Na tarde do sábado, 26, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu uma das seis missas da festa da padroeira da Basílica Menor de Sant’Ana, na memória litúrgica desta Santa e de São Joaquim, avós de Jesus. Centenas de fiéis lotaram o templo para render graças a Deus e pedir a intercessão de Sant’Ana.

Entre os concelebrantes desta missa estiveram os Padres José Roberto de Abreu Matos, Pároco e Reitor, e Jorge Silva, diretor da rádio 9 de Julho, emissora da Arquidiocese de São Paulo que ao longo do dia teve uma programação especial diretamente do Santuário.
Inicialmente, Dom Odilo saudou a todos e parabenizou pela organização da festa, dizendo ser um momento especial poder celebrar os pais da Virgem Maria e avós de Jesus. Recomendou, ainda, que neste Ano Jubilar da Esperança se dê atenção aos idosos e pediu orações a eles e aos enfermos.
O Arcebispo destacou que a Basílica Menor de Sant’Ana é uma das igrejas de peregrinação neste Jubileu e recordou as condições para obtenção da indulgência plenária pelos fiéis, sendo que também os idosos, enfermos e seus cuidadores impedidos de ir à missa podem obtê-la assistindo a celebração eucarística pelas mídias e cumprindo as demais condições, como a Confissão sacramental, orações pelo Papa e o firme propósito de uma reta conduta na vida de fé.
FIRMES NO TESTEMUNHO DA FÉ
Na homilia, Dom Odilo enfatizou que assim como os contemporâneos a Jesus foram felizes por vê-Lo e ouvi-Lo – sendo ainda mais agraciados os que seguiram o Senhor – “também nós estamos incluídos naqueles que veem e ouvem o que Jesus fez, falou e significa para a humanidade. Assim, também somos felizes por esta graça”.
O Cardeal recordou que os avós de Jesus estão inscritos na lista dos patriarcas da Igreja, por terem transmitido o patrimônio da fé de geração em geração, e que ainda hoje é preciso que os católicos mantenham esta postura perante um mundo que tenta interrompê-la.
“Parece acontecer um corte na transmissão das coisas preciosas que uma geração vive, testemunha e deveria passar para frente. E entre essas coisas boas está a experiência da nossa fé, da confiança em Deus, da esperança. Nós, como cristãos, levamos em nosso coração o patrimônio da esperança, que se baseia na fidelidade de Deus: Ele não mente, não nos engana, não trapaceia; Deus promete e cumpre”, enfatizou o Arcebispo.
Dom Odilo comentou, ainda, que há pessoas idosas que se mantêm firmes na fé e na confiança em Deus, mas também existem aqueles idosos que estão desiludidos da vida em razão da falta de esperança.
“Graças a Deus, muitos idosos vivem serenos, passam seu dia rezando, falam das coisas boas da vida aos mais novos, aos netinhos, incentivando-os, encorajando-os a serem bons, justos e honestos. Estão firmes na esperança e não desiludidos da vida, uma esperança que anima cada passo mesmo quando a vida vai ficando mais frágil”, observou.
“Olhando para São Joaquim e Sant’Ana, lembremos: de geração em geração, testemunhamos e transmitimos a esperança. Portanto, não interrompamos esta transmissão da fé, das coisas boas, dos conceitos morais, da honestidade e da vida digna”, sublinhou. “Fiquem firmes, continuem a acreditar, continuem a testemunhar”, exortou.

OS DIREITOS DOS IDOSOS NO BRASIL
Ainda na homilia, o Arcebispo falou sobre o crescente número de idosos na população brasileira, conforme o Censo de 2022, destacando que nem sempre eles recebem a devida atenção ou acessam os muitos direitos previstos no Estatuto da Pessoa Idosa (Lei nº 10.741/2003).
“Nele estão previstos os direitos à dignidade, ao respeito, à qualidade de vida, ao acesso à saúde, educação, lazer, transporte e previdência social, além da proteção contra a violência, a negligência e o abandono… O Estatuto é muito bom, mas é pouco utilizado. O conhecimento desses direitos é facilmente acessível a todos pela internet. Existem diversos formatos desses textos, também em áudio e vídeo, e, também, uma cartilha interessante, facilitando o acesso e o compartilhamento”.
“Na comemoração do Dia dos Avós e dos Idosos, a maior difusão dessa legislação seria um serviço interessante para proporcionar maior seguridade social e atenção humanizada às pessoas idosas”, recomendou.
TAMBÉM NA VELHICE, MANTER A ESPERANÇA

