Estoque do ‘kit intubação’ está se esgotando em hospitais filantrópicos e Santas Casas de SP

Levantamento foi divulgado nesta terça-feira, 13, pela Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo (Fehosp); a falta desses medicamentos pode aumentar o número de mortes de pacientes com a COVID-19

Fehosp

O “kit intubação” é composto por anestésicos, sedativos e relaxantes musculares que são itens essenciais para intubar e manter intubado pacientes em estado crítico da COVID-19.

Segundo o levantamento divulgado nesta terça-feira, 13, pela Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo (Fehosp), que conta com cerca de 300 hospitais filantrópicos associados, a situação de desabastecimento desses medicamentos é gravíssima.

Mais de 160 hospitais que responderam ao levantamento da Fehosp apontaram que os estoques dos itens do “kit intubação” devem durar, em média, de três a cinco dias.

Além dos medicamentos do kit – como os bloqueadores neuromusculares Atracúrio e Cisatracúrio, o relaxante muscular Rocurônio, usado para facilitar a intubação, o anticoagulante Henoxaparina e o sedativo Fentanil, entre outros -, foi alertado que os antibióticos também estão ficando escassos.

Na nota de hoje, o presidente da Fehosp, Edson Rogatti, afirmou que a federação está monitorando a situação nas unidades e que ela se agrava diariamente. “Mesmo os hospitais que apontam entre oito e dez dias de estoque, a situação é delicada, pois são hospitais maiores que também recebem grande volume de novas internações a cada dia e, dependendo da região, o estoque cai bruscamente de um dia para o outro”.

Entre os hospitais que operam com estoques que devem durar entre dois e três dias, estão os das cidades de Matão, Guarujá, Votuporanga, Presidente Epitácio, Fernandópolis e Rio Preto. A federação reforça, porém, que a situação em todo o estado é alarmante, sendo raros os hospitais que possuem um estoque que possa durar dez dias.

De acordo com a Fehosp, os hospitais não estão conseguindo fornecedores para atender à demanda.

Rogatti relatou que embora a Secretaria Estadual  da Saúde venha ajudando, o volume de medicamentos ainda não é suficiente. “Estamos batalhando por importações que estão sendo lideradas pela Confederação das Santas Casas, mas os estoques no exterior também não estão disponíveis e tememos pelo pior. Se o volume de internação não cair rapidamente, não conseguiremos repor os estoques e será uma situação trágica”, finalizou a nota.

Por que faltam os medicamentos do “kit intubação”?

O aumento pela demanda desses medicamentos, a escassez de matéria-prima para produção e a elevação dos custos são alguns dos fatores apontados pela Fehosp, em seu site, como responsáveis pelo desabastecimento.

No alerta da federação do dia 25 de março, Rogatti pontuou que “na primeira onda [da doença], a intubação ocorria em 50% a 60% dos casos”. No momento atual, é observado que “100% dos pacientes que necessitam de UTI estão intubados, logo, aumentou de forma considerável o uso desses medicamentos”.

O presidente da federação salientou ainda que os hospitais seguiram atendendo outras demandas, como traumas, oncologia, cardiologia e outros casos de doenças em que os pacientes também precisam de intubação e de UTI. 

“Com o aumento de registros de COVID-19, principalmente que requerem UTI, esses pacientes têm necessidade da utilização em larga escala desses bloqueadores neuromusculares e sedativos, o que está levando a uma escassez. E a escassez é um passo antes do desabastecimento”, acrescentou.

Sobre a produção dos medicamentos, o presidente comentou que, “do lado das indústrias farmacêuticas, os relatos são de que elas também foram surpreendidas com o aumento da demanda dos medicamentos, além da dificuldade para obtenção de matéria-prima para fabricação, que é importada”.

Em relação aos custos elevados dos remédios, a federação citou alguns exemplos, como o relaxante muscular Rocurônio, que em dezembro de 2020 a unidade custava R$ 16,00 e em março foi encontrado por R$ 298,00 alta de 1.762,5%; já o bloqueador neuromuscular Atracúrio 25 mg, passou de R$ 14,30 para R$ 69,00 (+ 382,5%).

Fonte: Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo – Fehosp

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