Católicos alemães festejam a santa que se dedicou ao serviço dos mais pobres

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu missa na Paróquia Pessoal Alemã São Bonifácio, na Vila Mariana, no domingo, 15, por ocasião das comemorações da festa de Santa Isabel da Hungria, cuja memória litúrgica foi celebrada na terça-feira, 17.

Venerada pelos alemães como Elisabete da Turíngia, esta Santa nasceu em 1207. Filha do imperador Andreas II da Hungria, casou-se com Luís IV, herdeiro de um dos feudos mais ricos do Império Romano-Germânico.

Sua vida foi marcada pelo testemunho de fé e caridade que incomodava a nobreza da época. Isabel distribuía alimentos, roupas, dinheiro e até ferramentas agrícolas aos súditos pobres. Após a morte de seu marido, ela foi expulsa do palácio com seus filhos, chegando a se abrigar com os porcos em um curral. Anos depois, foi chamada para voltar à Corte, mas renunciou aos títulos e ingressou na Ordem Terceira Franciscana.

Na homilia, Dom Odilo enfatizou que Santa Isabel é “um belo exemplo de amor aos pobres, de caridade concreta para com as pessoas mais necessitadas”, modelo oportuno para ser lembrado no Dia Mundial dos Pobres, celebrado nessa data.

Liga das Senhoras

Na Paróquia São Bonifácio, essa Santa é patrona do grupo chamado Liga das Senhoras de Santa Elisabete, que surgiu há mais de 60 anos, para ajudar as famílias em situação de pobreza. Essas mulheres realizam bazares beneficentes nos quais são vendidos produtos feitos por elas próprias, como bordados, crochês, artesanatos e pinturas. “O valor arrecadado é revertido em ajuda a creches, asilos e famílias necessitadas”, explicou a presidente da Liga, Ana Doroteia Correa, 71.

Hoje, o grupo é composto por 20 senhoras. A escolha da padroeira se deve justamente à sua dedicação aos mais pobres. “Santa Elisabete é um exemplo para nós e protetora do nosso trabalho”, afirmou Ana Correa.

Paróquia pessoal

A comunidade católica alemã em São Paulo se formou há quase 120 anos, quando os primeiros imigrantes da Alemanha procuraram assistência espiritual no Mosteiro de São Bento, no Centro, onde começaram a ser celebrados sacramentos em seu idioma materno. Em 1966, foi inaugurada a atual igreja matriz, abençoada pelo Cardeal Agnelo Rossi, então Arcebispo de São Paulo.

Diferentemente das paróquias territoriais, uma paróquia pessoal é voltada à assistência pastoral de um grupo de fiéis de determinada língua, etnia ou cultura, no caso, os imigrantes alemães e seus descendentes residentes em São Paulo, assim como as pessoas vindas de países em que o alemão também é falado, como Áustria, Bélgica, Liechtenstein, Luxemburgo e Suíça.

Pároco desde janeiro de 2015, Padre Georg Pettinger, missionário alemão, explicou ao O SÃO PAULO que, atualmente, existem cerca de 250 mil alemães e seus descendentes espalhados por toda a cidade. No entanto, nem todos são católicos ou participam da celebração nessa paróquia, sobretudo devido à distância, e acabam se inserindo nas comunidades próximas de suas residências.

Manter viva a cultura

Segundo Padre Georg, o atual contexto da pandemia acentuou o desafio missionário de atrair os fiéis para as atividades na Paróquia São Bonifácio. “Temos muitas pessoas idosas, e os alemães, em geral, são bastante receosos com a situação da pandemia no Brasil. Por isso, no momento, temos apenas uma missa semanal, em alemão, transmitida pelas mídias digitais”, informou.

O Sacerdote, contudo, salientou que a Paróquia continua empenhada na missão de manter viva a cultura da comunidade alemã na cidade, especialmente na promoção da convivência entre as diferentes gerações, para que não se percam as raízes que as ligam como povo.

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