O Arcebispo de São Paulo também destacou trechos da mensagem do Papa Leão XIV por ocasião do V Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que será celebrado no domingo, 27.
“A mensagem é marcada pelo tema da esperança, no contexto do Ano Jubilar. Partindo do título – ‘Bem-aventurado aquele que não perdeu a esperança’ (Sir 14,2), o Papa se refere a figuras bíblicas como Moisés, Abraão e Sara, Zacarias e Isabel e a tantos outros idosos do povo de Deus, que não perderam a esperança na realização das promessas de Deus, mesmo quando já não podiam mais contar com as próprias forças. ‘Só se compreende a vida da Igreja e do mundo na sucessão das gerações. Por isso, abraçar um idoso ajuda-nos a entender que a história não se esgota no presente, nem em encontros rápidos e relações fragmentárias, mas se desenrola rumo ao futuro’, escreve o Papa. E exorta os idosos a serem sinais de esperança para as gerações mais jovens e para a sociedade; pede ao mundo que dê atenção e respeito aos idosos, oferecendo-lhes sinais de esperança, sobretudo àqueles que vivem em solidão, enfermidade e abandono”, recordou Dom Odilo.
Ainda de acordo com o Arcebispo, o Papa conforta os idosos dizendo-lhes que “é possível ter esperança, mesmo na velhice e quando as forças vão aos poucos sumindo dos músculos e do ânimo. E recorda as palavras memoráveis do Papa Francisco na sua última internação no Hospital Gemelli, em Roma: ‘O nosso físico é fraco, mas, mesmo assim, nada nos pode impedir de amar, de rezar, de nos doarmos, de sermos uns pelos outros, na fé, sinais luminosos de esperança’”.
Por fim, Dom Odilo destacou que na Bula de Promulgação deste Ano Jubilar (Spes non confundit – A Esperança não engana), o falecido Papa Francisco incentivou a Igreja e toda a sociedade a uma atenção maior aos idosos: “‘Sinais de esperança merecem os idosos, que, muitas vezes, experimentam a solidão e o sentimento de abandono. Valorizar o tesouro que eles são, a sua experiência de vida, a sabedoria que trazem consigo e a contribuição que podem dar, é um serviço da comunidade cristã e da sociedade civil, chamadas a trabalhar conjuntamente em prol da aliança entre as gerações’. E o Papa dirige uma palavra carinhosa aos avós no contexto da comunidade cristã: vocês, avós, ‘representam a transmissão da fé e da sabedoria de vida às gerações mais jovens’. Que eles ‘sejam amparados pela gratidão dos filhos e pelo amor dos netos, que neles encontram suas raízes, compreensão e estímulo’”.

SANT’ANA, EXEMPLO DE CATEQUISTA
Ao término da missa, o Padre José Roberto agradeceu a presença do Arcebispo e desejou que “a vó Sant’Ana, como diz o povo, e São Joaquim estejam ao seu lado para o pastoreio na cidade de São Paulo”.
Dom Odilo agradeceu o convite para celebrar em mais um ano na festa de Sant’Ana, e recordou que a avó de Jesus tem uma mensagem muito bonita para todas as famílias, em especial às mães e avós, pois em sua imagem aparece com o dedo para o alto, ensinando as coisas da fé para a Virgem Maria, sendo assim também uma catequista: “Avós, o que vocês semeiam no coração dos pequenos cria raízes profundas”, assegurou.
Na bênção final da missa, o Arcebispo concedeu a indulgência plenária do Ano Jubilar aos fiéis.

Outras três missas foram celebradas antes desta no tradicional templo da Região Santana, presididas por Dom Carlos Lema Garcia e por Dom Carlos Silva, OFMCap., Bispos Auxiliares da Arquidiocese, e por Dom Luiz Antônio Guedes, Bispo Emérito de Campo Limpo.
Às 17h30, a Eucaristia será presidida por Dom Cícero Alves de França, também Bispo Auxiliar de São Paulo, e às 19h30 pelo Padre José Roberto, Pároco e Reitor.