Em São Miguel Paulista, Monsenhor Edilson Silva é ordenado Bispo pelo Cardeal Scherer

‘Confio na graça do Senhor para poder cumprir a missão para a qual Ele mesmo me chamou”, declarou o novo Prelado, que foi nomeado Bispo Auxiliar de São Paulo pelo Papa Francisco em fevereiro

Dom Edilson, à direita do Cardeal Scherer, em foto com bispos coordenantes e concelebrantes de sua ordenação
Luciney Martins/O SÃO PAULO

Em solene celebração eucarística, que lotou a Catedral de São Miguel Arcanjo, na Diocese de São Miguel Paulista, na zona Leste de São Paulo, o Monsenhor Edilson de Souza Silva, 55, foi ordenado Bispo na tarde do domingo, 21, pela imposição das mãos do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo.

Monsenhor Edilson, do clero daquela Diocese, foi nomeado Bispo titular de Badie e Auxiliar de São Paulo pelo Papa Francisco em 21 de fevereiro deste ano. Seu lema episcopal é  “Como aquele que serve” (Lc 22,27).

Foram coordenantes Dom Algacir Munhak, CS, Bispo de São Miguel Paulista; e Dom Manuel Parrado Carral, Bispo emérito da mesma Diocese. Concelebraram outros 18 bispos.

“Estamos felizes neste dia e o acolhemos com muita gratidão a Deus e a São Miguel. Deus continua fazendo maravilhas a favor da sua Igreja e do Seu povo santo”, disse Dom Algacir ao Monsenhor Edilson.  

Dom Odilo, no começo da missa, destacou que a ordenação de um bispo sempre recorda o momento inicial da vida da Igreja, quando Jesus escolheu os apóstolos e depois estes impuseram as mãos sobre outros para que continuassem com a eles a zelar pela missão que receberam de Cristo.

O Arcebispo explicou, ainda, que nesta celebração se invoca o Espírito Santo sobre o eleito, para que o assista, o preencha com seus dons e sabedoria, a fim de que possa ser um bom pastor conforme o coração de Jesus. Recordou, também, que este 4o Domingo da Páscoa é o Domingo do Bom Pastor e pediu aos fiéis que rezassem a Deus pelo ministério dos bispos, dos padres e também pelos religiosos.   

IMAGEM VISÍVEL DO PASTOR BOM

O rito de ordenação começou logo após a proclamação do Evangelho, com a invocação ao Espírito Santo, com o hino Veni Creator Spiritus (Vinde Espírito Criador). Depois, houve a apresentação do eleito ao presidente da celebração e foi lido o decreto do Núncio Apostólico do Brasil, Dom Giambattista Diquattro, que autoriza a realização da ordenação do Monsenhor Edilson e que tome posse do ofício para o qual foi nomeado pelo Papa Francisco.

Na homilia, ao recordar o Domingo do Bom Pastor, o Arcebispo disse que todos devem se alegrar por serem ovelhas do Pastor bom, Jesus Cristo, que por elas luta contra o mal e que morreu para a Salvação da humanidade.

“Monsenhor Edilson, sua ordenação ocorre justamente no Domingo do Bom Pastor. Que bela data! É para que o senhor se lembre sempre do dom que Deus lhe concede com o episcopado: para ser imagem visível do Pastor bom: atento, zeloso, misericordioso e mestre, que também é sacerdote e, por isso mesmo, capaz de oferecer às ovelhas o alimento bom e a agua de salvação”, afirmou.

O Arcebispo de São Paulo também explicou que os apóstolos, para que pudessem dar continuidade à missão que receberam de Jesus de anunciar o Evangelho, santificar o povo e conduzi-lo em um só rebanho, escolheram colaboradores e impuseram-lhes as mãos para conferir o sacramento da Ordem e comunicar o dom do Espírito Santo, sendo os bispos, portanto, os seus sucessores, e em cujo ministério Cristo continua a proclamar o Evangelho e a distribuir os sacramentos da fé. Além disso, pela solicitude paternal do bispo, o Senhor incorpora novos membros à Igreja; e pela sabedoria do bispo, o próprio Cristo conduz os fiéis na peregrinação terrestre até a felicidade eterna.

Dom Odilo também destacou que o bispo é tirado do meio dos homens para se colocar a serviço das coisas de Deus, faz parte do colégio episcopal, e deve se distinguir pelos serviços prestados e não pelas honrarias.

“Vela, pois, sobre todo o rebanho dos fiéis a cujo serviço te coloca o Espírito Santo para reger a Igreja de Deus, em nome do Pai, de quem és a imagem entre os fiéis; em nome do Filho, cuja missão de mestre, sacerdote e pastor exerces; e em nome do Espírito Santo, que dá vida à Igreja de Cristo e fortalece a nossa fraqueza”,  disse o Cardeal ao Monsenhor Edilson na conclusão da homilia.

ORDENAÇÃO

O rito de ordenação teve continuidade com o eleito sendo interrogado por Dom Odilo, diante da assembleia de fiéis, sobre sua fé e manifestando os propósitos de: anunciar o Evangelho com fidelidade; conservar a pureza e a integridade da fé recebida dos apóstolos e transmitida pela Igreja; edificar a Igreja e permanecer a ela unido; obedecer fielmente ao Papa, sucessor de Pedro; cuidar do povo de Deus com a ajuda dos seus colaboradores; mostrar-se afável e misericordioso para com os pobres, peregrinos e necessitados; procurar as ovelhas distantes e conduzi-las ao rebanho do Senhor; orar incessantemente pelo povo de Deus; e desempenhar a missão do sumo sacerdócio.

