‘É um grande privilégio sermos chamados a participar da mesa do Senhor’

O Arcebispo de São Paulo aconselhou os fiéis a lerem a carta apostólica ‘Desiderio desideravi’, publicada em 29 de junho pelo Papa Francisco

Luciney Martins /O SÃO PAULO

No programa “Encontro com o Pastor”, da quinta-feira, 30, na rádio 9 de Julho, o Cardeal Odilo Pedro Scherer falou sobre os protomártires romanos e a carta apostólica ‘Desiderio desideravi’, publicada pelo Papa Francisco no dia anterior.

Em 30 de junho, são recordados os Santos Protomártires da Igreja Romana. Nos primeiros tempos do Cristianismo, em Roma, houve violentas perseguições contra os cristãos e muitos foram martirizados, às vezes sem que se conhecesse suas identidades.

O Arcebispo de São Paulo apontou a veneração dos mártires como costume na Igreja desde os tempos mais antigos, justamente por eles serem testemunhas que receberam a Graça para perseverar na fé até o fim, a ponto de sacrificar a própria vida por Cristo e pela fé cristã.

“Nos encorajam a ficarmos firmes para o testemunho da fé cristã, a não nos abalarmos com as crises atuais, que podem estar marcando a Igreja. Nos tempos de crise, não devemos nos assustar, pois também são tempos de oportunidade, tempos para uma novidade na Igreja, que sempre aparece quando há uma grande crise”, pontuou.

DESIDERIO DESIDERAVI

O Cardeal comentou sobre a carta apostólica Desiderio desideravi, sobre a liturgia publicada pelo Papa Francisco.

O título em latim significa “ardentemente desejei ou com profundo desejo, eu desejei”. São as palavras de Jesus na Última Ceia, conforme pode ser lido no Evangelho segundo São João: “’desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco’. Desejei muito comer esta Páscoa convosco”, explicou Dom Odilo.

O documento trata sobre como a sagrada liturgia deve ser cultivada com muito afinco, interesse e valorizada pelos católicos. Lembra, ainda, que um é privilégio ir à missa. “Não somos nós que inventamos a missa e achamos que é bom ou não. É um grande privilégio sermos chamados a participar da mesa do Senhor”, enfatizou.

Na carta, o Pontífice destaca que não é o povo ou o sacerdote que dá sentido à missa, mas o próprio Cristo, por isso deve se conhecer bem o sentido teológico da Eucaristia na liturgia.

Francisco fala ainda que a liturgia é uma Riqueza da igreja, é a fé celebrada. Assim, deve ser fiel à fé proclamada.

Dom Odilo recordou ainda o alerta do Papa sobre “abusos litúrgicos” que vem sendo cometidos, ou seja, quando se altera a liturgia e faz da celebração da missa uma espécie de show para tentar divertir os fiéis.

Dando continuidade ao que foi dito por São João Paulo II e, depois, por Bento XVI, Francisco aponta que a liturgia não é particular, de modo que cada celebrante ou grupo a inventa.

“A liturgia é estabelecida pelo magistério da igreja. E por isso, cada um deve respeitar aquilo que está estabelecido. Não é que o celebrante seja escravo das fórmulas ou escravo das rubricas, como alguns dizem. O fato é que as orientações que aparecem em vermelho, muitas vezes no missal ou nos textos da liturgia ou aquilo que aparece entre parentes como textos de orientação, deve ser observado, porque é a palavra da Igreja sobre a celebração do Eucaristia”, comentou o Arcebispo.

Por fim, Dom Odilo convidou os fiéis a lerem a carta apostólica para aprender novamente a valorizar a liturgia, sobretudo a celebração da Eucaristia, que deve ser o centro da vida cristã: “Nós não inventamos a Eucaristia. Foi Jesus quem nos transmitiu o sentido da Eucaristia e nela nós fazemos o memorial, a lembrança de Seu sacrifício na Cruz”.

OUÇA A ÍNTEGRA DO PROGRAMA “ENCONTRO COM O PASTOR”

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