Educação: Arquidiocese promove seminário de estudos sobre a CF 2022

Divulgação

O Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade da Arquidiocese de São Paulo promoveu, no dia 27 de outubro, um seminário de estudos sobre a Campanha da Fraternidade (CF) 2022.

O evento, realizado em parceria com a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Instituto de Estudos Avançados (IEA) do Centro Universitário Ítalo-Brasileiro, aprofundou o tema da CF do próximo ano, “Fraternidade e Educação”.

O seminário reuniu no Teatro Tuca, em Perdizes, e virtualmente, pelas mídias digitais, educadores e gestores de instituições de ensino católicas e não confessionais, públicas e privadas da região metropolitana de São Paulo.

A primeira parte do evento destinou-se à apresentação de uma síntese do texto-base da CF 2022, que foi feita por Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar de São Paulo e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade. Ele ressaltou que o subsídio produzido por uma comissão da CNBB tem como base os documentos e propostas mais recentes do magistério do Papa Francisco, como o Pacto Educativo Global, lançado em 2019, e a encíclica Fratelli tutti, publicada em 2020. Há, ainda, referências do documento da Congregação para a Educação Católica intitulado “Educar ao Humanismo Solidário”, de 2017.

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Objetivos

A CF 2022 tem como objetivo geral promover diálogos a partir da realidade educativa do Brasil, à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário. Já os sete objetivos específicos são analisar o contexto da educação na cultura atual e seus desafios potencializados pela pandemia; verificar o impacto das políticas públicas na educação; identificar valores e referências da Palavra de Deus e da Tradição cristã em vista de uma educação “humanizadora” na perspectiva do Reino de Deus.

A campanha também visa a refletir sobre o papel da família, da comunidade de fé e da sociedade no processo educativo, com a colaboração dos educadores e das instituições de ensino; incentivar propostas educativas que, enraizadas no Evangelho, promovam a dignidade humana, a experiência do transcendente, a cultura do encontro e o cuidado com a casa comum.

De igual modo, a CF pretende estimular a organização do serviço pastoral nas escolas, universidades, centros comunitários e outros espaços educativos, em especial, das instituições católicas de ensino; promover “uma educação comprometida com novas formas de economia, de política e de progresso verdadeiramente a serviço da vida humana, em especial, dos mais pobres”.

Lições da pandemia

Ao abordar o impacto da pandemia de COVID-19 na educação, o texto-base enfatiza as consequências do confinamento para os estudantes, não só em relação ao seu desempenho acadêmico e impactos psicológicos, como também ao evidenciar as desigualdades existentes para o acesso às aulas remotas, tanto por parte de alunos quanto de professores.

Ao mesmo tempo, a pandemia estimulou o desenvolvimento de novas metodologias e tecnologias educacionais com as aulas on-line e o crescimento da educação a distância (EaD).

Horizontes da educação cristã

O texto-base também recorda que toda proposta educativa traz, de forma subjacente, uma concepção do ser humano, da cultura, da sociedade e da história, ou seja, “a cada pedagogia corre ponde uma antropologia”.

Nesse sentido, o documento sublinha que a educação que parte de uma antropologia cristã também considera o fim último da pessoa: conhecer e amar a Deus no tempo e na eternidade, e os irmãos por meio da fraternidade. “A educação não é só integral no sentido temporal, mas eterno. Ela deve con- duzir a pessoa a desenvolver suas capacidades em vista do amor a Deus e ao próximo (Mt 22,37-39), sem descuidar da promoção da vida e da dignidade humana, no horizonte da salvação”, diz o texto.

“Se as nossas escolas somente formam a cabeça dos alunos, não estamos cumprindo plenamente a nossa missão. Temos que formar a pessoa como bons cidadãos, mas também como bons cristãos, filhos de Deus, candidatos à felicidade eterna”, salientou Dom Carlos.

Parcerias e formação de docentes

Dom Carlos Lema, Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade, com participantes do Seminário de Estudos sobre a CF 2022 (foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

Ao tratar da cultura do encontro, o texto-base sublinha o papel da Pastoral da Educação nas dioceses, chamadas a voltar seu olhar para a educação pública. “Atenção, sensibilidade e apoio serão fundamentais, se quisermos ser presença apostólica neste vasto campo, de mais de 42 milhões de estudantes em escolas de educação básica e nas universidades. É necessário apoiar e promover a Pastoral da Educação”, destaca o documento.

Sobre esse aspecto, Dom Carlos partiu da expressão “Igreja em saída”, bastante repetida pelo Papa Francisco, para falar da necessidade de haver a “escola em saída”, isto é, que as instituições de ensino católicas vão ao encontro das escolas públicas para firmar parcerias, apoios.

Sobre a formação dos profissionais da educação, o subsídio da CF 2022 incentiva a criação de parcerias com as instituições de ensino superior que possuem cursos de licenciatura e formação de professores para a inclusão de projetos de extensão para professores. O texto também motiva o apoio à formação continuada dos educadores a partir das propostas do Pacto Educativo Global, envolvendo as secretarias municipais e estaduais da Educação, redes de educação confessional e movimentos de educação comunitária, entre outras iniciativas.

Ensino religioso

Sobre o Ensino Religioso nas escolas, o texto-base recorda que esse tema é contemplado no artigo 210 da Constituição federal e é um componente da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no ensino fundamental.

O subsídio ainda menciona a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que diz: “O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo”.

O texto-base também ressalta que o Acordo Brasil-Santa Sé assegura o Ensino Religioso Católico e de outras confissões religiosas, portanto, podendo haver um modelo “não confessional” e outro confessional, “este segundo os referenciais teológicos da sua tradição religiosa, assegurando a liberdade religiosa”.

Por fim, Dom Carlos Lema salientou que todos os entes da sociedade têm uma parcela de responsabilidade na promoção da educação. “Sabemos que os países que se desenvolveram mais rapidamente nos últimos 20 anos foram aqueles que investiram na educação. Essa é a proposta que a Campanha da Fraternidade 2022 nos faz, para olharmos para a educação”, concluiu.

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