Novas tecnologias ajudam fiéis a colaborar com a manutenção de suas paróquias

Da mesma forma que as comunidades recorrem às mídias digitais para continuar a realizar suas atividades religiosas e evangelizadoras durante a pandemia de COVID-19 – como as transmissões de missas, momentos de oração e de formação –, as plataformas tecnológicas também são um caminho para que os fiéis continuem ajudando a Igreja em suas necessidades.

Mesmo antes do coronavírus, muitas paróquias já disponibilizavam uma maneira de os fiéis realizarem suas doações e dízimos por meio de depósitos e transferências bancárias. Agora, com o isolamento social, essa realidade tem sido muito mais comum.

SUBSÍDIO

Para auxiliar as comunidades, a Arquidiocese de São Paulo elaborou o subsídio “Proposta de Fé, Solidariedade e Comunicação para a Manu- tenção das Paróquias”, que traz orientações práticas para que as paróquias organizem um sistema on-line de arrecadação de doações e dízimos.

“A pandemia do coronavírus está nos obrigando a repensar uma série de atitudes e métodos pastorais e também administrativos, em nossas comunidades e na própria Arquidiocese. Isso pode ser penoso num primeiro momento, mas também pode deixar um aprendizado muito útil para o período posterior à cri-

se sanitária pela qual atravessamos”, afirmou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, na carta de apresentação da iniciativa, desenvolvida em parceria com a Uniti – Assessoria e Comunicação.

APLICATIVO

Outra parceira da Arquidiocese é a Orgsystem, empresa de tecnologia com experiência em sistemas de gestão eclesial, que desenvolveu o aplicativo digital Orgpay, para a captação de doações por meio de cartão de crédito e boleto bancário.

O aplicativo permite que as pessoas possam realizar sua doação por meio de um link seguro e personalizado para cada paróquia. “Os usuários informam o valor de doação ou selecionam algum valor sugerido pelo link, e incluem os dados de identificação e as informações do cartão de crédito para registrar a operação”, explicou ao O SÃO PAULO Nayara Coelho, analista de negócios da Orgsystem.

O link para a doação pode ser incorporado nas redes sociais, sites ou outros meios eletrônicos da paróquia. Além disso, é disponibilizado um QR Code para ser inserido nas telas das transmissões de celebrações e eventos. A paróquia conta, ainda, com um portal administrativo para acompanhar as transações e informações do doador, com possibilidade de exportar esses dados.

O QUE É O DÍZIMO?

Referente ao 5º mandamento da Igreja – “Ajudar a Igreja em suas necessidades” –, o dízimo tem a finalidade de “organizar o culto divino, prover o sustento do clero e dos demais ministros, praticar obras de apostolado, de missão e caridade, principalmente em favor dos pobres!”, como recorda o documento 106, “O Dízimo na Comunidade de Fé – Orientações e Propostas”, publicado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 2016.

Embora a palavra dízimo signifique a “décima parte” que os judeus davam de tudo o que colhiam da terra com o seu trabalho, nem o Catecismo da Igreja Católica nem o Código de Direito Canônico obrigam que essa “parte” seja exatamente 10% do salário de cada fiel.

SENTIDO DE PERTENÇA

Mais do que uma simples devolução e preceito, o dízimo é uma prática que manifesta o sentimento de pertença do fiel à comunidade eclesial e remonta à experiência vivida pelos primeiros cristãos.

Além da dimensão religiosa, o dízimo está relacionado à fé e à pertença a uma comunidade e torna o batizado corresponsável com a vida e missão da Igreja, não apenas para a manutenção da estrutura material do templo e seus ministros, mas, também, para o sustento das iniciativas pastorais, especialmente as de caridade e socorro aos mais necessitados.

CONSCIENTIZAÇÃO

“A arrecadação do dízimo e as doações são fundamentais neste momento, porque nós temos as diversas despesas fixas: funcionários, que não podem ser demitidos e, consequentemente, os encargos sociais e outras despesas da paróquia, como contas diversas já assumidas, água, luz etc. A comunidade paroquial é chamada a se sensibilizar para que continue a ajudar a paróquia a se manter”, afirmou ao O SÃO PAULO o Padre Carlos Alves Ribeiro, Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Expectação, na Freguesia do Ó.

O Padre José Lino Mota Freire, da Paróquia Santa Ângela e São Serapião, na Vila Moraes, acrescentou que, além das despesas com pessoal e abastecimento, há o custo com itens de higiene pessoal, como material de limpeza e também despesas essenciais, como alimentação. “Esta é uma ocasião propícia para estimular a conscientização do nosso povo e lembrá-lo de que é deste dízimo e desta colaboração com sua igreja que nossa missão sobrevive”, completou.

Dom Odilo enfatizou que a nova proposta para arrecadação não tem a finalidade de “substituir, pura e simplesmente, as outras formas de receber generosas contribuições do povo”. E reiterou: “Esta nova pro- posta vem para somar, e não para substituir”.

(Colaborou: Flavio Rogério Lopes)

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