No próximo domingo, 24, Solenidade da Ascensão do Senhor, a Igreja também comemora o 54º Dia Mundial das Comunicações Sociais.
Como acontece em todos os anos, o Papa Francisco publicou uma mensagem para o Dia Mundial das Comunicações, que este ano tem como tema: “‘Para que possas contar e fixar na memória” (Ex 10, 2)’. A vida se faz história”.
O Pontífice dedicou a mensagem ao tema da narração, ressaltando que, para que as pessoas não se percam, é preciso respirar a verdade das histórias boas. “Histórias que edifiquem, e não as que destruam; histórias que ajudem a reencontrar as raízes e a força para prosseguirmos juntos”, afirma.
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TRAMA DA HISTÓRIA
Para introduzir o tema, o Santo Padre recorda que o humano é um “ser narrador”, cujas narrativas marcam, plasmam suas convicções e comportamentos e ajudam a si mesmos.
Francisco, alerta, ainda, que, desde o início, a narrativa humana é ameaçada e recorda a tentação bíblica da serpente que diz: “Se comeres, serás como Deus” (cf. Gn 3, 4) e, assim, “introduz, na trama da história, um nó difícil de desfazer”.
O Santo Padre utiliza, ainda, o termo inglês storytelling, atualmente popular na comunicação digital, que consiste na arte de contar histórias e construir narrativas por meio de técnicas inspiradas em roteiristas e escritores para transmitir uma mensagem de forma inesquecível. Segundo o Papa, ainda hoje “sussurra” quem se serve dessa técnica para “fins instrumentais”.
NARRATIVAS DESTRUTIVAS
O Pontífice acrescentou que, frequentemente, nos “teares” da comunicação, “em vez de narrações construtivas, que solidificam os laços sociais e o tecido cultural, produzem-se histórias devastadoras e provocatórias, que corroem e rompem os fios frágeis da convivência”.
Por outro lado, ele ressalta que, enquanto as histórias utilizadas para proveito próprio ou ao serviço do poder têm vida curta, “uma história boa é capaz de transpor os confins do espaço e do tempo: à distância de séculos, permanece atual, porque nutre a vida”.
Reconhecendo que se vive em uma época em que se revela “cada vez mais sofisticada a falsificação”, Francisco menciona o fenômeno da chamada deepfake, tecnologia que usa inteligência artificial para criar vídeos falsos, mas realistas, que mostram pessoas fazendo ou dizendo coisas que nunca fizeram na vida real. “Precisamos de sabedoria para patrocinar e criar narrações belas, verdadeiras e boas”.
SAGRADA ESCRITURA
O Papa chama a atenção para a Sagrada Escritura como “História de histórias”. “Quantos eventos, povos, pessoas nos apresenta! Desde o início, mostra-nos um Deus que é simultaneamente criador e narrador”, afirma, enfatizando que, por meio de seu narrar, Deus chama à vida as coisas e, no auge, “cria o homem e a mulher como seus livres interlocutores, geradores de história juntamente com Ele”.
“A Bíblia é a grande história de amor entre Deus e a humanidade”, continua o Bispo de Roma, recordando que no centro dessa história está Jesus, que leva à perfeição o amor de Deus pelo homem e, ao mesmo tempo, a história de amor do homem por Deus.
Francisco explicou, ainda, que o tema da mensagem foi tirado do Livro do Êxodo, “narrativa bíblica fundamental que nos faz ver Deus a intervir na história do seu povo”. “A experiência do Êxodo ensina-nos que o conhecimento de Deus se transmite sobretudo contando, de geração em geração, como Ele continua a tornar-Se presente. O Deus da vida comunica-Se, narrando a vida”, reforça.
JESUS, O NARRADOR
“O próprio Jesus falava de Deus, não com discursos abstratos, mas com as parábolas, breves narrativas tiradas da vida de todos os dias”, recorda o Pontífice, acrescentando que, para quem as ouve, “a história se faz vida: tal narração entra na vida de quem a escuta e transforma-a”.
O aspecto narrativo dos evangelhos também é lembrado. O Santo Padre recorda as palavras do Papa Emérito Bento XVI, que, na Encíclica Spe Salvi (2007), afirmou que a mensagem cristã não era só “informativa”, mas “performativa”, ou seja, que “o Evangelho não é apenas uma comunicação de realidades que se podem saber, mas que gera fatos e muda a vida”.
“O Evangelho de João nos diz que o Narrador por excelência – o Verbo, a Palavra – fez-se narração… Deus teceu-se pessoalmente com a nossa humanidade, dando-nos assim uma nova maneira de tecer as nossas histórias”, acrescenta Francisco.
SEMPRE ATUAL
Ne mensagem, Francisco também enfatiza que a história de Cristo não é um patrimônio do passado, mas sempre atual. “Mostra-nos que Deus levou o homem, nossa carne, nossa história ao coração, a ponto de se fazer homem, carne e história”. Por isso, continua o Pontífice, “a humanidade merece narrações que estejam à sua altura”, àquela a qual Jesus elevou.
“Quando fazemos memória do amor que nos criou e salvou, quando colocamos amor nas nossas histórias diárias, quando tecemos de misericórdia as tramas dos nossos dias, nesse momento estamos mudando de página”, continua o Papa, convidando todos a se aproximarem das pessoas que o cercam e de si mesmos com o olhar de Deus, o único narrador que tem o ponto de vista final. “Ninguém é mero figurante no palco do mundo; a história de cada um está aberta a possibilidades de mudança”.
VIRGEM MARIA
Francisco conclui a mensagem com uma oração dirigida à Nossa Senhora, “a uma mulher que teceu a humanidade de Deus no seio e – diz o Evangelho – teceu conjuntamente tudo o que Lhe acontecia”.
“Ouvi as nossas histórias, guardai-as no vosso coração e fazei vossas também as histórias que ninguém quer escutar. Ensinai-nos a reconhecer o fio bom que guia a história. Olhai o cúmulo de nós em que se emaranhou a nossa vida, paralisando a nossa memória”, diz um trecho da oração.
MISSA EM SÃO PAULO
O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidirá a missa da Solenidade da Ascensão do Senhor na Catedral da Sé, no domingo, às 11h, sem a presença de fiéis, devido às medidas de isolamento social para conter a pandemia de COVID-19.
A celebração será transmitida, ao vivo pela rádio 9 de Julho, pela Rede Vida e pelas mídias digitais da Arquidiocese.
ACESSE:
Mensagem do Papa Francisco para o 54º Dia Mundial das Comunicações Sociais