocupava o Bispo, despertando nele o desejo de fazer algo concreto para acompanhar e dar assistência espiritual e material aos migrantes.
Foi, então, que Scalabrini fundou, em 1887, a Congregação dos Missionários de São Carlos e, em 1895, o ramo feminino da mesma congregação, para acompanharem os migrantes italianos nas Américas e, posteriormente, os alemães e poloneses, entre outros. Assim, os missionários constituíam no exterior comunidades que mantivessem vivas a língua, cultura e raízes desses povos.
Scalabrini não deixou de visitar seus missionários. Em 1901, foi aos Estados Unidos e, em 1904, veio ao Brasil. Justamente em consequência dessas viagens cansativas, sua saúde ficou muito comprometida, a ponto de vir a falecer em 1º de junho de 1905. Foi beatificado em 9 de novembro de 1997 por São João Paulo II.
“Profundamente atraído por Deus e de modo extraordinário devoto da Eucaristia, soube transformar a contemplação de Deus e do seu mistério numa intensa ação apostólica e missionária, tornando-se tudo em todos para anunciar o Evangelho […]. Devido ao seu amor para com os pobres, e em particular para com os emigrantes, fez-se apóstolo dos numerosos concidadãos obrigados a emigrar, com frequência em condições difíceis e com o perigo concreto de perder a fé: foi para eles pai e guia seguro.
Podemos dizer que o Beato João Batista Scalabrini viveu intensamente o Mistério pascal, não por meio do martírio, mas servindo Cristo pobre e crucificado nos numerosos necessitados e sofredores, pelos quais sentiu predileção, com um coração de autêntico pastor solidário com o próprio rebanho”, afirmou o Papa Wojtyla na homilia da beatificação.