Em São Paulo, presidente da Itália enaltece as ações do Arsenal da Esperança

‘Vocês fazem um trabalho que é uma lição para a humanidade’, expressou Sergio Mattarella em passagem pela iniciativa católica que acolhe 1,2 mil homens que antes viviam em situação de rua

Fotos: Luca Meola/Arsenal da Esperança

O presidente da República Italiana, Sergio Mattarella, 83 anos, está em visita ao Brasil nesta semana por ocasião das comemorações dos 150 anos da imigração italiana.

A viagem teve início na segunda-feira, 15, em um encontro diplomático com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF). Na ocasião, Mattarellla recebeu a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta condecoração brasileira atribuída a cidadãos estrangeiros.

A passagem do presidente italiano pelo Brasil terminará na sexta-feira, 19, e envolve compromissos também no Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador (BA).

Entre sua agenda de atividades na capital paulista, Mattarella conheceu na manhã da quarta-feira, 17, a sede do Arsenal da Esperança, na Mooca, uma iniciativa católica mantida pelo SERMIG – Fraternidade da Esperança que acolhe diariamente 1,2 mil homens que antes estavam em situação de rua por razões diversas, como a falta de trabalho, de moradia ou de suporte familiar.

Na chegada ao Arsenal, Mattarella foi recepcionado pela presidente do SERMIG, Rosanna Tabasso e pelo Presidente da Associação Assindes SERMIG, Padre Simone Bernardi. A visita também foi prestigiada por autoridades, como o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano; o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes; e o vice-governador do estado de São Paulo, Felício Ramuth.

O presidente da Itália conheceu os diferentes ambientes do Arsenal, como o refeitório, dormitórios e biblioteca, e foi calorosamente saudado pelos atendidos no Arsenal, bem como pelos colaboradores e voluntários. Foi ainda informado sobre os cursos profissionalizantes oferecidos aos acolhidos e o acompanhamento de serviço social a eles ofertado.

RECONHECIMENTO

De acordo com a assessoria de imprensa do Arsenal da Esperança, “o Presidente Mattarella é um grande amigo do fundador do Arsenal da Esperança, Ernesto Olivero. Ao longo dos anos de sua presidência, já visitou os Arsenais da Itália e da Jordânia e agora, durante sua visita institucional ao Brasil, teve a oportunidade de também conhecer o trabalho do Arsenal da Esperança, realizado nestes quase 30 anos na cidade de São Paulo”.

Após percorrer as dependências do Arsenal, Mattarella foi presenteado com lembranças confeccionadas por um dos acolhidos.

Depois, em um breve discurso feito em italiano, ele manifestou ter sido um grande presente poder ter conhecido o Arsenal em São Paulo e parabenizou a todos que se empenham “nesta extraordinária aventura. Obrigado por tudo que fazem aqui”.

“Vocês fazem um trabalho que é uma lição para a humanidade”, prosseguiu Mattarella. “E não há ninguém, nenhuma pessoa, que possa se considerar verdadeiramente perdida”, enfatizou.

Segundo a Embaixada da Itália, dos 35 milhões de descendentes italianos, 13 milhões estão no estado de São Paulo.

‘ACOLHER É A POLÍTICA CERTA’

Em entrevista ao O SÃO PAULO, o Padre Simone Bernardi manifestou ter sido motivo de grande alegria e honra a visita do presidente Mattarella, ocasião que o Sacerdote classificou como “de grande significado e esperança”

“Os 1,2 mil acolhidos do Arsenal da Esperança, os ‘donos da casa’, deram as boas-vindas ao presidente, e isso foi muito significativo, pois a visita de um chefe de Estado numa casa de acolhida diz muitas coisas. Uma delas a importância de sermos pessoas que acolhem os outros”, comentou Padre Simone.

O Sacerdote afirma ter sido marcante a fala do presidente de que ninguém deve ser considerado perdido e que sempre é tempo de arriscar soluções, caminhos possíveis, para que o outro que esteja em sofrimento possa encontrar refúgio e esperança.

“A visita de um presidente, em uma casa de acolhida, no centro de uma metrópole como São Paulo, onde muitas pessoas sofrem, é uma forma de proteger este trabalho e tantos outros de acolhida que a nossa Igreja faz. É, portanto, uma maneira muito delicada, mas, ao mesmo tempo, muito forte, de dizer que acolher é ‘a política certa’, e, assim, fazer com que as constituições dos países sejam verdadeiramente viventes e que não fiquem apenas no papel”, concluiu Padre Simone.

VEJA O VÍDEO SOBRE A VISITA

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