‘Cabe a nós, cristãos, recordar o mistério central da Páscoa’

Afirmou o Cardeal Scherer, ao abrir a Semana Santa com a missa do Domingo de Ramos na Catedral da Sé  

Fiéis participa de procissão do Domingo de Ramos com dom Odilo, na Praça da Sé (Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, presidiu no domingo, 10, na Catedral da Sé, a Missa do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, celebração que abre a Semana Santa.

Após dois anos com restrições impostas pela pandemia de COVID-19, a missa voltou a acontecer com ampla participação de fiéis, iniciando-se com a bênção dos ramos na Praça da Sé, junto ao marco zero da cidade, seguida de uma pequena procissão até o interior da Catedral.   

Nessa liturgia, recordam-se dois momentos marcantes da vida de Jesus: sua entrada solene em Jerusalém e a proclamação da sua Paixão, neste ano, segundo o evangelista São Lucas. 

LEIA TAMBÉM:
Na ‘Semana Maior’, celebra-se o mistério central da fé cristã

O TRONO DE JESUS

No início da homilia, Dom Odilo destacou que a liturgia desse dia começou na praça, em meio às realidades que fazem parte de ambiente central da cidade, ambiente não muito diferente daquele onde aconteceu “o drama da paixão, morte e ressurreição de Jesus, nosso Senhor, Salvador, Filho de Deus feito homem no meio de nós”.

Referindo-se à cena da entrada solene de Jesus em Jerusalém, aclamado como rei, como aquele que veio para restaurar o reino de Israel, o Cardeal Scherer sublinhou que Cristo não veio ao mundo para assumir o trono de Davi, mas, sim, para assumir um reinado com um significado maior. “O trono de Jesus é a cruz, a partir do qual ele reina para toda a humanidade e distribui os benefícios da graça, da salvação, do perdão, da misericórdia para toda a humanidade.”

“Os passos da paixão culminam na ressurreição e na manifestação da vida nova do Ressuscitado para nós”, frisou o Arcebispo, reforçando que todos são convidados a acompanhar a celebração pascal em cada um dos momentos da Semana Santa, que não se resume à Sexta-feira Santa, mas consiste no conjunto de ritos da liturgia do Tríduo Pascal.

Dom Odilo explicou, ainda que, ao proclamar a Paixão de Jesus segundo um dos evangelhos no Domingo de Ramos, a Igreja convida cada fiel a meditar sobre esse que é o mistério central da vida cristã. “Se hoje, talvez, a celebração da Páscoa lembra o coelhinho, chocolate, bacalhau… cabe a nós, cristãos, recordar sempre o que é principal na Páscoa e não reduzi-lo a esses ritos culturais que têm o seu valor, mas não são o seu centro”, disse.

‘QUAL É O MEU LUGAR NA PAIXÃO?’

“Ao celebrarmos a Páscoa, somos chamados a nos colocar de coração contrito, aberto, diante da Paixão de Cristo e, de um lado, pedirmos perdão, arrependidos, dispostos a nos convertermos dos nossos pecados; do outro, agradecendo-lhe por ter nos amado até o fim”, continuou Dom Odilo, acrescentando que cada cristão é chamado a se colocar na cena da Paixão e se indagar com qual personagem se identifica nessa narrativa.

Nesse sentido, o Cardeal chamou a atenção para o trecho do Evangelho que diz que “todos os conhecidos de Jesus, bem como as mulheres que o acompanhavam desde a Galileia, ficaram a distância, olhando essas coisas”. E afirmou: “Nós, cristãos, somos os conhecidos, os amigos, de Jesus”, lembrando que muitos desses também ficam a distância, afirmam ser católicos, mas não vão à missa. “A Páscoa é um convite para chegarmos mais perto de Jesus”, completou.  

Por outro lado, o texto bíblico também mostra José de Arimateia, que, embora fosse membro do Sinédrio, não havia aprovado a condenação de Jesus, foi a Pilatos e pediu para sepultar dignamente o corpo do Senhor. “Qual é a nossa posição na Paixão de Cristo? É a pergunta que eu deixo para meditarmos durante as celebrações da Semana Santa”, concluiu Dom Odilo.

Refugiada ucraniana canta na Catedral da Sé 

Durante a missa do Domingo de Ramos, o coro musical da Catedral da Sé contou com a participação da solista ucraniana Natália Narbut, integrante do coro da Catedral de Kiev, que veio ao Brasil como refugiada da guerra. A cantora também participará das celebrações do Tríduo Pascal na Sé. 

Após a comunhão, ela entoou um canto da tradição litúrgica ucraniana e, em seguida, recebeu de Dom Odilo, como gesto de acolhida, um pequeno círio pascal, como sinal de esperança da ressurreição e da paz para o seu povo.Na homilia, o Cardeal Scherer renovou a prece da Igreja pela paz no mundo, em especial pela Ucrânia, que ainda sofre com a guerra. “O Filho de Deus não veio ao mundo para combater os homens, para fazer guerra à humanidade, veio para manifestar o amor de Deus, a misericórdia, o perdão, a Boa-Nova da vida plena para todos”, afirmou, recordando a atitude de Jesus narrada no Evangelho, quando Ele repreende o apóstolo que feriu um dos oficiais que vieram prendê-lo.

Semana Santa na Catedral

Confira a programação as celebrações da Semana Santa presididas pelo Cardeal Scherer na Catedral da Sé:

14/10QUINTA-FEIRA SANTA

10h – Missa Crismal

18h – Missa da Ceia do Senhor (rito do lava-pés)

15/04 – SEXTA-FEIRA SANTA

15h – Celebração da Paixão do Senhor

17/04 – SÁBADO SANTO

19h – Vigília Pascal

17/04 – DOMINGO DE PÁSCOA

11h – Missa Solene da Páscoa da Ressurreição

guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Veja todos os comentários