Dom Odilo: ‘Que ninguém se sinta apenas espectador da Igreja’

Afirmou o Arcebispo de São Paulo, ao falar da sinodalidade da Igreja, em entrevista à Rede Vida  

(Arquivo/reprodução da internet)

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, foi o entrevistado do programa “Frente a Frente” da Rede Vida de Televisão, na quinta-feira, 15. O assunto principal foi a 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada entre os dias 12 e 16, na modalidade on-line, devido à pandemia de COVID-19.  

O programa apresentado pelo jornalista Paulo Júnior contou com a participação dos jornalistas Filipe Domingues, colaborador da revista America Magazine, e Fernando Geronazzo, repórter do O SÃO PAULO. Dom Odilo também respondeu perguntas enviadas pelos telespectadores.

O Arcebispo explicou que a Assembleia da CNBB trata de assuntos da própria instituição e do interesse do episcopado, isto é, a vida da Igreja no Brasil, com destaque central para a Palavra de Deus como pilar essencial da vida e da missão eclesial, que deve estar presente em toda a vida pastoral, ações e organizações da Igreja.

“Essa não é uma reflexão nova, mas, certamente, a partir dessa assembleia, haverá novos desdobramentos nas dioceses e organizações da vida da Igreja, portanto, uma maior valorização da Palavra de Deus”, destacou o Arcebispo.

Sinodalidade

Ao responder a uma questão sobre a sinodalidade da Igreja, expressão bastante acentuada pelo Papa e que teve destaque ao longo da assembleia, o Cardeal explicou que essa é uma “qualidade da vida eclesial” , que pode ser traduzida como um esforço comum de participação de todos para que a vida a e a missão da Igreja se realizem plenamente.

“Que ninguém se sinta apenas espectador da Igreja”, afirmou o Arcebispo, ressaltando que toda pessoa batizada constitui a Igreja e colabora ativamente na sua missão, refutando assim qualquer compreensão equivocada que a Igreja represente apenas o clero ou a hierarquia, enquanto os fiéis são como que “fregueses” ou beneficiários do serviço prestado pelos ministros. “Não significa que todos assuam a mesma função. Mas de alguma maneira, todos se sentem corresponsáveis pela mesma missão, cada um no seu papel”.

Pandemia

Ao ser questionado sobre a crise sanitária vivida no Brasil com o agravamento da pandemia, o Cardeal Scherer afirmou que considera a situação “assustadora” e “sem controle”, quando se chega ao ponto de faltarem medicamentos e insumos, oxigênio e leitos hospitalares. O Arcebispo salientou que existem dois níveis de responsabilidades para essa crise: um deles é da população em geral, “que precisa se cuidar, assumir as atitudes para evitar o contágio. Isso nem sempre é fácil, nas condições em que nós vivemos”.

“Porém, também existe o nível de responsabilidade das autoridades. Portanto, vivemos no Brasil essa situação de negação da seriedade desta pandemia por parte de autoridades”, acrescentou Dom Odilo.

Ao falar sobre a preocupação dos bispos com as consequências negativas da pandemia, o Cardeal ressaltou, apesar da dor e do sofrimento, há muitas manifestações de solidariedade e superação da indiferença, que vão ao encontro das necessidades do próximo. “É necessário que isso cresça e se aprofunde para que, juntos, superemos a pandemia e seus efeitos”, completou.

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