Cardeal Odilo Scherer conhece o projeto do contraturno escolar da Paróquia São Vito Mártir

‘Ajudar as crianças a terem um futuro melhor é dar um sinal de esperança’, afirmou o Arcebispo em visita à iniciativa no bairro do Brás

“Sou feliz aqui. As manhãs são es­peciais, de muito aprendizado, estudo e fé”, afirmou Sebastian Alexander Bravo dos Santos, 12 anos, um dos atendidos pelo projeto de contraturno escolar nas dependências da Paróquia São Vito Mártir, no bairro do Brás, Decanato São Paulo, Região Sé.

Assim como Sebastian, outras 59 crianças, com idades entre 6 e 12 anos, são beneficiadas pelo projeto, que ofere­ce reforço escolar nos períodos da ma­nhã e da tarde, com aulas de português, matemática, música, balé, caratê, artes, teatro e informática, além de catequese.

A iniciativa é fruto da parceria com o Cor Unum — ligado à Paróquia Nos­sa Senhora do Brasil, no Decanato São Tomé da mesma região episcopal —, o Instituto Virtus e empresários que apa­drinham as crianças, garantindo-lhes acesso à educação de qualidade.

Na manhã de segunda-feira, 16, o Cardeal Odilo Pedro Scherer visitou o espaço, conheceu as instalações do pro­jeto e conversou com as crianças, coor­denadores e professores.

Para acolher o Arcebispo Metropoli­tano, as crianças prepararam uma apre­sentação musical com canções religiosas e ofereceram-lhe um ramalhete espiritu­al, no qual cada uma expressou seu dese­jo e oração a Dom Odilo.

EDUCAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

Paola Dimitri Crepaldi, coordena­dora pedagógica do projeto, destacou a realidade de vulnerabilidade das famílias atendidas na região da Paróquia São Vito Mártir. Segundo ela, o trabalho educati­vo busca responder às necessidades con­cretas dessas crianças.

“As crianças estão inseridas em situa­ções de muita pobreza e isso requer aten­ção. Nossa missão é garantir a elas uma educação integral, humana e espiritual”, disse.

Paola também ressaltou que o projeto vem ampliando parcerias para oferecer atendimento médico às crianças. Entre as iniciativas, está a colaboração com um oftalmologista, além da atuação volun­tária de uma médica pediatra e de uma neuropediatra.

“A partir das ações desenvolvidas com o Cor Unum, estamos conseguindo ampliar nossas frentes de atuação e ga­rantindo dignidade e acesso à saúde e à educação para essas crianças”, completou Paola, enfatizando que as crianças rece­bem o lanche e almoço no projeto.

O contraturno escolar conta com o apoio de seis voluntários, entre educa­dores e catequistas. Uma delas é Carla Bacci. “Venho três vezes na semana. É minha missão, minha doação e compro­misso. Aqui tenho a oportunidade de ensinar a disciplina de Arte, buscando transmitir os valores”, relatou, recordan­do os 40 anos em que foi professora de Ensino Fundamental I.

Outra frente de atuação da Paróquia é o Projeto Transbordar, que acontece pa­ralelamente com um grupo de cerca de 30 mulheres da comunidade. A iniciativa oferece oficinas de costura, crochê e bor­dado, visando a qualificação profissional e a geração de renda para as famílias. “É um meio de capacitação que também transforma vidas”, destacou Adelina Co­elho dos Santos Camargo, coordenadora pedagógica.

Ana Paula Vieira Carvalho é mãe da Letícia, 10, que está no projeto há três anos. “A minha mãe havia acabado de falecer. Eu estava sem chão e sem saber como ajudar minha filha nos estudos. Mas surgiu esta bênção de projeto, que renovou minha esperança e a certeza de que minha filha está em um lugar seguro e de aprendizagem. A Letícia só queria saber de celular e televisão; ago­ra, trocou tudo isso pelos livros”, contou, emocionada.

SINAIS DE ESPERANÇA

Durante visita pastoral à Paróquia São Vito Mártir, Dom Odilo manifestou alegria em conhecer o projeto social de­senvolvido pela comunidade.

“Fiquei bem contente em conhecer este trabalho aqui na Paróquia, com a presença das crianças em contraturno escolar”, afirmou. Dom Odilo destacou que o projeto está bem estruturado e atende a uma demanda urgente da re­gião. “Neste bairro há muita necessida­de. Embora haja aqui muito comércio, muita circulação de dinheiro, é também um bairro pobre, porque aqui há mui­tos que não têm acesso nem à habita­ção digna, nem a trabalho. E por isso existem muitas crianças em situação de vulnerabilidade.”

Para o Arcebispo, a atuação da Paró­quia representa uma forma concreta de vivência do Evangelho. “É uma obra de misericórdia, se quisermos falar com con­ceitos. Ajudar a formar, dar dignidade a essas crianças, para que possam ter espe­rança de um futuro melhor, é uma manei­ra concreta de praticar o Evangelho”.

Dom Odilo também fez referência ao apelo do falecido Papa Francisco para este Ano Jubilar, que convida os fiéis a se tornarem sinais de esperança no mundo. “Ajudar as crianças a terem um futuro melhor é dar um sinal de esperança. Aju­dar na educação é dar um sinal de espe­rança para um mundo melhor”, concluiu.

FUTURO ÀS CRIANÇAS

Padre Michelino Roberto, Adminis­trador Paroquial, destacou a importân­cia das parcerias que tornam o projeto de contraturno escolar possível. Segun­do ele, comerciantes do bairro têm sido convidados a colaborar, apadrinhando crianças por meio da cobertura total ou parcial do custo mensal.

“Temos uma empresa que contribui mensalmente com um valor significati­vo, e a Paróquia Nossa Senhora do Brasil é uma grande benfeitora desse proje­to por meio do Cor Unum”, explicou o Sacerdote, mencionando a Paróquia em que é Pároco.

Padre Michelino reforçou que a pro­posta vai além do assistencialismo. “É um projeto transformador. Acreditamos em iniciativas que ofereçam, de fato, um futuro às crianças. À medida que parti­cipam das atividades, elas descobrem o próprio potencial e percebem que são capazes de fazer coisas boas e construir um futuro bonito”, afirmou.