Dom Odilo destaca o exemplo de humanidade e de serviço à Igreja do Papa Francisco

Arcebispo Metropolitano presidiu missa na Catedral da Sé em sufrágio do Pontífice, que morreu aos 88 anos

Cardeal Scherer preside missa em sufrágio do falecido Papa Francisco (fotos: Luciney Martins)

Na segunda-feira da Oitava da Páscoa, 21, a Igreja continua a anunciar a Ressurreição de Jesus, ao mesmo tempo em que reza em sufrágio pelo Papa Francisco, que morreu na manhã deste dia, na Casa Santa Marta, no Vaticano, aos 88 anos de idade, em decorrência de AVC, coma e colapso cardiorrespiratório, segundo comunicado da Santa Sé.

Às 12h deste dia, na Catedral da Sé, centenas de fiéis participaram da missa em sufrágio do papa falecido, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer. No começo da celebração, o Arcebispo de São Paulo recordou que os católicos elevam orações a Deus para que receba o Papa Francisco, “o acolha e o recompense por todo o bem que realizou”; ao mesmo tempo em que rendem graças ao Senhor pelas boas marcas deixadas pelo Pontífice.

‘NÃO ESCONDEU SUA FRAGILIDADE’

“O Papa Francisco deixou uma marca importante na vida da Igreja e da humanidade. Ele foi uma pessoa humana, muito humana, até o final. Não escondeu a sua fragilidade, não escondeu a sua condição de cadeirante quando não pôde mais caminhar, não escondeu a sua condição de enfermo quando já tomava medicamentos muito fortes para as dores que sofria, e mesmo no hospital, durante as semanas de internação, pediu que não fosse escondida a sua condição de enfermo, e assim foi feito”, disse Dom Odilo, recordando ainda que após a alta hospitalar, o Papa voltou à Casa Santa Marta e continuou sua rotina de vida, em meio às fragilidades de saúde.

“Ontem, vimos as imagens marcantes no Domingo de Páscoa, quando ele apareceu na sacada da Basílica de São Pedro para a bênção ‘Urbi et Orbi’, e já parecia extremamente debilitado. Apenas com um fiozinho de voz, desejou feliz Páscoa a todos, e com um esforço muito grande, com um gesto muito leve de sua mão, abençoou a multidão. Isso ficará, sem dúvida, como sinal da sua doação humana, por inteiro, para cumprir a sua missão até o fim”, destacou Dom Odilo.

NÃO DESCARTAR A PESSOA HUMANA

O Arcebispo de São Paulo enfatizou que Francisco deixa a todos um legado de valorização de dignidade da vida humana, em meio à atual “cultura do descarte”­– expressão recorrentemente usada pelo Pontífice em alusão ao desprezo às coisas e às pessoas devido à lógica da eficiência, da automação e do “aqui e agora” ­– pela qual, conforme recordou Dom Odilo, se descarta “a condição humana que não funciona bem, desde os pobres, os doentes, os idosos, as crianças indesejadas, passando pelos migrantes indesejados, pelos refugiados indesejados, por aqueles que economicamente não contam, por aqueles que ideologicamente pensam diferente de nós, ou religiosamente fazem diferente de nós”.

“O Papa Francisco nos deixou muito forte esta mensagem: não podemos descartar a pessoa humana. Quem quer que seja, é sempre um filho de Deus, uma filha de Deus, e quanto mais sofre, quanto mais é frágil, tanto mais merece nossa atenção e cuidado. A condição humana é também a condição da fragilidade, não é só da força, da eficiência, da capacidade física ou intelectual. Todo ser humano é importante, e creio que esta é uma mensagem importante que aprendemos do Papa Francisco”, prosseguiu Dom Odilo.

A SERVIÇO DA IGREJA

O Cardeal Scherer também sublinhou que Francisco deu testemunho de serviço total à Igreja, inclusive diante de situações adversas, perante as quais ele muito ouvia, fazia um profundo discernimento e decidia por um firme propósito: “Após discernir, o Papa Francisco apontava para a direção certa, e nós devemos agradecê-lo a lucidez, a força com que o fez”.

Um exemplo deste discernimento, segundo Dom Odilo, foi o firme posicionamento sobre os males das guerras, posição que reafirmou mesmo estando hospitalizado em sua fase final de vida: “Que sentido tem a guerra para quem está doente, para quem está machucado, para quem está debilitado, para as crianças, para os idosos, para toda a pessoa que pense um pouco no próximo? Que sentido tem? O Papa teve a coragem de dizer isto, não importa quem ouvisse, sem pretender agradar a uns ou a outros, e assim foi com tantas outras suas intervenções, apontando a direção justa. Por isso mesmo, sua autoridade moral foi reconhecida e continua a ser reconhecida”.

‘DAI-LHE, SENHOR, O DESCANSO ETERNO’

Ainda na homilia, Dom Odilo rezou a Deus para que acolha o Papa Francisco e o recompense com a vida em plenitude, “como ele creu, esperou e anunciou. Nós esperamos nas promessas de Deus. Somos peregrinos desta esperança grande que dá sentido à vida”.

Após a comunhão, o Arcebispo Metropolitano convidou a assembleia de fiéis a com ele suplicar ao Senhor pelo Papa Francisco: “Dai-lhe, Senhor, o descanso eterno. E brilhe para ele a Vossa luz. Descanse em paz”.

Por fim, recomendou que passado o funeral do Papa Francisco, todos os católicos permaneçam em oração, pedindo a Deus para que ilumine e inspire a escolha do novo papa, a fim de que conduza a Igreja, seguindo os passos de Jesus Cristo e do Evangelho.

Antes da missa, o Arcebispo Metropolitano concedeu entrevista coletiva à imprensa na qual comentou sobre o falecimento de Francisco e o legado do Pontífice.

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