Na sequência, como sinal da entrega de sua vida a Deus, o eleito se prostrou diante do altar, enquanto foi entoada a Ladainha de Todos os Santos, após a qual passou-se ao momento central da ordenação: a imposição das mãos de Dom Odilo sobre o Monsenhor Edilson, repetindo, assim, o gesto dos apóstolos, por meio do qual lhe foi transmitido o sacramento da Ordem em seu terceiro grau.

Após o Cardeal, os dois bispos coordenantes e os outros 18 prelados concelebrantes impuseram as mãos sobre o Monsenhor Edilson. Seguiu-se, então, a prece de ordenação, feita por Dom Odilo.

“Enviai agora sobre este eleito a força que de vós procede, o Espírito Soberano, que destes ao vosso amado Filho, Jesus Cristo, e Ele transmitiu aos santos Apóstolos, que fundaram a Igreja por toda a parte, como vosso templo, para glória e perene louvor do vosso nome”, rezou o Arcebispo de São Paulo, enquanto o Monsenhor, ajoelhado, tinha sobre sua cabeça o livro dos Evangelhos.

Em seguida, o novo Bispo teve a cabeça ungida com o óleo do Crisma. Depois, recebeu o livro dos Evangelhos, confirmando sua missão de anunciar e ensinar a Palavra de Deus; e as insígnias episcopais, símbolos do exercício do ministério episcopal: o anel, sinal da fidelidade à Igreja; a mitra, símbolo da santidade que deve resplandecer na vida do bispo; e o báculo, sinal do serviço pastoral e cuidado do rebanho do Senhor, servindo-o no amor.

Com o abraço da paz entre o Cardeal Scherer e Dom Edilson o rito de ordenação foi concluído, em meio aos aplausos da assembleia de fiéis.

VOCACIONADO DESDE CRIANÇA

Sisinio de Souza Silva, 86, e Ijaci de Souza Costa, 82, pais do novo Bispo foram os primeiros a quem ele abraçou após o rito de ordenação.

“Foi maior prazer da minha vida ver a ordenação do meu filho. Desde criança, com 3 anos, ele dizia que queria ser padre a gente sempre o apoiou”, contou Sisinio à reportagem.

Dom Edilson nasceu em Caculé (BA), em 11 de setembro de 1968, onde passou os primeiros anos de vida antes de a família mudar-se para São Paulo. E foi lá, quando ele tinha apenas 2 anos, que o Padre VÍtor Coelho, redentorista do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, esteve em missão e fez uma profecia: “Ele pegou meu filho no colo e disse: ´Este aqui vai ser um futuro padre´. Isso ficou na minha memória”, contou Ijaci, emocionada.

‘CONFIO NA GRAÇA DO SENHOR PARA PODER CUMPRIR A MISSÃO’

Por entre os fiéis, pelos corredores da Catedral de São Miguel Arcanjo, Dom Edilson passou para dar sua primeira bênção episcopal, após a Comunhão.

Depois, ouviu uma mensagem de gratidão do clero de São Miguel Paulista por seus 30 anos de dedicação como padre desta Igreja particular – ele foi ordenado sacerdote em dezembro de 1994 -; Também uma palavra de acolhida e de encorajamento de Dom Julio Endi Akamine, Arcebispo de Sorocaba e Presidente do Regional Sul 1 da CNBB; e uma saudação do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, que participou da missa.

Por fim, Dom Edilson agradeceu a Deus, à Virgem Santíssima, a seus pais e seus demais familiares. Expressou gratidão também aos sacerdotes e fiéis com os quais conviveu nestes 30 anos de sacerdócio; a Dom Fernando Legal (in memoriam) que o ordenou diácono e sacerdote; a Dom Manuel Parrado e a Dom Algacir, pelos trabalhos na Diocese de São Miguel Paulista; e a Dom Odilo e aos bispos auxiliares de São Paulo, pela acolhida que recebeu desde que foi nomeado Bispo.

“Foi pela graça de Deus que decidi dar meu sim, para, também, manter-me coerente com o sim no diaconato e no presbiterado. Reconheço minha pequenez, mas confio na graça do Senhor para poder cumprir a missão para a qual Ele mesmo me chamou por meio da Igreja e do Santo Padre, o Papa Francisco”, disse o novo Bispo.

“O dom concedido por Deus é grande, precioso, mas o vaso que eu o carrego é de argila. Assumo mais uma vez, agora no grau do episcopado, a missão de servir. Peço ao Senhor da messe, Pastor do rebanho, que me dê a graça de ter um coração manso e humilde, semelhante ao Dele, e a luz do Espírito Santo para em todos servir amando e amar servindo, com verdade e caridade, e procurando ser justo em tudo. Que Ele me dê a graça de continuar vivendo o lema que já era de minha ordenação presbiteral: ‘Estou no meio de vós como aquele que serve”, concluiu.

Dom Edilson tomará posse do ofício de Bispo Auxiliar de São Paulo em 12 de maio, às 9h, na Catedral da Sé, quando também receberá a provisão como vigário episcopal e vigário-geral.

(Colaborou: Fernando Geronazzo)

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