Dom Odilo Scherer preside missa na Capela do Rosário, no centro de São Paulo

Neste tempo de preparação para o Natal, o Cardeal recordou que Cristo bate à porta e o cristão deve estar pronto para acolhê-lo

No 3º Domingo do Advento, dia 13, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, presidiu missa pela manhã na Igreja Nossa Senhora do Rosário, que se prepara para celebrar, em 2021, os 310 anos da Irmandade dos Homens Pretos.


Com transmissão pela rede social da Irmandade, a Eucaristia foi concelebrada pelo Capelão, Padre Luiz Fernando de Oliveira. Além de alguns irmãos e irmãs da confraria, fiéis participaram presencialmente da celebração, seguindo todos os protocolos de segurança sanitária em virtude da COVID-19.

A Irmandade dos Homens Pretos de São Paulo

Fundada em 2 de janeiro de 1711, a Irmandade agregou desde o início a comunidade negra, inclusive abrigando muitos escravos e alforriados a partir do século XVIII.

A devoção a Nossa Senhora do Rosário, introduzida na África pelos portugueses, foi a de maior aceitação entre os negros no Brasil. Escolhida pelo simbolismo da maternidade e de lutas vencidas por sua intercessão, a oração do Santo Rosário se tornou símbolo de força e de resistência da comunidade negra, que também representava sua fé e luta mediante a elaboração de rosários de sementes de capim, cujas contas grossas eram chamadas de “Lágrimas de Nossa Senhora”.

O primeiro prédio da Irmandade teve como endereço o Largo do Rosário, atual Praça Antônio Prado, onde hoje está a Bolsa de Valores de São Paulo. Em 1903, em decorrência da reformulação da região central, mesmo com muita resistência da comunidade, a igreja foi demolida. Somente três anos depois, um novo templo foi inaugurado no Largo do Paissandu, onde a comunidade permanece até hoje.

A Capela fica aberta diariamente das 8h às 19h, exceto aos sábados. Já as missas – embora seu número tenha diminuído por causa da atual pandemia –, continuam sendo celebradas às segundas, quartas e sextas-feiras, às 9h, e aos domingos, no mesmo horário. Desde 22 de setembro de 2019, a igreja acolhe a missa da comunidade africana, representada pelos irmãos nigerianos, também aos domingos, às 10h30.

Abrir a porta para o encontro com Deus

No Evangelho do dia (Jo 1,6-8.19-28), a Igreja foi convidada a ouvir São João Batista, que traz a Boa Notícia, a chegada de Jesus: “Eu batizo com água, mas no meio de vós está Aquele que vós não conheceis e que vem depois de mim”.

Na homilia, Dom Odilo ressaltou que São João Batista foi o “preparador do povo para acolher o Messias” e que ele a todos convida para reconhecer e acolher aquele que está no meio de nós. “De fato, o tempo do Advento da Igreja nos recorda desta equidade contida em nossa fé cristã e fé católica. Em nossa vida de fé, é importante acolher a Deus, ir ao Seu encontro”.

O Cardeal reforçou que Deus se faz presente de muitas maneiras: “Nossas igrejas e nossas capelas são imagens da recordação de que Ele está no meio de nós. São lugares para encontrarmos a Deus, assim como aqui, a Capela de Nossa Senhora do Rosário, no Largo do Paissandu, que é uma tenda do Senhor no meio da cidade”.

O Arcebispo disse, ainda, que quando as pessoas se reúnem em nome do Senhor, na caridade, em todo trabalho social e todo socorro ao próximo, isso também é um lugar de encontro com Deus. “Quando fazemos o bem às pessoas abandonadas, desprezadas, muitas vezes sem dignidade e sem direitos reconhecidos, nós fazemos a Ele”.

O Arcebispo alertou ainda que Deus sempre bate à porta. Se a abrirmos, o encontro será feliz. Além disso, deve-se frequentar
a Igreja e convidar os os irmãos a fazer o mesmo, pois quando o povo deixa de ir ao templo, a fé deixa de ser cultivada. “Por isso, a celebração de domingo é sempre muito importante, porque é um grande encontro. Indo à Igreja, encontramos Jesus na Eucaristia”.

Tempo de conversão

Dom Odilo enfatizou que cada pessoa deve pensar se está tendo tempo para Deus, e lembrou que Santo Agostinho disse uma vez temer que o Senhor passasse por perto, sem que ele o percebesse.

Neste tempo de renovar a alegria, a fé e a esperança, a celebração do Natal será diferente, com menos festejos e reunião de pessoas, em razão das medidas de precaução contra a COVID-19. Nesse sentido, o Cardeal pontuou que recentemente
o Papa Francisco disse que este ano talvez a celebração fique parecida com o primeiro Natal, quando Jesus nasceu
em Belém. “Que possamos celebrar na oração, na contemplação e na alegria. Agradecendo a Deus pela grande graça de vir ao nosso encontro”, concluiu.

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